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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Maria engrandece o Senhor que age nela, das Homilias de São Beda

Das Homilias de São Beda, o Venerável, presbítero
(Lib. 1,4: CCL 122,25-26.30)
(Séc.VIII)


Maria engrandece o Senhor que age nela


Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida, enumera os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano.
 
Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina.

Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna. Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a mais plena ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria.


Com toda razão pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor.

O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes.
São Beda, o Venerável, presbítero

Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor, ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras, que pela fé em Deus e pela invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador.

Por isso, se introduziu na liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar, de cantarem todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis, recordando frequentemente o mistério da encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora das Vésperas, para que nossa mente fatigada e distraída ao longo do dia por pensamentos diversos encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo do repouso.

Sobre a realeza de Maria e a instituição da sua festa

CARTA ENCÍCLICA DO PAPA PIO XII
AD CAELI REGINAM
SOBRE A REALEZA DE MARIA
E A INSTITUIÇÃO DA SUA FESTA

Aos veneráveis irmãos Patriarcas, Primazes,
Arcebispos e bispos e outros Ordinários do lugar,
em paz e comunhão com a Sé Apostólica

INTRODUÇÃO

1. Desde os primeiros séculos da Igreja católica, elevou o povo cristão orações e cânticos de louvor e de devoção à Rainha do céu tanto nos momentos de alegria, como sobretudo quando se via ameaçado por graves perigos; e nunca foi frustrada a esperança posta na Mãe do Rei divino, Jesus Cristo, nem se enfraqueceu a fé, que nos ensina reinar com materno coração no universo inteiro a Virgem Maria, Mãe de Deus, assim como está coroada de glória na bem-aventurança celeste.

2. Ora, depois das grandes calamidades que, mesmo à nossa vista, destruíram horrivelmente florescentes cidades, vilas e aldeias; diante do doloroso espetáculo de tantos e tão grandes males morais, que transbordam em temeroso aluvião; quando vacila às vezes a justiça e triunfa com freqüência a corrupção; neste incerto e temeroso estado de coisas, sentimos nós a maior dor; mas ao mesmo tempo recorremos confiantes à nossa rainha, Maria santíssima, e patenteamos-lhe não só os nossos devotos sentimentos mas também os de todos os fiéis cristãos.

3. É grato e útil recordar que nós próprios - no dia 1° de novembro do ano santo de 1950, diante de grande multidão formada de cardeais, bispos, sacerdotes e simples cristãos, vindos de toda a parte do mundo - definimos o dogma da assunção da bem-aventurada virgem Maria ao céu(1), a qual presente em alma e corpo, reina entre os coros dos anjos e santos, juntamente com o seu unigênito Filho. Além disso - ocorrendo o primeiro centenário da definição dogmática do nosso predecessor de imortal memória Pio IX, que proclamou ter sido a Mãe de Deus concebida sem qualquer mancha do pecado original - promulgamos,(2) com grande alegria do nosso coração paterno, o presente ano mariano; e vemos com satisfação que não só nesta augusta cidade - especialmente na Basílica Liberiana, onde inumeráveis multidões vão testemunhando bem claramente a sua fé e ardente amor a Mãe do céu - mas em todas as partes do mundo a devoção à virgem Mãe de Deus refloresce cada vez mais, ocorrendo grandes peregrinações aos principais santuários de Maria.
4. Todos sabem que nós, na medida do possível - quando em audiências falamos aos nossos filhos, ou quando, por meio das ondas radiofônicas, dirigimos mensagens ao longe - não deixamos de recomendar, a quantos nos ouviam que amassem, com amor terno e filial, tão boa e poderosa Mãe. A esse propósito, recordamos em especial a radiomensagem que endereçamos ao povo português, por motivo da coroação da prodigiosa imagem de nossa Senhora de Fátima (3), que chamamos radiomensagem da "realeza" de Maria.(4)

5. Portanto, como coroamento de tantos testemunhos deste nosso amor filial, a que o povo cristão correspondeu com tanto ardor, para encerrar com alegria e fruto o ano mariano que se aproxima do fim, e para satisfazer aos insistentes pedidos, que nos chegaram de toda a parte, resolvemos instituir a festa litúrgica da bem-aventurada rainha virgem Maria.

6. Não é verdade nova que propomos à crença do povo cristão, porque o fundamento e as razões da dignidade régia de Maria encontram-se bem expressos em todas as idades, e constam dos documentos antigos da Igreja e dos livros da sagrada liturgia.

