‹‹ Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fôgo
que parcia estar debaixo da terra. Mergulhados em êsse fôgo os demónios e as
almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronziadas com forma
humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d’elas mesmas saiam,
juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair
das faulhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e
gemidos de dôr e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os
demónios destinguiam-se por formas horríveis e ascrosas de animais espantosos e
desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças
à nossa bôa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promeça de nos
levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos
morrido de susto e pavor.
Em seguida,
levantámos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:
— Vistes o
inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer
establecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu
disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não
deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra peor. Quando
virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal
que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra,
da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir
a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos
primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão
paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições
à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sufrer,
várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O
Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será consedido ao
mundo algum tempo de paz ››.
Redacção
feita pela Irmã Lúcia na “Terceira Memória”, de 31 de agosto de 1941, destinada
ao Bispo de Leiria-Fátima.
Publicado originalmente em 2009.
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