Parte retirada da obra original em italiano
pelo Missionário e Doutor
Revmo. Bartholomeu do Monte
1910
Eclesiásticos distintos por sua virtude
e ciência fizeram-nos ver a conveniência da publicação da obrinha que hoje
damos à estampa. Merecidamente é ela tida em grandíssima estima lá fora, e
reconhecida a eficácia e solidez com que, em breves e fáceis considerações,
se expõem os principais deveres dos Sacerdotes.
Nunca talvez foi em Portugal tão
desconsiderado o Sacerdote como hoje: sofre guerra atroz duns, ultrajes
doutros, destes desprezo, daqueles indiferença; e, o que pior é, sobre a
Religião recai o desprestígio dos seus ministros. É, pois na época
presente sobremodo árdua, mas igualmente gloriosa, a missão do Padre: tem que
reabilitar-se a si próprio perante a sociedade desdenhosa, e que levantar a
Religião da decadência e abatimento em que por infelicidade se acha; como
escreveu um malogrado talento (Gabriel de Mama Coutinho):
“É necessário que o Padre faça
emudecer as blasfêmias do filósofo racionalista e estanque nos lábios do
literato atrevido o sorriso zombeteiro da impiedade; é necessário que...
obrigue de novo os homens a reconhecerem nele o ungido do Senhor, e na Igreja a
salvação do mundo.”
Mas como há de
conseguir isto? Pela virtude e santidade da vida, pela cultura e poder da
inteligência. O Padre deve ser, segundo o Evangelho, o sal da terra
e a luz do mundo. Se o viver do Sacerdote for irrepreensível, um exemplo
incontrastável de todas as virtudes, as setas envenenadas dos seus inimigos
cair-lhe-ão frias e sem força aos pés, ou reverterão a ferir os mesmos que as
dispararem. Se a ciência do Padre for sólida e variada, os sofismas dos
incrédulos e dos maus serão facilmente pulverizados pela sua palavra verdadeira
e autorizada.
Outros livros se ocupam magnificamente
da instrução do Clero; o presente mira, sobretudo a sua moralização e
santificação. Pela boca do Reverendo Bartholomeu do Monte fala Jesus Cristo
ao coração do Sacerdote, lembrando-lhe as obrigações, do seu santo
ministério: como poderá deixar de essentá-lo e obedecer-lhe?
Refere-se ter
declarado S. José de Cupertino, a um Prelado da Igreja, que o Ofício
divino bem rezado e a devota celebração do santo Sacrifício da Missa era o mais
poderoso meio para a reforma do Clero em tudo e por tudo. Que
é o Sacrifício da Missa?
“Ajuntai os
merecimentos da Augusta Maria, diz Mons. Gaume, as adorações dos Anjos, os
trabalhos dos Apóstolos, os sofrimentos dos Mártires, as austeridades dos
Anacoretas, a pureza das Virgens, as virtudes dos Confessores, numa palavra, as
boas obras de todos os Santos que existiram, existem e hão de existir, desde o
princípio do mundo até a consumação dos séculos; acrescentai-lhes com o
pensamento os merecimentos dos Santos de mil mundos mais perfeitos que o nosso:
é de fé que não tereis o valor duma só Missa.”
E o Sacerdote é o
ministro desse augustíssimo e preciosíssimo Sacrifício! Com que desvelo deve
preparar-se para ele! Com que zelo temeroso deve celebrá-lo!Atendeu-se tambem
neste livrinho a esse importantíssimo objeto; e oxalá se veja duma vez para
sempre desterrado dos nossos Altares esse horrendo abuso, talvez o mais digno
de chorar-se, de celebrar tão desatenta e precipitadamente o mais alto e
tremendo dos mistérios da Religião.
O nosso supremo desejo é ver a Religião
exaltada, e o Sacerdócio respeitado; e exultaremos de júbilo, se com as nossas
minguadas forças concorrermos, pouco que seja, para que esses grandes fins se
consigam. Permita Deus que os nossos esforços sejam coroados de feliz
resultado!
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