7. Queremos recordá-los na presente encíclica, para renovar os louvores da nossa Mãe do céu e avivar proveitosamente na alma de todos a devoção para com ela.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Orações à Santa Joana D'Arc

Ó Santa Joana Darc, vós que, cumprindo a vontade de Deus, manifestada por vozes de anjos, de espada em punho, lançastes à luta, por Deus e pela Pátria, ajudai-me a perceber, no meu íntimo, as inspirações de Deus. Com o auxílio da vossa espada, fazei recuar os meus inimigos que atentam contra a minha fé e a Minha Pátria. Santa Joana Darc, ajudai-me a vencer as dificuldades no lar, no emprego, no estudo e na vida diária. Que nem opressões, nem ameaças, nem processos, nem mesmo a fogueira me obriguem a recuar, quando estou com a razão e a verdade. Santa Joana Darc, iluminai-me, guiai-me, fortalecei-me, defendei-me, Amém! 

Ó Deus, que nos alegrais com a comemoração de Santa Joana Darc, concedei que sejamos ajudados pelos seus méritos e iluminados pelos seus exemplos de castidade e fortaleza. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém! 

Concedei-me, ó Pai, a coragem e o espírito de luta e sacrifício de vossa serva Joana Darc, a fim de que, pelo seu exemplo e fidelidade, seja eu também um soldado da causa do Evangelho. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Estudo sobre o Santo Rosário - 8ª Parte e ultima destas postagens

As Indulgências. 

8ª Parte - Ultima 

Devoção tão recomendada pelos Papas e tão aprovada pela Igreja, é o Rosário da Virgem Santíssima cumulado de indulgências. 


Indulgência é uma remissão da pena temporal dos pecados. Com a confissão que fazemos de nossos pecados, somos perdoados de nossas culpas, mas permanecem as penas temporais devidas ao pecado. 


O cumprimento da penitência imposta pelo sacerdote, após a absolvição, satisfaz parcialmente as penas temporais. Os sofrimentos que padecemos ajudam também a pagar tais penas. Contudo podem ainda aliviar as penas temporais as indulgências que a Igreja concede às almas em estado de graça, pelos méritos de Nosso Senhor e de Sua Santíssima Mãe e dos santos.


Mas as indulgências são concedidas, sob certas condições, por determinados atos de piedade.Um deles é a recitação do Rosário. Quando o rezamos em igreja, em oratório público ou em família, ou ainda em comunidade religiosa, lucramos uma indulgência plenária (libera no todo a pena temporal), e quando rezamos o Rosário em outras circunstâncias, lucramos indulgência parcial (libera em parte a pena). 

Mesmo rezando apenas um Terço do Rosário podemos lucrar a indulgência plenária, mas as cinco dezenas devem ser recitadas (oração vocal) sem interrupção e meditando (oração mental) cada um dos cinco mistérios. 

Nossa Senhora do Rosário, terror dos demônios.

Por imposição de Deus, o próprio demônio, em algumas circunstâncias, foi obrigado a confessar — muito a contragosto em alguns exorcismos... — que a Santíssima Virgem era sua maior inimiga, pois Ela conseguia salvar almas que estavam já em suas garras, praticamente condenadas ao inferno. 

Nossa Senhora é o Terror dos demônios, Aquela que esmaga a cabeça da serpente infernal, como é representada em muitas de suas imagens – na Medalha Milagrosa, por exemplo. Em seu famosíssimo Tratado da Verdadeira Devoção, São Luís Maria Grignion de Montfort escreve: "Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio”. 

E, ainda nesse mesmo sentido: “Armai-vos, pois, com estas armas de Deus, armai-vos do santo Rosário e esmagareis a cabeça do demônio, e vivereis tranqüilos contra todas suas tentações. Daí vem que o Rosário, mesmo o objeto material, seja tão terrível ao diabo, que os Santos se tenham servido dele para encadear o demônio e expulsá-lo do corpo dos possessos, segundo testemunham várias histórias”. 

De onde se vê que é excelente ter sempre consigo o Terço no bolso, durante o dia, e à noite ao pescoço ou sob o travesseiro. 

 Uma arma por excelência da vitória sobre o mal.

 
Depois da Santa Missa o Rosário é a arma secreta mais poderosa que Deus coloca nas mãos de seus fiéis soldados, na luta contra Satanás e seus sequazes que andam pelo mundo para perder as almas. Esta poderosíssima arma está à disposição de todos os católicos devotos do Rosário da Santíssima Virgem. Com ela receberemos proteção nos assaltos do demônio e estaremos prontos a enfrentar todas as dificuldades desta vida. 
Quem nos garante isto é o próprio São Luís Grignion de Montfort: 

Ainda que vos encontrásseis à beira do abismo ou já tivésseis um pé no inferno; ainda que tivésseis vendido vossa alma ao diabo, ainda que fôsseis um herege endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde vos converteríeis e salvaríeis, desde que (vos repito, e notai as palavras e os termos de meu conselho) rezeis devotamente todos os dias o Santo Rosário até a morte, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de vossos pecados”. 

