Em vários países da África e do Oriente Médio, a
cristofobia é uma realidade dramática, que faz — atenção! — milhares de
vítimas. Hoje, com absoluta certeza, muitas pessoas foram assassinadas apenas
porque são… cristãs. E, no entanto, isso se dá sob o silêncio cúmplice da
Organização das Nações Unidas e das democracias ocidentais.
Curiosamente, ou nem tanto, boa parte dos
intelectuais do Ocidente, especialmente os da esquerda europeia, discutem a
“islamofobia”. Onde mesmo o Islã é perseguido hoje em dia??? As restrições
impostas, por exemplo, na França a símbolos religiosos — a famosa questão do
véu — valem também para os cristãos, proibidos de ostentar crucifixos em
escolas.
O mais espantoso é constatar que a cristofobia está
hoje entranhada no Ocidente. No Brasil também! Ontem, todos os votos dos
ministros do Supremo — a exceção foi Ricardo Lewandowski! — procuraram
descaracterizar o cristianismo como um conjunto de valores que concentra
valores fundamentais do humanismo.
Encantados com a retórica antirreligiosa e no afã
de declarar a laicidade do estado (como se alguém a estivesse contestando),
aqueles que ontem formaram a maioria acabaram votando, na prática, pela
descriminação do aborto, livre de qualquer restrição. Havia ali uma mais do que
clara tentação de declarar “quando começa a vida”. E, NO ENTANTO, ISSO
NÃO ESTAVA EM DEBATE.
Tenho notado um crescente movimento nesta direção:
para desqualificar um adversário e não responder a suas eventuais ponderações,
basta acusá-lo de “religioso”. Até agora, não vi uma resposta eficiente a uma
questão que me parece central no debate: qual é o mínimo de vida fora do útero
materno que se considera razoável para não matar o feto? “Ah, não me venha com
sua crença!” O que há de religioso na minha pergunta?
Não, senhores! A questão não é “apenas” religiosa,
não! Estamos escolhendo em que sociedade queremos viver e decidindo o que é e o
que não é moralmente legítimo fazer com o humano. Desprezar como “coisa da
religião” os valores cristãos num debate como esse corresponde, aí sim, ao
triunfo de um fundamentalismo. Sim, eu estou empenhado em algumas causas que
considero justas e humanas. Uma delas é combater, por exemplo, a crescente
popularização de teses eugênicas sob o pretexto de que não se pode impor
sofrimento às famílias e às crianças por nascer.
Infelizmente, a cristofobia chegou também ao
Supremo. A separação — que ninguém questiona — entre Igreja e Estado e a
laicidade desse estado estão sendo usadas como pretexto para desqualificar
qualquer óbice moral — por mais legítimo que seja — aprensetado pelos cristãos,
como se as religiões concentrassem apenas valores ligados à fé e ao mundo
transcendental e não trouxessem consigo um razoável estoque de valores humanistas.
PS - Neste momento, Celso de Mello faz uma defesa
enfática justamente da laicidade do estado. Contra quem? Espero que não comece
a defender, daqui a pouco, a República, o heliocentrismo e a validade da Lei da
Gravidade. O estado laico nunca esteve sob risco ou ameaça. O que está é a
pluralidade, uma vez que há espécie de movimento para considerar a
religiosidade não mais do que um conjunto de superstições. E isso é nada menos
do que vigarice intelectual disfarçada de ilumismo.
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