Das Cartas de São Maximiliano Maria
Kolbe
(O. Joachim Roman
Bar, O.F.M. Conv., ed. Wybór Pism, Warszawa 1973, 41-42;226)
(Séc.XX)
Muito me alegra, caro irmão, o zelo que
te inflama na promoção da glória de Deus. Pois observamos com tristeza, em
nossos tempos, não só entre os leigos, mas também entre os religiosos, a doença
quase epidêmica que se chama indiferentismo, que se propaga de várias formas.
Ora, como Deus é digno de infinita glória, nosso primeiro e mais importante
ideal deve ser, com nossas exíguas forças, lhe darmos o máximo de glória,
embora nunca possamos dar quanto de nós, pobres peregrinos, ele merece.
São Maximiliano Maria Kolbe |
Como a glória de Deus resplandece
principalmente na salvação das almas que Cristo remiu com seu próprio sangue, o
desejo mais elevado da vida apostólica será procurar a salvação e santificação
do maior número possível. E quero brevemente dizer-te qual o melhor caminho para
este fim, isto é, para conseguir a glória divina e a santificação de muitas
almas. Deus, ciência e sabedoria infinita, sabendo o que, de nossa parte, mais
contribui para aumentar sua glória, manifesta-nos a sua vontade, sobretudo
pelos seus ministros na terra.
É a obediência, e ela só, que nos
indica a vontade de Deus com evidência. O superior pode errar, mas não é
possível que nós, ao seguirmos a obediência, sejamos levados ao erro. Só poderia
haver uma exceção se o superior mandasse algo que incluísse – mesmo em grau mínimo
– uma violação da lei divina; pois, neste caso, o superior não seria fiel
intérprete de Deus.
Só Deus é infinito, sapientíssimo,
santíssimo e clementíssimo, Senhor, Criador e Pai nosso, princípio e fim,
sabedoria, poder e amor; tudo isso é Deus. Tudo que não seja Deus só vale enquanto
se refere a ele, Criador de tudo e Redentor dos homens, último fim de toda a
criação. É ele que nos manifesta a sua adorável vontade por meio daqueles que o
representam, e nos atrai a si, querendo, deste modo, atrair por nós outras
almas, unindo-as a si em amor cada vez mais perfeito.
Vê, irmão, quão grande é, pela
misericórdia divina, a dignidade de nossa condição! Pela obediência com que
ultrapassamos os limites de nossa pequenez e conformamo-nos à vontade divina,
que nos dirige com sua infinita sabedoria e prudência, a fim de agirmos com
retidão. Pode-se até dizer que, seguindo assim a vontade de Deus à qual nenhuma
criatura pode resistir nos tornamos mais fortes que tudo.
São Maximiliano Maria Kolbe |
Esta é a vereda da sabedoria e da
prudência, este é o único caminho pelo qual possamos dar a Deus maior glória.
Pois, se existisse caminho diferente e mais alto, certamente Cristo no-lo teria
manifestado com sua doutrina e exemplo. Ora, a divina Escritura resumiu a sua
longa permanência em Nazaré com estas palavras: E era-lhes submisso (Lc
2,51), como nos indicou toda a sua vida ulterior sob o signo da obediência,
mostrando que desceu à terra para fazer a vontade do Pai.
Amemos por isso, irmão, amemos
sumamente o amantíssimo Pai celeste, e deste amor seja prova a nossa
obediência, exercida em grau supremo quando nos exige o sacrifício da própria vontade.
Não conhecemos, para progredir no amor a Deus, livro mais sublime que Jesus
Cristo crucificado.
Tudo isso conseguiremos mais facilmente
pela Virgem Imaculada, a quem a bondade de Deus confiou os tesouros da sua
misericórdia. Pois não há dúvida que a vontade de Maria seja para nós a própria
vontade de Deus. E, quando nos dedicamos a ela, tornamo-nos em suas mãos como
instrumentos, como ela própria, nas mãos de Deus. Portanto, deixemo-nos dirigir
por ela, ser conduzidos por ela, e sejamos calmos e seguros por ela guiados:
pois cuidará de nós, tudo proverá e há de socorrer-nos prontamente nas
necessidades do corpo e da alma, afastando nossas dificuldades e angústias.
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