Caríssimos leitores, segue abaixo a carta
pública escrita pelo Pe. Anderson Alves (Diocese de
Petrópolis-RJ) e endereçada ao STF, por ocasião
da votação que ocorre hoje. Queremos agradecer ao jovem Anderson Seifert por nos enviar esta postagem.
Prezados senhores ministros,
![]() |
Padre Anderson Alves |
Gostaríamos de lembrar aos
senhores que mais de 82% da população brasileira é contrária à prática do
aborto no Brasil. Além disso, os senhores não foram eleitos pelos brasileiros,
mas sim colocados como ministros por indicação presidencial, presidente esta
que se declarou várias vezes favorável ao aborto. Temos a sensação de que como
nem por referendo, nem através do poder legislativo (Congresso e Senado) tal
prática seria aprovada, a única via possível foi através do poder judiciário.
Sabemos bem que, de acordo com o que está escrito na nossa Constituição, esse não
pode legislar. Tememos que os senhores ministros mais uma vez atuem de forma
contrária ao posto na nossa Constituição, em vistas de um suposto “espírito da
lei” ou de uma “extensão dos direitos humanos” a pessoas desprotegidas. A
conduta do STF tem sido classificada por muitos como “ativismo jurídico”;
entretanto, há vozes que a qualificam como uma forma explícita de “niilismo
jurídico”, ou seja, de negação de que o Direito Positivo tenha fundamentos no
Direito Natural. Há ainda outros teóricos que observam uma mera posta em
prática por todos os meios possíveis da vontade de “multinacionais da morte”,
como a Fundação Ford, a IPPF e outros na América Latina, que visam impor nos
nossos países legislações de controle de natividade por qualquer meio possível,
inclusive contrariando a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (de
1948), o texto da Nossa Constituição, o Tratado de Costa Rica e a imensa
vontade popular. Há quem qualifique dita postura como “terrorismo jurídico”, no
qual são impostos à imensa maioria dos cidadãos brasileiros o silêncio e a
impossibilidade de se manifestarem.


Infelizmente, a maioria dos
brasileiros não pode participar nessa decisão, esse poder nos foi negado e está
exclusivamente nas mãos dos senhores decidir. Nós, povo brasileiro, não nos
calamos antes dessa decisão e não nos calaremos depois dela. Continuaremos
mobilizando a nossa população para exigir do nosso Governo políticas dignas que
promovam um Sistema de Saúde decente, defensor e promotor da vida humana e
estaremos educando a juventude sobre os riscos e os sofrimentos causados pelo
aborto, que sempre destrói ao menos duas vidas: fisicamente a do filho (ainda
que haja quem queira chamar somente de “feto” ou de “embrião) e moralmente a da
mãe. Ao mesmo tempo, estaremos exigindo um genuíno respeito pelo texto da nossa
Constituição, pela autêntica divisão de poderes no Brasil, pela verdadeira
participação democrática. Nosso trabalho buscará ainda a formação dos mais
jovens, de modo a educá-los para uma verdadeira responsabilidade nas suas
relações interpessoais e familiares, de modo que não tenham que jamais pensar
em praticar o aborto. Um governo responsável deveria investir nisso e não
conformar-se com o dar a morte aos pobres e inocentes.
A despenalização da prática
equivalente ao aborto desses seres humanos seria extremamente injusta porque
negaria a essas o direito à vida. Além disso, poderia ser terrível para nossa
população devido ao valor pedagógico das leis. O dito ato poderia aparentar a muitos
uma radical banalização da vida humana. O povo brasileiro não quer isso.
Pedimos, pois, vossa atenta
consideração à vontade do povo brasileiro e aos argumentos que as mesmas
ciências médicas e bioéticas nos ensinam. Pedimos ao senhores uma atenta consideração
aos dados reais da medicina e aos casos reais de famílias que no Brasil sofrem
com o problema. A decisão dos senhores no próximo dia 12 marcará uma etapa nova
da História do nosso País. Esperamos que seja positivamente, que nosso País
possa continuar sendo reconhecido como um dos que mais amam e defendem a vida
dos seres humanos mais indefesos e que se preocupam com o direito humano de
todos, não somente dos mais fortes.
Agradecemos sinceramente a
vossa atenção e esperamos uma afirmação incondicional dos senhores do valor de
toda vida humana.
Indicamos-lhes um texto
científico sobre o tema. E casos reais de famílias que acolheram a vida de
crianças portadoras de anencefalia.
Atenciosamente,
Padre
Anderson Alves
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário ou pergunta!