Da Carta aos romanos, de Santo
Inácio, bispo e mártir
(Cap.4,1-2;6,1-8,3: Funk 1,217-223)
(Séc. I)
Tenho escrito a todas as Igrejas e a
todas elas faço saber que moro por Deus com alegria, desde que vós não me
impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me
ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus,
serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai
a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus.

O príncipe deste mundo deseja
arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o
ajude! Ponde-vos de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Não podeis dizer o
nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo. Que a inveja não more em vós! Mesmo
que eu em pessoa vos rogue, não me acrediteis; crede antes no que vos escrevo, desejando
morrer. Meu amor está crucificado, a matéria não me inflama, porque uma água
viva e murmurante dentro de mim me diz em segredo: “Vem para o Pai”. Não sinto
prazer com o alimento corruptível nem com os prazeres deste mundo. Quero o pão
de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi; e quero a
bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível.
Não quero mais viver segundo os homens.
Isto acontecerá se vós quiserdes. Rogo-vos que o queirais para alcançardes
também vós a misericórdia. Com poucas palavras dirijo-me a vós; acreditai em
mim! Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade; ele, a boca verdadeira
pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós por mim, para que o consiga.
Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus vos escrevi. Se for
martirizado, vós me quisestes bem; se rejeitado, vós me odiastes.
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