Benefícios e graças que podemos conseguir rezando o Santo Rosário com a meditação dos mistérios:

v Eleva-nos insensivelmente ao perfeito conhecimento de Jesus Cristo; 
v  Purifica nossas almas do pecado; 
v  Permite-nos vencer a nossos inimigos; 
v  Facilita-nos a prática das virtudes; 
v Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo; 
v  Habilita-nos a pagar nossas dívidas para com Deus e os homens; 
v Por fim, obtém-nos de Deus toda espécie de graças. 

São Luís Grignion de Montfort 

(Obras de San Luis Maria Grignion de Montfort, El secreto admirable del Santissimo Rosario, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1954, p. 353). 

A Virgem Santíssima em Fátima e o pedido ao Santo Rosário. 

Quando Lúcia perguntou à Santíssima Virgem, na aparição de 13 de outubro de 1917, em Fátima, o que desejava, Ela respondeu: 
 
“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra; que sou a Senhora do Rosário; que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias”. 

“Rezar o Terço todos os dias” — Que conselho mais excelente que este? Que criatura mais elevada que a Virgem Santíssima poderia transmiti-lo? Sendo que a própria Mãe de Deus – e também nossa Mãe – nos faz esse pedido, como poderemos recusá-lo? Impossível seria! Atendendo-A, seremos atendidos e alcançaremos todas as graças que suplicarmos com fé e confiança. 

Em várias outras aparições Nossa Senhora recomendou a devoção ao Rosário, mas especialmente em Fátima Ela insistiu nessa prática mariana como meio para se obter a conversão do mundo. 

Apresentando-se como a Senhora do Rosário, Ela veio alertar o mundo para os terríveis castigos que ocorreriam caso não se desse uma conversão geral; caso os homens não deixassem de ofender a Deus com seus pecados e não houvesse uma reparação por esses pecados. 

Isto se passou no início do século XX. Neste início do século XXI, quem se atreveria a dizer que tais pedidos foram atendidos? Claro que ninguém! Basta olhar um pouco em torno de nós, para ver justamente o contrário: a decadência moral acentua-se dia a dia; os Mandamentos de Deus são abandonados; os pecados aumentam; as ofensas a Nosso Senhor tornam-se ainda mais agressivas. Basta abrir os jornais, para constatar a alarmante dissolução da família, as modas imorais, o nudismo, o aborto, a prostituição, as drogas, etc. 

Em vista disso, a Senhora de Fátima pede-nos “oração, penitência e reparação”. Insiste na recitação diária do Rosário, para a conversão das almas pecadoras e do mundo.


Fim deste estudo 

sábado, 26 de maio de 2012

Sermão Sobre Pentecostes por São Leão Magno

São Leão Magno

São Leão Magno
Nasceu na Toscana, por volta do ano 400. Teólogo excelente, aprofundou sobretudo o mistério da encarnação de Cristo. Eleito bispo de Roma em 440, é considerado um dos papas mais eminentes da Igreja dos primeiros séculos. Assumiu o governo da Igreja de Roma numa época de grandes dificuldades políticas e religiosas. Contribuiu a preservar a integridade da fé, defendendo a unidade da Igreja. Deixou escrito 96 sermões e 173 cartas e numerosas homilias que chegaram até nós. Para salvar Roma das pilhagens dos bárbaros, não se intimidou em enfrentar Genserico e Átila, debelando assim o perigo que parecia irreversível. Morreu no dia 10 de novembro de 461. No Calendário da Igreja Ortodoxa sua Festa é celebrada em 18 de Fevereiro.

«Sermão Sobre Pentecostes»

Todos os corações sabem, caríssimos, que a solenidade de hoje deve ser celebrada como uma das festas mais importantes. Ninguém ignora ou contesta a reverência com que se deve festejar este dia, consagrado pelo Espírito Santo com o milagre excelente de seu dom. Sendo, na verdade, o décimo dia depois daquele em que o Senhor subiu ao céu, para se assentar à direita de Deus, refulge como o dia quinquagésimo após a sua Ressurreição, e traz em si grandes mistérios, referentes a antigos e novos sacramentos, na mais clara manifestação de que a Graça foi prenunciada pela Lei e a Lei cumprida pela Graça. Sim, do mesmo modo como outrora, no monte Sinai, a Lei fora dada ao povo hebreu, libertado dos egípcios, no dia quinquagésimo após a imolação do cordeiro, assim também, após a Paixão de Cristo, imolação do verdadeiro Cordeiro de Deus, é no quinquagésimo dia desde sua Ressurreição que se infunde o Espírito Santo nos apóstolos e na multidão dos fiéis. O cristão diligente facilmente vê como os inícios do Antigo Testamento serviram aos primórdios do Evangelho, e como a segunda Aliança foi criada pelo mesmo Espírito que instituiu a primeira.
 
