Comemorou-se no dia
13 de Maio o 67° aniversário do assassinato pelos partigiani comunistas do
jovem seminarista Rolando Rivi, que não temia, em tempos de feroz
hostilidade à Santa Igreja, usar o traje distintivo do clero. No dia 18 de maio, a Congregação para a Causa dos Santos se reuniu para reconhecer seu
martírioin odio fidei.
Texto do site Rolando Rivi e 7per24
Tradução Montfort
Rolando Maria Rivi |
Rolando Rivi nasceu em 7 de janeiro de
1931 na casa chamada “del Poggiolo” em San Valetino, uma pequena cidade
vizinha a Castellarano, na província de Reggio Emilia, filho de Roberto Rivi e
Albertina Canovi. No dia seguinte ao nascimento os pais o batizaram com o nome
de Rolando. Antes de sair da igreja, levaram-no diante do altar de Nossa
Senhora e deram-lhe também Seu nome, de modo que o pequeno se chamou Rolando
Maria Rivi.
A família do lado materno era conhecida
na região pela honestidade, a laboriosidade e, sobretudo, pela profunda fé
católica, o que lhes valia o apelido de “os Pater”, em
referência ao “Pater noster”, que eles recitavam frequentemente, com o
terço do rosário entre as mãos. O pai de Rolando, Roberto, militante da então
gloriosa Ação Católica, era também muito religioso, assíduo à Santa Missa, que
frequentava com devoção particular segundo o convite do Santo Pontífice Pio X.
Rolando era um menino sadio e
exuberante. Essa própria vivacidade preocupava algumas vezes os pais e a avó, a
qual mais do que ninguém conhecia seu temperamento e costumava dizer: “Rolando
se tornará um bandido ou um santo! Não pode percorrer um caminho mediano…”.
Em janeiro de 1934, morre o pároco de
San Valentino, Dom Iemmi, e em maio do mesmo ano assume como novo pároco Dom
Olinto Marzocchini, que tinha então 46 anos. Sacerdote zeloso no seu ministério
torna-se para o pequeno Rolando um ponto de referência fundamental. Quando
assistia à Missa, o menino não perdia um gesto do sacerdote e com isso muito
pequeno começou a ajudar como coroinha.
Dom Olinto era um verdadeiro padre:
passava longas horas em oração diante do Santíssimo, cuidava meticulosamente do
catecismo das crianças, instruía os coroinhas para o serviço do altar e
investia bastante em um coro para dar solenidade à liturgia. Foi através dele
que Rolando começou a amar a Jesus e a descobrir que Ele habitava, Vivo, no Tabernáculo.
Em outubro de 1937, Rolando começou a
escola elementar. Sua professora, Clotilde Selmi, mulher também muito devota,
falava muitas vezes de Jesus aos meninos e sempre os convidava à Adoração
Eucarística.
Imagens que demonstram o ódio à Igreja |
As testemunhas concordam sobre o fato
de que, após a Primeira Comunhão, Rolando mudou. Embora permanecendo um garoto
vivaz, os familiares notaram nele uma maturação profunda, que se acentuou após
ter recebido a Crisma, em 24 de junho de 1940.
Costumava se aproximar todas as semanas
da Confissão e levantar-se muito cedo de manhã para servir à Missa e receber a
Comunhão, convidando também os companheiros a fazer o mesmo: “Venham –
dizia-lhes – Jesus nos espera. Jesus quer isso”.
Afirmava que o sacerdote sobre o altar,
quando consagrava o pão e o vinho, lhe parecia tão grande que tocava o céu. Foi
assim que a chamada ao sacerdócio se fez cada vez mais intensa, acompanhando-o
por todo o ciclo da escola elementar, até quando, com 11 anos, disse aos
pais: “Quero ser padre, para salvar muitas pessoas. Depois, partirei
como missionário para fazer conhecido Jesus muito longe.”
Entrou no Seminário de Marola no outono
de 1942 e, como se costumava naquele tempo, vestiu logo a batina. Orgulhava-se
dela e foi ainda esse amor que causou seu fim…
No período transcorrido no seminário, o
rapaz se distingue pela diligência, mantendo sempre firme decisão de tornar-se
sacerdote. Quando voltava a sua casa, ajudava os pais nos trabalhos do campo e
na igreja tocava o harmônio, acompanhando o coro paroquial, no qual cantava
também seu pai.
