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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Agonia de Jesus, pelo Santo Padre Pio - II Parte

II Parte
A Agonia de Jesus, pelo Santo Padre Pio
 
 Vê o Pai que o abandona, e a Mãe, aniquilada pela dor.

Para acabar, a morte ignominiosa no meio de dois ladrões. Um reconhece-O, e pôde salvar-se; o outro blasfema e morre réprobo.

Vê Longuinhos, que se aproxima para Lhe trespassar o coração. 

Ei-la, consumada, a extrema humilhação do corpo e da alma, que separam...
Tudo isto, cena após cena, passa diante dos Seus olhos, apavora-O, acabrunha-O. Recusará?
Desde o primeiro instante tudo avaliou, tudo aceitou. Porque, pois, este terror extremo? 


É que expôs a Sua santa humanidade como escudo, captando os ataques da Justiça, ultrajada pelo pecado.


Sente vivamente no espírito, mergulhado na maior solidão, tudo o que vai sofrer.

Para tal pecado, tal pena... Está aniquilado, porque Se entregou, Ele próprio, ao pavor, à fraqueza, à angústia.


Parece ter chegado ao auge da dor. Está de rastos, com a face em terra, diante da Majestade do Pai. Jaz no pó, irreconhecível, a santa Face do Homem-Deus, que goza da visão beatífica. Meu Jesus! Não sois Deus? Não sois o Senhor do Céu e da Terra, igual ao Pai? Para que haveis de abaixar-Vos até perder todo o aspecto humano?

Ah, sim... Compreendo! Quereis ensinar-me, a mim, orgulhoso, que para entender o Céu devo abismar-me até ao fundo da Terra. É para expiar a minha arrogância que Vos deixais afundar no mar da agonia. É para reconciliar o Céu com a Terra que vos abaixais até à terra como se quisésseis dar-lhe o beijo da paz...

Jesus ergue-se, volve para o céu um olhar suplicante, ergue os braços, reza. Cobre-Lhe o rosto mortal palidez! Implora o Pai que Se desviou d'Ele. Reza com confiança filial, mas sabe bem qual o lugar que Lhe foi marcado. Sabe-se vítima a favor de toda a raça humana, exposta à cólera de Deus ultrajado. Sabe que só Ele pode satisfazer a Justiça infinita e conciliar o Criador com a criatura. Quer, reclama que seja assim. A sua natureza, porém, está literalmente esmagada. Insurge-se contra tal sacrifício. Todavia, o Seu espírito está pronto à imolação e o duro combate continua. Jesus, como podemos pedir-Vos para sermos fortes, quando Vos vemos tão fraco e acabrunhado?

Sim, compreendo! Tomastes sobre Vós a nossa fraqueza. Para nos dardes a Vossa força, Vos tornastes a vítima expiatória. Quereis ensinar-nos como só em Vós devemos depositar confiança, até quando o céu nos parece de bronze.

 Na Sua Agonia, Jesus clama ao Pai: “Se é possível, afasta de mim este cálice”. É o grito da natureza que, prostrada, recorre cheia de confiança ao Céu. Embora saiba que não será atendido, porque não deseja sê-lo, contudo ora. Meu Jesus, por que pedis o que não podeis obter? Que mistério vertiginoso! A mágoa que Vos dilacera Vos faz mendigar a ajuda e conforto, mas o Vosso amor por nós e o desejo de nos levar a Deus vos faz dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”.
O Seu coração desolado tem sede de ser confortado, tem sede de consolação.

 Docemente, Ele levanta-Se, dá alguns passos vacilantes; aproxima-Se dos discípulos; eles, pelo menos, os amigos de confiança, hão de compreender e partilhar da Sua mágoa... Encontra-os mergulhados no sono. De súbito sente-se só, abandonado! “Simão, dormes?” pergunta docemente a Pedro. Tu, que há pouco me dizias que querias seguir-Me até à morte! Vira-se para os outros. “Não podeis velar uma hora comigo?”. Uma vez mais, esquece os sofrimentos, não pensa senão nos discípulos: “Velai e orai para não cairdes em tentação!”. Parece dizer “Se me esquecestes tão depressa, a mim, que luto e sofro, pelo menos no vosso próprio interesse, velai e orai!”. 
Mas eles, tontos de sono, mal O ouvem.

Ó meu Jesus, quantas almas generosas, tocadas pelos Vossos lamentos, Vos fazem companhia no Jardim da Oliveiras, compartilhando da Vossa amargura e da Vossa angústia moral. Quantos corações têm respondido generosamente ao Vosso apelo através dos séculos! Possam eles Vos consolar e, comparticipando do Vosso sofrimento, possam eles cooperar na obra da salvação! Possa eu próprio ser desse número e Vos consolar um pouco, ó meu Jesus!

Jesus volta ao local da oração e apresenta-se-Lhe diante dos olhos um outro quadro bem mais terrível. Desfilam diante dele todos os nossos pecados, nos seus mais ínfimos pormenores. Vê a extrema vulgaridade dos que os cometem. Sabe a que ponto ultrajam a divina Majestade. Vê todas as infâmias, todas as obscenidades, todas as blasfêmias que mancham os corações e os lábios, criados para cantar a glória de Deus. Vê os sacrilégios que desonram Pais e fiéis. Vê o abuso monstruoso dos sacramentos, instituídos por Ele para nossa salvação, e que facilmente podem ser causa de nos perdermos.


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