Com efeito, diz a narrativa dos apóstolos:

"Como se completassem os dias de Pentecostes e estivessem todos os discípulos juntos no mesmo lugar, repentinamente se fez ouvir do céu um ruído como o de vento que soprava impetuosamente, e encheu toda a casa onde estavam. Apareceram-lhes então como línguas de fogo, que se puseram sobre cada um deles; e todos ficaram cheios do Espírito Santo, começando a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia falarem" 1.

É veloz a palavra da Sabedoria, e onde Deus é o Mestre quão rapidamente se aprende a doutrina! Não houve necessidade de interpretação para o entendimento, não houve aprendizado, não houve prazo para estudo, mas, assim que o Espírito da verdade soprou como quis, as línguas particulares dos diversos povos se tornaram comuns na boca da Igreja.

A partir desse dia ressoou a trombeta da pregação evangélica. A partir desse dia as chuvas de graças, os rios das bênçãos irrigaram todos os desertos e a terra inteira, pois a fim de renovar sua face "o Espírito de Deus pairava sobre as águas"2. E, para a expulsão das trevas de antes, coruscavam os relâmpagos da nova Luz no esplendor das línguas flamejantes. Assim se manifestava a luminosa e ígnea palavra do Senhor, dotada da eficácia de iluminar e da força de abrasar, necessárias ao entendimento e à destruição do pecado.

Porém, caríssimos, embora tenha sido admirável a própria aparência desses acontecimentos e não haja dúvida de que a majestade do Espírito Santo tenha estado presente à harmonia exultante das vozes humanas, não se pense que apareceu a sua divina essência naquilo que se mostrou aos olhes corporais. A natureza invisível e comum ao Pai e ao Filho manifestou a qualidade de seu dom e de sua obra por meio do sinal de santificação que bem lhe aprouve, mas conteve em sua divindade a propriedade de sua essência.

Assim como a visão humana não pode perceber o Pai e o Filho também não percebe o Espírito Santo. Na Trindade, com efeito, nada é dissemelhante, nada é desigual, e todas as coisas que se possam pensar a respeito dessa substância não se distinguem pela excelência, pela glória ou pela eternidade. É verdade que, conforme as propriedades das Pessoas, um é o Pai, outro o Filho, outro o Espírito Santo, mas não há divindade diferente, natureza distinta. Assim como o Filho precede do Pai, igualmente o Espírito Santo é Espírito do Pai e do Filho. Não como as criaturas, que são também do Pai e do Filho, mas como alguém que, como ambos, vive, é poderoso e existe eternamente, desde que existem o Pai e o Filho. Por essa razão o Senhor, quando prometeu a vinda do Espírito Santo aos discípulos, antes do dia da Paixão, disse:

"Ainda muitas coisas vos tenho a dizer: quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá para toda a verdade. Pois não falará de si mesmo, mas falará o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que deverão suceder. Tudo o que o Pai tem é meu; per isto disse que receberá do que é meu e vos anunciará"3.

O Pai, portanto não tem algo que não o tenham o Filho ou o Espírito Santo. Tudo o que tem o Pai, tem o Filho e tem o Espírito Santo. Nunca faltou na Trindade essa perfeita comunhão; nela são uma mesma coisa "tudo possuir" e "sempre existir". Não imaginemos sucessão de tempo na Trindade, não imaginemos gradações ou diferenças. Se, de um lado não se pode explicar o que Deus é, de outro não se ouse afirmar o que Deus não é. Seria melhor deixar de discorrer sobre as propriedades da natureza inefável de Deus, do que afirmar o que não lhe convém. O que concebem, pois, os corações piedosos a respeito da glória eterna e imutável do Pai, entendam-no ao mesmo tempo do Filho e do Espírito Santo, de um modo inseparável e sem diferença. Nossa confissão é ser a Trindade um só Deus, já que nas três Pessoas não existe diversidade de substancia, poder, vontade ou operação.
 
Assim, se reprovamos os arianos, que pretendem existir diferença entre o Pai e o Filho, reprovamos igualmente os macedonianos, os quais, embora atribuindo igualdade entre o Pai e o Filho, pensam que o Espírito Santo seja de natureza inferior. Eles não vêem estarem incidindo naquela blasfêmia indigna de ser perdoada tanto no século presente como no futuro, consoante a palavra do Senhor:

"A todo o que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas ao que disser contra o Espírito Santo não será perdoado nem neste século nem no vindouro"4.

Quem permanece, portanto, nessa impiedade fica sem perdão, pois expulsou de si aquele por meio do qual seria capaz de confessar a verdadeira fé. Jamais se beneficiará do perdão quem não tiver advogado para protegê-lo.

Ora, é do Espírito Santo que procede em nós a invocação do Pai, dele são as lágrimas dos penitentes, dele os gemidos dos que suplicam, "... e ninguém pode dizer Senhor Jesus senão no Espírito Santo"5.