Entrementes, a guerra se fazia cada vez
mais áspera, mesmo porque justamente naquela zona montanhosa havia a presença
de formações partigiane, criadas depois da queda do fascismo, que
tinha levado à ocupação da península pelos alemães. À parte grupos minoritários
de católicos democráticos, as fileiraspartigiane eram compostas de
comunistas, socialistas, e outros, unidos por uma forte ideologia anticatólica.
A ala mais extrema, a comunista, não se
limitava a combater os alemães. Via no clero uma perigosa barragem para o
próprio projeto revolucionário. O anticlericalismo tornou-se violento e cada
dia mais ameaçador. Quando em 1944, os alemães ocupam o seminário de Marola,
todos os jovens tiveram que voltar para casa, levando consigo os livros para
poder continuar a estudar. Rolando continuou a considerar-se seminarista: além
de estudar, frequentava quotidianamente a Missa e a Comunhão, recitava o
rosário, meditava, visitava o Santíssimo Sacramento.
Embora tivesse sido aconselhado a fazer
de outro modo, não deixou de usar seu hábito religioso: os pais, de fato, lhe
diziam: “Tire a batina. Não a use por enquanto…” Mas Rolando
respondia: “Mas porque? Que mal faço em usa-la? Não tenho motivo para
tira-la”. Fizeram-lhe notar que provavelmente era melhor tira-la
naquele momento tão inseguro. Replicou Rolando: “Eu estou
estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus”. Um
ato de amor que ele pagará com a vida.
Em San Valentino, primeiramente foi
visado o pároco Padre Marzocchini. Uma manhã se veio a saber que alguns partigiani ,
durante a noite precedente, tinham-no agredido e humilhado. Como outros
sacerdotes (Padre Luigi Donadelli, Pe.Luigi Ilariucci, Pe. Aldemiro Corsi e
Pe.Luigi Manfredi) tinham sido assassinados pelos partigiani comunistas,
o Pe. Marzocchini foi colocado em um lugar mais seguro e substituído na
paróquia por um jovem Padre Alberto Camellini. Em 1º. de abril, todavia, o Pe.
Marzocchini quis retornar à paróquia em San Valentino, mas a seu lado
permaneceu o jovem sacerdote Padre Camellini, para com o qual Rolando tinha
demonstrado logo grande simpatia. Em 10 de abril, quarta feira depois da Domenica
in Albis, de manhã bem cedo, o rapaz já estava na igreja: celebrava-se a
Missa cantada em honra de São Vicente Ferrer e Rolando participou, tocando o
órgão. Terminada a cerimônia, antes de sair, combinou com os cantores
para “cantar a Missa” também no dia seguinte. Saindo da
igreja, enquanto seus pais iam trabalhar no campo, Rolando, com os livros
embaixo do braço, dirigiu-se como de costume a estudar no bosque a poucos passos
de sua casa. Vestia, como sempre, sua veste talar negra. Ao meio dia, seus pais
o esperaram em vão para o almoço. Preocupados, puseram-se a procurar. Entre os
livros, sobre a grama, encontraram um bilhete: “Não o procurem.
Veio um momento conosco. Os partiggiani”. O pai e o Pe.
Camellini, extremamente aflitos, começaram então a andar nos arredores, à
procura do rapaz. Entretanto, Rolando, levado à força pelos partigiani a
um esconderijo no bosque, iniciava sua via
crucis. Foi despojado de sua batina, que os
irritava, insultado, golpeado com a cinta nas pernas e esbofeteado. Permaneceu
por três dias nas mãos de seus algozes, escutando blasfêmias contra Cristo,
insultos contra a Igreja e contra o sacerdócio. Segundo testemunhas, foi
açoitado e sofreu outras indizíveis violências.
Um dos sequestradores, aparentemente,
se comoveu, propondo deixa-lo partir. Mas outros recusaram, ameaçando de morte
aquele que tinha proposto a soltura. Prevaleceu o ódio pela Igreja, pelo
sacerdote, pelo traje que o representa e que aquele rapazinho nunca tinha
querido deixar de usar. Decidiram mata-lo: “Amanhã teremos um padre a menos”. Levaram-no,
sangrando, a um bosque próximo a Piane di Monchio (na província de Modena),
onde havia uma fossa já escavada. Rolando entendeu que ia morrer, chorou,
pedindo que sua vida fosse poupada. Com um pontapé o jogaram no chão. Então
pediu para rezar pela última vez. Ajoelhou-se e depois dois tiros de
revolver o fizeram rolar na vala. Foi coberto com poucas pás de terra e
folhas secas. A batina do “padreco” tornou-se uma bola para chutar,
sendo depois pendurada, como um troféu de guerra, sob o telhado de uma casa
vizinha. Era sexta feira, 13 de abril de 1945, comemoração do martírio do jovem
Santo Ermenegildo (no ano de 585). Rolando tinha quatorze anos e três meses.
