“Garotos
novos não querem fazer coisas de meninas. É algo natural. Eu acho que isso tem
contribuído para uma perda de vocações sacerdotais”. E também: “Com
exceção do padre, o santuário se encheu de mulheres. As atividades da paróquia
e até da liturgia se tornaram tão femininas em diversos lugares que os homens
não querem mais se envolver”.
Fonte: The Washington Post
Tradução e comentário Associação Cultural Montfort
Por David Gibson | Religion News Service
Cardeal Burke |
O Cardeal Raymond Burke, um importante clérigo
americano em Roma, que tem sido um dos maiores críticos da pressão por reformas
do Papa Francisco, está causando barulho mais uma vez, desta vez ao argumentar
que a Igreja Católica tornou-se muito “feminilizada”.
Burke, que recentemente foi rebaixado da mais alto
tribunal do Vaticano a um posto filantrópico e cerimonial, também apontou a
introdução de coroinhas meninas como razão para menos homens aderirem ao
sacerdócio.
” Garotos novos não querem fazer coisas de meninas.
É algo natural”, disse Burke em uma entrevista publicada nesta segunda-feira
(05 de janeiro). “Eu acho que isso tem contribuído para uma perda de vocações
sacerdotais”.
“Servir como um coroinha ao lado de um sacerdote
requer certa disciplina masculina, e a maioria dos sacerdotes tiveram suas
primeiras experiências profundas da liturgia como coroinhas”, disse o
ex-arcebispo de St. Louis a Matthew James Christoff, que lidera um movimento de
homens católicos chamado “The New Emangelization Project” [um trocadilho de
Nova Evangelização com masculinização].
“Se não estamos treinando garotos como coroinhas,
dando-lhes uma experiência de servir a Deus na liturgia, não devemos nos
surpreender que as vocações tenham caído drasticamente”, disse Burke.
A Igreja Católica retirou a proibição de
assistência de meninas aos sacerdotes durante a Missa em 1983, e hoje é comum
ver mais meninas do que meninos ajudando no altar. Apenas uma diocese
norte-americana, em Lincoln, Nebraska, ainda barra coroinhas meninas, apesar de
várias outras paróquias esparsas excluírem-nas também, na esperança de
incentivarem mais rapazes e homens a considerar o sacerdócio como exclusivamente
masculino.
Na entrevista, Burke também culpou clérigos
homossexuais pela crise de abuso sexual na Igreja, dizendo que sacerdotes “que
eram efeminados e confusos sobre a sua própria identidade sexual” foram aqueles
que molestaram crianças.
Pesquisadores têm contestado essa afirmação, e
especialistas notam que o aumento relatado no número de gays a entrar no
sacerdócio desde a década de 1980 coincidiu com uma queda acentuada nos casos
de abuso.
[A afirmação do Cardeal Burke é corroborada pelo especialista
Dr. Richard Fitzgibbons, em entrevista a ACI Digital. Esse
psiquiatra de renome somente não menciona o dado do aumento dos padres gays a
partir dos anos 80. Tais padres realmente entraram na Igreja em maior número a
partir dessa década – talvez pela mesma brecha por onde entrou a “fumaça de
Satanás”. Ainda que tardiamente, porém, no pontificado de Bento XVI, foi
publicada uma instrução sobre os critérios vocacionais determinando que devem
ser obrigatoriamente afastados os candidatos ao sacerdócio que “praticam
o homossexualismo, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou
defendem a chamada cultura gay ” (Instrução sobre os critérios de discernimento
vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e sua admissão ao
seminário e às ordens sacras, n.2 ) Infelizmente pouco se tem
visto a aplicação concreta dessa instrução – salvo honrosas exceções – o que
nos levar a temer que esses fatos tão lamentáveis possam se repetir].
Burke, 66 anos, falou com Christoff em dezembro,
durante uma visita a La Crosse, Wisconsin, onde Burke serviu como bispo na
década de 90, antes de ser nomeado arcebispo de St. Louis. Em 2008, o então
Papa Bento XVI chamou Burke ao Vaticano para dirigir o tribunal superior da
igreja e fez dele cardeal.
Essa posição de prestígio deu peso a suas críticas
cada vez mais incisivas e diretas a Francisco, que sucedeu Bento em março de
2013.
Em uma medida incomum, Francisco efetivamente
rebaixou Burke em novembro, removendo-o de seu trabalho na Cúria Romana para um
cargo em grande parte cerimonial como patrono da Ordem de Malta, uma
organização católica global de caridade com sede em Roma.
Observadores do Vaticano suspeitam que essa troca,
na verdade, daria mais liberdade a Burke para dizer o que pensa, e nesta última
entrevista, o cardeal atacou com mais vigor temas que ele já havia atacado: que
mudanças liberalizantes na sociedade e na Igreja, especialmente o “feminismo radical”,
tem minado gravemente a fé católica desde os anos 70.
Burke disse se lembrar de “rapazes me dizendo que
eles estavam, de certa forma, assustados com o casamento por causa das atitudes
radicalizadas e autocentradas das mulheres que estavam surgindo naquela época.
Esses jovens estavam preocupados de entrar em um casamento que simplesmente não
iria funcionar por causa de uma constante e insistente reivindicação de
direitos para as mulheres”.
Ele disse que “o movimento feminista radical
influenciou fortemente a Igreja” também.
O foco em questões das mulheres, disse ele, além de
“um completo colapso” do ensino religioso e a “experimentação litúrgica
galopante”, levaram a Igreja a se tornar “muito feminilizada”. Isso
desestimulou homens que “[preferem] responder a rigor, precisão e excelência”,
disse Burke.
“Com exceção do padre, o santuário se encheu de
mulheres”, disse ele. “As atividades da paróquia e até da liturgia foram
influenciadas pelas mulheres e se tornaram tão femininas em diversos lugares
que os homens não querem se envolver”.
Burke, um tradicionalista litúrgico, bem como um
conservador doutrinário, que é conhecido por usar elaborados paramentos de seda
e renda para celebrar a Missa, também disse que “os homens precisam se vestir e
agir como homens de uma forma que seja respeitosa a si mesmos, às mulheres e
aos filhos”.
Créditos e Tradução: AssociaçãoCultural Montfort
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