O Apóstolo prega de maneira evidente a onipotência do Espírito, igual à do Pai e do Filho, bem como sua divindade, ao dizer:

"há diversidade de graças, mas um mesmo é o Espírito; e há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor; e há diversidade de operações, mas um mesmo é o Deus que opera tudo em todos"6.

Por estes e outros documentos, através dos quais, de inumeráveis modos brilha a autoridade das palavras divinas, sejamos incitados, caríssimos, unanimemente, à veneração de Pentecostes, exultando em honra do Santo Espírito, por quem toda a Igreja é santificada e toda alma racional é penetrada. Ele é o inspirador da fé, o Mestre da ciência, a fonte do amor, o selo da castidade, o artífice de toda virtude.

Regozijem-se as mentes dos fiéis com o fato de, em todo o mundo, ser louvado pelas diferentes línguas o Deus uno, Pai, e Filho e Espírito Santo; com o fato de prosseguir em seu trabalho e dom aquela santificação que apareceu na chama do fogo. O mesmo Espírito da verdade faz refulgir com sua luz a morada de sua glória, nada querendo de tenebroso ou morno em seu templo.
 
Foi também por auxílio e instrução desse Espírito que recebemos a purificação do jejum e da esmola. Com efeito, segue-se ao venerável dia de hoje um costume de salutar observância, que os santos julgam de grande utilidade e nós vos exortamos, com pastoral solicitude, a que o celebreis com o maior zelo possível. Assim, se a negligência vos fez contrair em dias passados algo de pecaminoso, seja isto penitenciado pela censura do jejum e pelo devotamento da misericórdia. Jejuemos na quarta e na sexta-feira, para sábado celebrarmos juntos as vigílias, com a habitual devoção. Por Cristo, Nosso Senhor que vive e reina com o Pai e o Espírito santo, pelos séculos dos séculos. Amém

NOTAS:

1- At 2,1-4
2- Gn 1,2
3- Jo 16,12-13.15
4- Mt 12,32
5- lCor 12,3
6- lCor 12,4-6

sexta-feira, 25 de maio de 2012

“Não uma visão inaceitável de hermenêutica da descontinuidade e da ruptura, mas uma hermenêutica da continuidade e da reforma”.

DISCURSO DE BENTO XVI AOS BISPOS ITALIANOS
aos participantes da 64º Assembleia Geral da Conferência Episcopal italiana
Sala do Consistório Vaticano
24 de maio de 2012

Venerados e queridos irmãos,
É um momento de graça este vosso encontro anual em Assembleia, no qual vivem uma profunda experiência de confronto, de partilha e de discernimento para o caminho comum, animado pelo Espírito do Senhor Ressuscitado; é um momento de graça que manifesta a natureza da Igreja.
Cardeal Angelo Bagnasco recebendo o Papa
Agradeço o Cardeal Angelo Bagnasco pelas cordiais palavras com as quais me acolheu, fazendo-se interprete dos vossos sentimentos: ao senhor, eminência, dirijo os melhores votos para um novo mandato como presidente da Conferência Episcopal Italiana.

O afeto colegiato que vos anima nutre sempre mais a vossa colaboração a serviço da comunhão eclesial e do bem comum da nação italiana, na interlocução frutuosa com as suas instituições civis. Neste novo quinquênio, prossigam juntos com o renovação eclesial que nos foi confiado no Concílio Vaticano II; que o 50º aniversário de seu início, que celebraremos no outono [no hemisfério norte], seja motivo pra aprofundar os textos, condição para uma recepção dinâmica e fiel. 

“O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz”, afirmava o beato Papa João XXIII no discurso de abertura. E vale a pena meditar e ler estas palavras. O Papa empenhava os Padres a aprofundar e a apresentar tal perene doutrina em continuidade com a tradição milenar da Igreja: “transmitir pura e íntegra a doutrina, sem atenuações nem subterfúgio”, mas de modo novo, “tendo em conta os desvios, as exigências e as possibilidades deste nosso tempo” (Discurso da Solene Abertura do Concílio Vaticano II, 11 de outubro de 1962). 

Com esta chave de leitura e de aplicação - certamente não uma visão inaceitável de hermenêutica da descontinuidade e da ruptura, mas uma hermenêutica da continuidade e da reforma –, escutar o Concílio e fazer nossas as competentes indicações, constitui a estrada para individualizar as modalidades com as quais a Igreja pode oferecer uma resposta significativa às grandes transformações sociais e culturais de nosso tempo, que têm consequências visíveis também sobre a dimensão religiosa.

A racionalidade científica e a cultura técnica, de fato, não somente tendem a uniformizar o mundo, mas às vezes vão além dos respectivos âmbitos específicos, na pretensão de traçar o perímetro das certezas da razão apenas com o critério empírico de suas realizações.

Assim, o poder da capacidade humana termina por considerar-se a medida da ação, livre de todas as normas morais. Justamente, em tal contexto, não deixam de reemergir, às vezes de maneira confusa, um singular e crescente questionamento sobre a espiritualidade e o sobrenatural, sinal de uma inquietude que habita no coração do homem que não se abre ao horizote crescente de Deus.