Por três dias, os pais e o Pe.Camellini
o procuraram por toda a região, até que alguns partigiani os
enviaram a Piane di Monchio. Lá encontraram um chefe partigiano comunista, a quem perguntaram: “Onde
está o seminarista Rivi?” E ele respondeu: “Foi morto aqui, eu
mesmo o matei, mas estou perfeitamente tranquilo”.
E indicou o lugar onde o jovem havia
sido sepultado na véspera.
Pe.Camellini perguntou ainda ao partigiano: “Ele
sofreu muito?” Aquele, mostrando seu revolver, replicou
zombeteiro: “Com este não se sofre muito. Ele não se engana.”
Era o entardecer de sábado 14 de abril
de 1945. Chegando ao local do homicídio, o sacerdote não teve dificuldade em
recuperar o cadáver do rapaz, que vestia apenas uma camiseta e uma calça
rasgada. Tinha duas feridas: uma na têmpora esquerda e outra no ombro sobre o
coração.
O rosto, sujo de terra, estava coberto
de contusões, assim como o corpo.O pai se ajoelhou ao lado de seu filho
e o abraçou, chorando copiosamente.
Dois camponeses do lugar fabricaram,
como puderam, um caixão de madeira. Pe. Camellini lavou o rosto de Rolando, o
enxugou com seu lenço e arrumou o corpo no pobre ataúde.
Já era noite, de modo que só na manhã
seguinte, no Segundo Domingo após a Páscoa, “Domingo do Bom Pastor”, o corpo de
Rolando foi levado à igreja, em Monchio, onde Pe. Camellini celebrou a Missa
pela alma de Rolando. Em pleno domingo, não se podia celebrar a Missa de
Defuntos, mas os aleluias do Tempo Pascal sugeriam os anjos a
recebê-lo no céu. As leituras reforçavam a mesma impressão: “Também
Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os seus passos.
Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca (Is 53,9). Ele,
ultrajado, não retribuía com idêntico ultraje; ele, maltratado, não proferia
ameaças, mas entregava-se Àquele que julga com justiça” (1Pedro 2,
21-25)..
Na presença do pai Roberto e do Pe.
Camellini, o pároco de Monchio escreveu em latim no registro paroquial, com
extrema lucidez e coragem, a ata da morte e sepultura de Rolando: “15
de abril de 1945. Rolando Rivi, filho de Roberto Rivi e Albertina Canovi,
solteiro, de San Valentino (Reggio Emilia) que, por mãos de homens iníquos, aos
14 anos de idade, no dia 13 do corrente abril, às 19 horas, em comunhão com a
Santa Madre Igreja, entregou sua alma a Deus. Seu corpo, hoje, feitas as
sagradas exéquias e celebrada a Missa, foi sepultado no cemitério paroquial”. (Die
decima quinta mensis aprilis 1945. Rivi Rolandus, filius Ruperti et Canovi
Albertinae, statu celebs, e S. Valentino (Regii Lepidi) hic, aetate annorum 14,
die 13 aprilis currentis, hora 19, per manus hominum iniquorum, in Comunione
Sanctae Matris Ecclesiae, animam Deo reddidit. Cadaver autem eius, hodie,
sacris persolutis exequiis, ac Missa celebrata, in coemeterio parochiali, sepultum
est).
O pai de Rolando e o vigário de San
Valentino voltaram pesarosamente a sua cidade, para dar a terrível notícia à
mãe, que esperava em vão.
O fato se difundiu rapidamente,
deixando a todos consternados diante de tanta barbárie.
Terminada a guerra, uma grande multidão
de paroquianos esperou em 29 de maio de 1945, o traslado do corpo para San
Valentino. A igreja acolheu em silêncio e comoção o pequeno mártir.
Assassinado por ódio à fé, a causa de
sua canonização esperou 60 anos para começar, em 7 de janeiro de 2006.
Concluída a etapa diocesana em Modena,
em julho de 2010 a positio do Servo de Deus Rolando Rivi pede
o reconhecimento do martírio junto à Congregação para a Causa dos Santos, em
Roma. Agora o passo decisivo: em 18 de maio, os teólogos censores foram
chamados a pronunciar-se a respeito da validade do martírio in odio
fidei do jovem seminarista. Se o julgamento for positivo, após a
assinatura dos Cardeais e do Santo Padre Bento XVI, Rolando será o primeiro
mártir contemporâneo da Igreja italiana.
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