Da Redação, com CNBB
O presidente da Comissão
Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB, Dom João Carlos Petrini,
bispo de Camaçari (BA), concedeu, recentemente, uma entrevista ao jornal “O São
Paulo”, na qual fala sobre a ação de despenalização do aborto de anencéfalos,
que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará nesta quarta-feira, 11, em
Brasília.
Dom João Carlos Petrini |
Segundo Dom Petrini, o nascimento
de uma criança portadora de anencefalia é um “drama” para a família e,
especialmente para a mãe, mas afirma não ser justo não considerar o direito de
nascer dessa criança.
“É justo pensar a formas de
ajuda, de apoio, de manifestação de solidariedade com a mãe para que ela não se
sinta sozinha para enfrentar esse drama. Persuadi-la que o melhor é abortar o
seu filho, revestindo de legalidade o ato de eliminar o filho-problema não é a
melhor resposta, não usa plenamente a razão porque não leva em consideração
todos os fatores presentes: Não considera o drama que acompanhará aquela mulher
pela incapacidade de acolher o seu bebê e pela decisão de expulsá-lo de seu ventre.
Não considera o direito do filho a nascer. A objeção de que é destinado a
morrer em breve tempo não procede. Por acaso há alguém que nasce e não tem como
última meta a morte? Podendo prever a morte daqueles que não chegam à
maturidade, iríamos eliminá-los também? Quem pode determinar o prazo mínimo
para que uma vida humana seja acolhida?”, disse Dom Petrini.
Ao ser questionado se uma
eventual despenalização do aborto de anencéfalos, por parte do STF, poderia
abrir precedentes para outras flexibilizações do aborto, Dom João Carlos
Petrini afirmou que alguns princípios constituem como “colunas” que sustentam a
vida social.
“Uma vida inocente não pode ser
negociada no mercado, nem nos parlamentos e nem nos tribunais. Abrindo exceção
a esse princípio, abre-se uma brecha não só na lei e na prática do aborto, mas
na consciência das pessoas: entende-se que uma vida que traz problemas pode ser
eliminada. Uma lei ou a sentença de um Tribunal não só regulamenta um tema
problemático, mas tem um extraordinário poder de formar a consciência coletiva.
A recente difusão da violência no Brasil está certamente associada a estas
brechas”, destacou.
“A Comissão Episcopal Pastoral
para a Vida e a Família espera dos cristãos uma postura mais clara e explícita
de valorização da vida humana desde a concepção até a morte natural, dando
testemunho que os possíveis dramas, quando abraçados com amor, tornam-se fonte
de maturidade, riqueza humana extraordinária. Não fugir do drama, mas abraçá-lo
é o caminho de uma dignidade e de uma grandeza humanas sem comparação. Esta
postura, na contramão da cultura da banalidade hoje dominante que desvaloriza
tudo, inclusive uma vida humana em formação no ventre materno, pode documentar
que a morte não é solução, e que maior que a morte é o amor de Cristo que a
venceu. Disso nós somos testemunhas”, finalizou Dom Petrini, deixando uma
mensagem aos cristãos.
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