Esta situação de secularismo caracteriza, sobretudo, as sociedades de antiga tradição cristã e corrói aquele tecido cultural que, até um recente passado, era uma referência unificadora, capaz de abraçar toda a existência humana e marcar os momentos mais significativos, do nascimento à passagem pela vida eterna. 

O patrimônio espiritual e moral no qual o Ocidente aprofunda suas raízes e que constitui sua força vital, hoje não mais é mais um valor profundo, a ponto que não está mais contido na instância da verdade. Também uma terra fecunda corre o risco de se tornar um deserto inóspito e a boa semente está sendo sufocada, pisoteada e perdida. 

Isso se reflete na diminuição da prática religiosa, visível na participação à Liturgia Eucarística e, ainda mais, ao Sacramento da Penitência. Tantos batizados perderam a identidade e a afiliação, não conhecem os conteúdos essenciais da fé ou pensam ser capazes de cultivá-la sem a mediação eclesial. 

E enquanto muitos olham com dúvida as verdades ensinadas pela Igreja, outros reduzem o Reino de Deus a alguns grandes valores, que têm certamente a ver com o Evangelho, mas que ainda não são o núcleo central da fé cristã. O Reino de Deus é dom que nos transcende. Como afirmava o beato João Paulo II, “o Reino de Deus não é um conceito, uma doutrina, um programa sujeito à livre elaboração, mas é, acima de tudo, uma Pessoa que tem o nome e o rosto de Jesus de Nazaré, imagem do Deus invisível” (Carta Encíclica Redemptoris missio [7 de dezembro de 1990], 18). 

Infelizmente, o próprio Deus foi excluído do horizonte de muitas pessoas; e quando não encontramos indiferenças, fechamento ou recusa, o discurso sobre Deus ainda está relegado no âmbito subjetivo, reduzido a um fato íntimo e privado, marginalizado pela consciência pública. Passa por este abandono, por esta falta de abertura ao Transcendente, o coração da crise que atinge a Europa, que é uma crise espiritual e moral: o homem pretende ter uma identidade composta simplesmente de si mesmo.

Um jovem seminarista assassinado pelo amor ao que a batina representa


 Comemorou-se no dia 13 de Maio o 67° aniversário do assassinato pelos partigiani comunistas do jovem seminarista Rolando Rivi, que não temia, em tempos de feroz hostilidade à Santa Igreja, usar o traje distintivo do clero. No dia 18 de maio, a Congregação para a Causa dos Santos se reuniu para reconhecer seu martírioin odio fidei.

Texto do site Rolando Rivi e 7per24
Tradução Montfort
  
Rolando Maria Rivi
Rolando Rivi nasceu em 7 de janeiro de 1931 na casa chamada “del Poggiolo” em San Valetino, uma pequena cidade vizinha a Castellarano, na província de Reggio Emilia, filho de Roberto Rivi e Albertina Canovi. No dia seguinte ao nascimento os pais o batizaram com o nome de Rolando. Antes de sair da igreja, levaram-no diante do altar de Nossa Senhora e deram-lhe também Seu nome, de modo que o pequeno se chamou Rolando Maria Rivi.

A família do lado materno era conhecida na região pela honestidade, a laboriosidade e, sobretudo, pela profunda fé católica, o que lhes valia o apelido de  “os Pater”, em referência ao “Pater noster”, que eles recitavam frequentemente, com o terço do rosário entre as mãos. O pai de Rolando, Roberto, militante da então gloriosa Ação Católica, era também muito religioso, assíduo à Santa Missa, que frequentava com devoção particular segundo o convite do Santo Pontífice Pio X.

Rolando era um menino sadio e exuberante. Essa própria vivacidade preocupava algumas vezes os pais e a avó, a qual mais do que ninguém conhecia seu temperamento e costumava dizer: “Rolando se tornará um bandido ou um santo! Não pode percorrer um caminho mediano…”.

Em janeiro de 1934, morre o pároco de San Valentino, Dom Iemmi, e em maio do mesmo ano assume como novo pároco Dom Olinto Marzocchini, que tinha então 46 anos. Sacerdote zeloso no seu ministério torna-se para o pequeno Rolando um ponto de referência fundamental. Quando assistia à Missa, o menino não perdia um gesto do sacerdote e com isso muito pequeno começou a ajudar como coroinha.

Dom Olinto era um verdadeiro padre: passava longas horas em oração diante do Santíssimo, cuidava meticulosamente do catecismo das crianças, instruía os coroinhas para o serviço do altar e investia bastante em um coro para dar solenidade à liturgia. Foi através dele que Rolando começou a amar a Jesus e a descobrir que Ele habitava, Vivo, no Tabernáculo.

