Nota do Blog: Aos nossos caríssimos
leitores preparamos uma preparação para a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do
universo. Dividimos a Carta Encíclica do Papa Pio XI em V Partes com a
finalidade de conceder aos nossos leitores uma leitura gradual da mesma para
uma maior vivência desta data litúrgica tão significativa.
I Parte
CARTA ENCÍCLICA
QUAS PRIMAS
PIO PAPA XI
Aos Veneráveis Irmãos
Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e Outros Ordinários em paz e comunhão
com a Sé Apostólica: sobre Cristo Rei.
Veneráveis Irmãos, saúde e
bênção apostólica.
INTRODUÇÃO.
Papa Pio XI |
1. Na primeira Encíclica, dirigida, em princípios do nosso Pontificado,
aos Bispos do mundo inteiro, indagamos a causa íntima das calamidades que, ante
os nossos olhos, avassalam o gênero humano. Ora, lembra-nos haver abertamente
declarado duas coisas: uma — que esta aluvião de males sobre o universo provém
de terem a maior parte dos homens removido, assim da vida particular como da
vida pública, Jesus Cristo e sua lei sacrossanta; a outra — que baldado era
esperar paz duradoura entre os povos, enquanto os indivíduos e as nações
recusassem reconhecer e proclamar a Soberania de Nosso Salvador. E por isso,
depois de afirmarmos que se deve procurar “a paz de Cristo no reino de
Cristo”, manifestamos que era intenção nossa trabalhar para este fim, na medida
de nossas forças. “No reino de Cristo”, — dizíamos; porque, para
restabelecer e confirmar a paz, outro meio mais eficiente não deparávamos, do
que reconhecer a Soberania de Nosso Senhor. Com o correr do tempo, claramente
pressentimos o raiar de dias melhores, quando vimos o zelo dos povos em acudir,
— uns pela primeira vez, outros com renovado ardor, — a Cristo e à sua Igreja,
única dispensadora da salvação: sinal manifesto de que muitos homens, até
o presente como que desterrados do reino do Redentor, por desprezarem sua
autoridade, preparam, ainda bem, e levam a efeito sua volta à obediência.
PREPARAÇÃO PROVIDENCIAL DA NOVA
FESTA. O ANO SANTO.
2. Quanto, ao depois, sobreveio, quanto aconteceu no decorrer do
“Ano Santo”, digno, na verdade, de eterna memória, porventura não concorreu
eficazmente para a honra e glória do Fundador da Igreja, de sua soberania, de
sua suprema realeza?
Exposição Missionária.
Realizou-se, primeiro, a “Exposição Missionária”, que, nos corações e
nos espíritos dos homens, produziu tão profunda impressão. Ali vimos os
incansáveis trabalhos empreendidos pela Igreja, para dilatar cada vez mais o
reino de seu Esposo, em todos os continentes, em todas as ilhas, até nas mais
longínquas, perdidas no oceano. Vimos quantos países conquistaram ao
catolicismo à custa de seus suores, de seu sangue, nossos heróicos e destemidos
missionários. Vimos as imensas regiões que ainda ficam por sujeitar ao domínio
benfazejo de nosso Rei.
Peregrinações jubilares.
Realizaram-se, em seguida, romarias, vindas a Roma, durante o Ano
Santo, de todas as partes do mundo, e guiadas por seus Bispos ou sacerdotes.
Que motivos impeliam esses peregrinos, senão o desejo de purificarem suas almas
e de proclamarem, junto ao Sepulcro dos Apóstolos e em Nossa presença, que
estão e querem permanecer sob a autoridade de Cristo?
Canonizações.
Por fim, conferimos a seis Confessores ou Virgens as honras dos Santos,
depois de cabalmente provadas suas admiráveis virtudes. Não brilhou, nesse
dia, com novo fulgor, o reino de Jesus? Que gozo, que consolação não foi
para Nossa alma, depois de proferirmos os decretos definitivos, ouvir, no
majestoso recinto de S. Pedro, a imensa multidão os fiéis aclamar com uma só
voz, entre cantos de ação de graças, a realeza gloriosa de Cristo — “Tu
Rex gloriae, Christe!” Num tempo em que indivíduos e estados, joguetes das
sedições nascidas do ódio e discórdias civis, se precipitam para a ruína e a
morte, a Igreja de Deus, prosseguindo a dar ao gênero humano o alimento da vida
espiritual, gera e continua a educar para Cristo gerações sucessivas de Santos
e Santas, e Cristo, por sua vez, não cessa de chamar à eterna felicidade do seu
reino celeste quantos se Lhe demonstraram súditos fiéis e submissos de seu
reino terrestre.
Centenário do Concílio de Nicéia.
Com o grande jubileu coincidiu o 16.° centenário do Concílio de Nicéia.
Mandamos festejar este aniversário secular, e Nós mesmo o comemoramos na
Basílica Vaticana, com tanto melhor grado, que este Concílio definiu e
proclamou dogma de fé católica a “consubstancialidade” do Unigênito
de Deus com seu Pai, e, inserindo em sua fórmula de fé, ou “Credo”, as
palavras: “cujo reino não terá fim — cujus regni non erit finis” —
com isto mesmo afirmou a dignidade real de Cristo.
Súplica em favor de Cristo-Rei.
3. Portanto, já que este ano jubilar, em mais de uma ocasião, contribuiu
para pôr em realce a realeza de Cristo, julgamos cumprir um dos atos mais
próprios do Nosso ofício apostólico, acedendo às súplicas, assim individuais
como coletivas, de numerosos Cardeais, Bispos ou fiéis, e encerrar este ano com
introduzir na liturgia da Igreja uma festa especial em honra de Nosso Senhor
Jesus Cristo Rei. Este argumento temo-lo tanto a peito, Veneráveis Irmãos, que
desejamos entreter-nos dele convosco alguns instantes. Empenho vosso será,
depois, tornar, acessível à inteligência e aos sentimentos populares
quanto dissermos sobre o culto de “Cristo-Rei”, de modo que a nova festa
anual produza agora e no porvir múltiplos frutos.
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