Já sabemos que na noite anterior à Sua
morte Ele instituiu este sacramento de amor e depois de ter dado Seu corpo aos
discípulos, disse-lhes — e na pessoa deles a nós todos — que ao receberem a
santa comunhão se recordassem do quanto Ele por nós padeceu: “Todas as vezes
que comerdes deste pão e beber de deste cálice, anunciareis a morte do Senhor”
(1Cor 11,26). Por isso a santa Igreja, na missa, depois da consagração , ordena
ao celebrante que diga em nome de Jesus Cristo: “Todas as vezes que fizerdes
isto, fazei-o em memória de mim”. E S. Tomás escreve: “Para que
permanecesse sempre viva entre nós a memória de tão grande benefício, deixou
Seu corpo para ser tomado como alimento” (Op. 57). E continua o santo a
dizer que por meio de um tal sacramento se conserva a memória do amor
imenso que Jesus Cristo nos demonstrou na Sua Paixão.
Se alguém padecesse por seu amigo
injúrias e ferimentos e soubesse que o amigo, quando se falava sobre tal
acontecimento nem sequer nisso queria pensar e até costumava dizer: falemos de
outra coisa — que dor não sentiria vendo o desconhecimento de um tal ingrato?
Ao contrário, quanto se consolaria se soubesse que o amigo reconhece dever-lhe
uma eterna obrigação e que disso sempre se recorda e se lhe refere sempre com
ternura e lágrimas? Por isso é que todos os santos, sabendo a satisfação
que causa a Jesus Cristo quem se recorda continuamente de Sua Paixão, estão
quase sempre ocupados em meditar as dores e os desprezos que sofreu o
amantíssimo Redentor em toda a Sua vida e particularmente na Sua morte.
S. Agostinho escreve que as almas não
podem se ocupar com coisa mais salutar que meditar cotidianamente na Paixão do
Senhor. Deus revelou a um santo anacoreta que não há exercício mais próprio
para inflamar os corações com o amor divino do que o meditar na morte de Jesus
Cristo. E a S. Gertrudes foi revelado, segundo Blósio, que todo aquele que
contempla com devoção o crucifixo é tantas vezes olhado amorosamente por Jesus
quantas ele o contempla.
Ajunta Blósio que o meditar ou ler
qualquer coisa sobre a Paixão traz-nos maior bem que qualquer outro exercício de
piedade. Por isso escreve S. Boaventura: “A paixão amável que diviniza quem
a medita” (Stim. div. amor. p. 1. c. 1). E falando das chagas do
crucifixo, diz que são chagas que ferem os mais duros corações e inflamam no
amor divino as almas mais geladas.
(A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - volume I, Santo
Afonso Maria de Ligório)
COMO COMPREENDERMOS A LOUCURA DA CRUZ? O DOCE E PROFUNDO MISTÉRIO DE UM FILHO DE DEUS À MERCE DOS PECADORES, PARA SALVÁ-LOS... HAVERIA CRISTIANISMO SEM A MORTE E RESSURREIÇÃO DO INSONDÁVEL EMANUEL?
ResponderExcluirTIA ROSE