Em outubro de 1937, Rolando começou a escola elementar. Sua professora, Clotilde Selmi, mulher também muito devota, falava muitas vezes de Jesus aos meninos e sempre os convidava à Adoração Eucarística.

Imagens que demonstram o ódio à Igreja 
Na paróquia, a catequista de Rolando era Antonietta Maffei, delegada das crianças da Ação Católica, que preparava com escrúpulo as “reuniões semanais”, como se chamavam então. Graças também a ela, Rolando foi admitido a receber a Eucaristia logo em junho, porque estava entre as crianças mais bem preparadas e mais ansiosas por comungar. Isso lhe proporcionou uma grande alegria e em 16 de junho de 1938, festa de Corpus Christi, recebeu a Jesus pela primeira vez.
As testemunhas concordam sobre o fato de que, após a Primeira Comunhão, Rolando mudou. Embora permanecendo um garoto vivaz, os familiares notaram nele uma maturação profunda, que se acentuou após ter recebido a Crisma, em 24 de junho de 1940.

Costumava se aproximar todas as semanas da Confissão e levantar-se muito cedo de manhã para servir à Missa e receber a Comunhão, convidando também os companheiros a fazer o mesmo: “Venham – dizia-lhes – Jesus nos espera. Jesus quer isso”.

Afirmava que o sacerdote sobre o altar, quando consagrava o pão e o vinho, lhe parecia tão grande que tocava o céu. Foi assim que a chamada ao sacerdócio se fez cada vez mais intensa, acompanhando-o por todo o ciclo da escola elementar, até quando, com 11 anos, disse aos pais: “Quero ser padre, para salvar muitas pessoas. Depois, partirei como missionário para fazer conhecido Jesus muito longe.”

Entrou no Seminário de Marola no outono de 1942 e, como se costumava naquele tempo, vestiu logo a batina. Orgulhava-se dela e foi ainda esse amor que causou seu fim…

No período transcorrido no seminário, o rapaz se distingue pela diligência, mantendo sempre firme decisão de tornar-se sacerdote. Quando voltava a sua casa, ajudava os pais nos trabalhos do campo e na igreja tocava o harmônio, acompanhando o coro paroquial, no qual cantava também seu pai.
Entrementes, a guerra se fazia cada vez mais áspera, mesmo porque justamente naquela zona montanhosa havia a presença de formações partigiane, criadas depois da queda do fascismo, que tinha levado à ocupação da península pelos alemães. À parte grupos minoritários de católicos democráticos, as fileiraspartigiane eram compostas de comunistas, socialistas, e outros, unidos por uma forte ideologia anticatólica.

A ala mais extrema, a comunista, não se limitava a combater os alemães. Via no clero uma perigosa barragem para o próprio projeto revolucionário. O anticlericalismo tornou-se violento e cada dia mais ameaçador. Quando em 1944, os alemães ocupam o seminário de Marola, todos os jovens tiveram que voltar para casa, levando consigo os livros para poder continuar a estudar. Rolando continuou a considerar-se seminarista: além de estudar, frequentava quotidianamente a Missa e a Comunhão, recitava o rosário, meditava, visitava o Santíssimo Sacramento.

Embora tivesse sido aconselhado a fazer de outro modo, não deixou de usar seu hábito religioso: os pais, de fato, lhe diziam: “Tire a batina. Não a use por enquanto…” Mas Rolando respondia: “Mas porque? Que mal faço em usa-la? Não tenho motivo para tira-la”.  Fizeram-lhe notar que provavelmente era melhor tira-la naquele momento tão inseguro. Replicou Rolando“Eu estou estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus”. Um ato de amor que ele pagará com a vida.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

24 de maio: Papa Bento XVI designa como Dia de Oração pela Igreja na China.


Nossa Senhora Imperatriz da China
Por News.va | Tradução: Fratres in Unum.com – Quinta-Feira, 24 de maio, é o dia dedicado especialmente à memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria, Auxílio dos Cristãos, venerada com grande devoção no Santuário de Sheshan em Xangai. Foi o que disse o Papa Bento XVI no sábado após a oração Regina Coeli na Praça de São Pedro, acrescentando como podemos nos unir em oração a todos os católicos que estão na China, para que eles possam anunciar com humildade e alegria o Cristo Ressuscitado, serem fiéis a sua Igreja e ao Sucessor de Pedro e viverem sua vida diária de maneira compatível com a fé que professamos.

[O Papa rezou:] Maria, Virgem fidelíssima, sustentai o caminho dos católicos chineses, tornai as suas orações cada vez mais intensas e preciosas aos olhos do Senhor, e antecipai a afeição e participação da Igreja universal na jornada da Igreja na China.

