VII Parte
ARTIGO V.
Advertências aos Jovens inscritos
em alguma congregação ou Oratório
Se tendes a bela sorte de estar
alistados em alguma congregação ou oratório, procurai frequenta-los
pontualmente e observai suas regras com exatidão. Recomendo-vos especialmente
que tenhais grande respeito aos diretores, procurando pedir sempre a sua
licença quando tiverdes que ausentar-vos. Na igreja estai com toda a modéstia e
em silêncio, lendo ouvindo ler algum livro devoto até que comecem os Ofícios
Divinos.Então, com alegria de espírito e com recolhimento, cantai os louvores
do Senhor.Quando tiverdes de conversar-vos ou fazer a Santa Comunhão, procurai
fazê-los na fossa congregação ou oratório, porque isto será de bom exemplo e
contribuirá muito para animar os outros a frequência destes sacramentos.
Excetua-se
contudo a Comunhão da Páscoa, que convém que seja feita na própria
paróquia.Além disso, além disso, também outras vezes, quando puderdes, procurai
aproximar-vos dos Santos Sacramentos na igreja da vossa paróquia, para dar bons
exemplos aos outros e para conservar a união com o vosso pároco.
Se no vosso oratório tendes a boa
comodidade de passar o tempo de recreio nos dias santos, tomai parte nele de
boa vontade: mas evitai as brigas dar apelidos aos companheiros mostrar-vos mal
satisfeitos com os brinquedos que forem designados. E quando ouvires ou
presenciardes alguma coisa inconveniente a esse lugar santo, ide logo avisar o
superior, para que se impeça toda ofensa de Deus.
Coisa ótima seria que os mais
adiantados contassem exemplos edificantes aos outros.
Cede sinceros nas palavras e evitai toda mentira,
porque se fordes apanhados em mentira, além de ofender a Deus, ficareis
desmoralizados perante vossos companheiros e superiores.Recomendo-vos que
tenhais uma confiança filial do vosso diretor, recorrendo a ele quando tiverdes
alguma dúvida de consciências.
Tendes também grande respeito a
todos os demais superiores, especialmente se forem sacerdotes; encontrando-os,
tirai logo o chapéu. Quando falardes com eles, respondei as suas perguntas com
humildade e sinceridade. Os que são escolhidos para serem cantores, assistentes
e cargos semelhantes, tenham grande empenho em mostrar que são os mais
exemplares e zelosos nas práticas de piedade. A todos, por fim, recomendo
grande exatidão na observância das regras porfiando cada um em ser o mais
fervoroso, modesto e pontual nos exercícios de devoção.
ARTIGO VI.
O Jovem na Escolha do Estado
Nos seus eternos desígnios, Deus
marcou a cada um de nós uma determinada condição de vida e as graças relativas.
Como em todos os casos, também neste, que é de capital importância, deve o
cristão procurar conhecer á vontade divina, imitando assim a Jesus Cristo, que
protestava ter vindo ao mundo somente para cumprir a vontade do seu Eterno Pai.
É, pois de suma importância, meus
filhos, que procureis enxergar bem claramente neste assunto, para não vos
iniciardes em estados e ocupações as quais o Senhor não vos destina. A uma alma
favorecida por Deus de modo singular, manifestou Ele por via extraordinária o
estado a que a chamava. Vós não pretendais tanto, mas consolai-vos com a
segurança de que Deus vos guiará pelo reto caminho, contanto que da vossa parte
não descuideis dos meios oportunos para tomar uma prudente determinação.
Um destes meios é conservar-se
ilibado durante a infância e juventude, ou reparar com uma sincera penitência
os anos passados infelizmente no pecado.
Outro meio é a
oração humilde e perseverante. Será bom repetir com São Paulo: Senhor, que
quereis que eu faça? Ou então com Samuel: falai, Senhor, que o vosso servo vos
escuta; ou com o Salmista: Ensinai-me a fazer a Vossa vontade, porque sois Vós
o meu Deus, ou alguma outra efetuosa aspiração semelhante a estas.
Quando tiverdes de chegar a uma
determinação, dirigi-vos a Deus com as mais especiais e frequentes orações;
aplicai para este fim a Santa Missa que ouvirdes, aplicai algumas comunhões. Podereis
também fazer alguma novena, algum tríduo, alguma abstinência, visitar algum
santuário célebre.
Recorrei também a Nossa Senhora, que
é a Mãe do bom conselho; a São José, seu esposo, que sempre foi fidelíssimo ás
ordens divinas; o Anjo da guarda, aos vossos Santos Padroeiros.
Ótima coisa seria, sendo possível,
antes de tomar uma decisão de tamanha importância, fazer os exercícios
espirituais ou algum dia de retiro.
Prometei que haveis de fazer a
vontade de Deus, aconteça o que acontecer e apesar da desaprovação de quem
julga de acordo com o ponto de vista do mundo.
Acontecendo que os pais onu outras pessoas de respeito
quisessem dissuadi-vos do caminho ao qual Deus vos chama, lembrai-vos que então
é o caso de por em prática o grande aviso do Evangelho, isto é, de obedecer de
preferência a Deus que aos homens. Não esqueçais absolutamente o respeito e a
honra que lhes deveis; respondei e tratai sempre com humildade e mansidão, mas
sem prejudicar o supremo interesse da vossa alma. Tomai conselho sobre o modo
de vos haverdes e confiai naquele que tudo pode. Consultai pessoas prudentes e
amigas de Deus, especialmente o confessor, declarando com toda a clareza o
vosso caso e as vossas disposições.
Quando São Francisco de Sales manifestou em sua casa
que Deus o chamava ao sacerdócio, os pais lhe observaram que, na qualidade de
primogênito da família, devia ser seu apoio e sustentáculo, que a inclinação ao
estado eclesiástico provinha de uma devoção indiscreta e que ele poderia
perfeitamente tornar-se santo também vivendo no mundo; e até, para melhor
levá-lo secundar as suas intenções, propuseram-lhe um casamento muito
vantajoso. Mas nada pôde demovê-lo do seu propósito.Antepôs constantemente à
vontade de Deus á vontade dos pais, a quem amava com toda a ternura e dedicava
profundo respeito.Preferiu renunciar a todas as vantagens temporais, a ter que
faltar á graça da vocação.E os pais, que, não obstante alguma ideia menos reta,
derivada do ponto de vista mundano, eram pessoas piedosas, mais tarde tiveram
que declarar-se satisfeitos com a resolução do filho.
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