Liturgia, escola de oração: este foi o tema da catequese de Bento XVI,
proferida diante de 25 mil fiéis na Praça São Pedro, na manhã desta quarta-
feira, 26 de setembro. “É o próprio Senhor que nos ensina a rezar” – afirmou o
Pontífice.
O Papa disse que “na realidade, somente em Cristo
o homem é capaz de se unir a Deus com a profundidade e a intimidade que um
filho tem com seu pai”. E explicou que “para aprender a viver com mais
intensidade a relação pessoal com Deus Uno e Trino, aprendemos a invocar o
Espírito Santo, primeiro dom do Ressuscitado aos que crêem”. “Na leitura e na
meditação das Escrituras, o Espírito Santo nos ensina a rezar” – completou.
A ideia central expressa pelo Pontífice é que
existe outra fonte para crescer na oração, estritamente relacionada à
precedente: a Liturgia, âmbito privilegiado em que Deus fala com cada um de nós
e aguarda nossas respostas.
Mas o que é a Liturgia? Segundo a tradição cristã
– como indicado no Catecismo da Igreja Católica – significa a participação do
Povo de Deus na obra de Deus. E de que obra de Deus somos chamados a
participar? O Concílio Vaticano indica duas respostas: a primeira são as ações
históricas que nos salvam, culminadas na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo;
e a segunda, na celebração da liturgia como «obra de Cristo».
Os dois significados são inseparavelmente ligados,
e se resumem na ação de Cristo através da Igreja, especialmente no Sacramento
da Eucaristia, no Sacramento da Reconciliação e em outros atos sacramentais que
nos santificam. Assim, o Mistério Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo foi
o centro da teologia litúrgica do Concílio. De fato, o Papa recordou que o
esquema da Liturgia foi o primeiro tema discutido no Concílio Vaticano II, e
também o primeiro a ser aprovado.
Citando mais uma vez o Catecismo, Bento XVI lembrou que “toda celebração sacramental é um encontro dos filhos com Deus e com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo, e tal encontro se realiza no diálogo, por meio de ações e palavras”. Portanto, a primeira condição para uma boa celebração litúrgica é que haja oração e conversa com Deus: escuta e resposta. E o elemento fundamental, primário, do diálogo com Deus na liturgia, é a concordância entre o que dizemos com os lábios e o que trazemos em nosso coração. Concluindo o discurso, o Papa insistiu que com esta atitude, nossos corações estarão livres dos fardos deste mundo e subirão ao alto, rumo à verdade e ao amor.
Após a catequese em italiano, Bento XVI fez
resumos do texto em várias línguas, inclusive em português:
“Ao tratar o tema da oração, nestes últimos meses,
procuramos aprender a rezar de modo cada vez mais autêntico, fixando o olhar em
algumas grandes figuras, especialmente no exemplo de Jesus, cientes de que
somente Ele é capaz de nos unir a Deus com a profundidade e intimidade de
filhos que Lhe podem chamar: Abba, Pai. Pois bem! Um âmbito privilegiado, onde
Deus fala a cada um de nós e espera a nossa resposta é a liturgia. Nesta, o
povo fiel toma parte na obra de Deus, isto é nas ações por Ele realizadas na história
humana que nos trazem a salvação e que culminam na Morte e Ressurreição de
Jesus. A liturgia é o «espaço» onde o Mistério da Morte e Ressurreição se torna
atual, se faz presente no meu hoje, através da ação de Cristo na Igreja. Por
isso, cada celebração litúrgica, especialmente a Eucaristia, é um encontro dos
filhos de Deus com o seu Pai, por Cristo e no Espírito Santo. Queridos
peregrinos de língua portuguesa, a todos vós dirijo uma calorosa saudação!
Particularmente, saúdo os membros da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de
Jerusalém e todos os grupos vindos do Brasil. Tende por centro da vossa vida de
oração a liturgia, que vos une ao Mistério de Cristo e ao Seu diálogo com o
Pai, procurando que concordem as palavras de vossos lábios com os sentimentos
do coração. E que desça sobre vós as bênçãos de Deus”.
Antes de encerrar o encontro, o Papa recordou que
hoje celebramos a memória dos santos médicos Cosme e Damião. Bento XVI pediu
aos jovens que ajudem a curar os sofrimentos dos irmãos com carinho, e
confortou os doentes afirmando que a melhor terapia é a confiança em Deus, a
quem falamos com a oração.
FONTE: Rádio Vaticano
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário ou pergunta!