Estudo sobre o Santo Rosário - 7ª Parte


Oração vocal e oração mental. 
 7ª Parte

A oração vocal é a recitação piedosa das cinco dezenas de Ave-Marias (no caso do Terço), ou das 15 dezenas (no caso do Rosário). No início de cada conjunto de 10 Ave-Marias reza-se o Pai-Nosso, e no final o Glória ao Pai. 

Em que consiste a oração mental ? 

Enquanto se pronuncia as orações, em PENSAR OU CONTEMPLAR os Mistérios (devi-se também MEDITAR, PENSAR nas palavras da Ave-Maria, do Pai-Nosso ou do Glória).
 
 
O Rosário é um colóquio (uma conversa) com Deus e Nossa Senhora. Enquanto com a voz Os louvamos, com o PENSAMENTO MEDITAMOS nos sublimes mistérios, pois, sendo o homem composto de corpo e alma, com a boca e com a mente deve glorificar seu Criador. O que equivale ao nosso dito popular: “Não falar só da boca pra fora”, ou seja, sem amor, sem coração, sem meditação. Se isso não acontecer poderá ser em vão nossa oração (devemos levar em consideração que é preferível rezar mesmo em meio a distração, pois com isso podemos ir dominando nossa vontade e tornar a pratica do Santo Rosário em um hábito em nossas vidas).
 

Claro que tanto mais eficácia terá essa arma quanto maior nosso envolvimento e devoção a utilizarmos. Assim, evitar de rezar o Rosário despachadamente e distraído; procurar recitá-lo piedosamente e com atenção, se possível de joelhos diante do Tabernáculo (sacrário) ou de uma imagem de Jesus ou Nossa Senhora, vestido decentemente (homens e mulheres e crianças) com respeito máximo e humildade a quem se dirige como a Santa Igreja antigamente e hoje sempre ensinou. 

Pode-se, porém, rezá-lo também sentado ou de pé — até mesmo deitado, em caso de enfermidade, muito cansaço ou outra causa proporcionada —, mesmo andando, mas evitando o quanto possível as distrações. Devemos criar condições ambientais para facilitar nossa concentração no que estamos fazendo. 

Por isso Jesus levantava de madrugada para rezar. Subia as montanhas para buscar o silêncio. Saía das cidades para rezar. Muitos santos faziam isso.
 
Nós podemos nos fechar no quarto, no escritório ou nas Igrejas em qualquer lugar em que ajude a nos concentrar; “tirar tempo” para Deus. 

Entretanto, a distração involuntária, mesmo frequente, não invalida o valor da oração. Nunca se deve deixar de rezar o Terço por causa de distrações. Pelo contrário, se temos dificuldade de rezar com perfeição, rezemos ainda mais, para compensar um tanto pela quantidade o que faltou à qualidade. Nosso Senhor elogia no Evangelho a oração insistente. 

O demônio inventará artifícios para nos distrair com bobagens, mas precisamos rejeitá-las e concentrar nossa atenção. Se fizermos esforços para rezar bem, ainda que não o consigamos inteiramente, isto já é agradável a Nossa Senhora. 

Rezar com Fé.

Fé significa acreditar, ter confiança que algo se realizará, ter confiança no que estamos fazendo.
 

Quando rezamos (pedimos, agradecemos, louvamos) temos a CERTEZA ABSOLUTA que Deus com a Santíssima Virgem e todo os Céus está nos ouvindo e vendo tudo. Pode Deus por intercessão de Maria não nos conceder aquilo que pedimos, mas pode nos conceder outras graças que não as pedimos e que são mais importantes para nós naquele momento. Pode também não nos conceder quando desejamos, mas sim quando realmente necessitamos.
 

As vezes para testar nossa fé e perseverança pode demorar um pouco em nos atender, mas é de ABSOLUTA CERTEZA que nos atenderá, só não o sabemos quando; pode ser na hora ou mais adiante...
 (É aqui que consiste a nossa confiança em Deus e na sua providência. A oração antes de ser vista como petição devi ser para nós um ato de louvor e adoração a Deus, que nos ama.)

Devemos lembrar: rezamos todos os dias no Pai Nosso seja feita a TUA VONTADE...
 

“Quem reza se salva, quem não reza se condena”. 

Que oração será a mais eficaz a fim de alcançar toda espécie de graças para nós, tão necessitados? E para a humanidade, tão depravada? Os Papas, os Santos e a Igreja em geral incentivam de todos os modos esta devoção, que a própria Medianeira de todas as graças nos ensinou. 

Rezar o Santo Rosário é ser atendido com segurança, pois o Divino Filho de Maria Santíssima sempre ouve os rogos de sua Mãe. Boníssima Mãe nossa, que é também a Mãe do Juiz que nos julgará em nosso último dia. Assim sendo, nada melhor que termos como advogada Aquela que nos obterá toda espécie de graças para chegarmos bem diante do supremo Juiz. 

Está portanto em nossas mãos a arma para a salvação, tanto nossa como deste caótico e desmoralizado mundo de hoje.