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quinta-feira, 8 de maio de 2014

V e ultima Parte - Imaculada Conceição por Padre Júlio Maria de Lombaerde



V e ultima Parte

Apologética Católica com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções protestantes".)
 
IX. Cheia de graça

Nova objeção. Não devia faltar. Eis, dizem eles, como os padres raciocinam. Dizem que Maria é cheia de graça...e que ser cheia de graça é ser imaculada.


Então S.Isabel “cheia do Espírito Santo”; S.João Batista, também “cheio do Espírito”, e outros, são igualmente imaculados.

É um argumento de criança. Examinem bem a diferença dos termos, e portanto da significação.

De S.João, o evangelista diz: Spiritu Sancto replebitur (Lc 1, 15).

De S.Isabel, ele diz: Repleta est Spiritu Sancto Elisabeth (Lc 1, 41).

De Maria SS.o arcanjo diz: Ave, gratia plena (Lc 1,28)

Estes termos são muito diferentes. A Sagrada Escritura emprega continuadamente o termo: Repletus...estar cheio, no sentido de abundância relativa...uma certa quantidade, comoRepletus consolatione (2 Cor 7,4), cheio de consolação; repletus iniquitate (Miq 6, 12) cheio de iniqüidade; repletus dilectione (Rom 15, 14), cheio de amor, etc.

Falando da SS.Virgem, o termo é diferente e significa uma plenitude completa. O grego Kecharitoménê, particípio passado decharitóô, de cháris, é empregado na Sagrada Escritura para designar a graça, tomado no sentido teológico, isso é, por um dom divino que adere à nossa alma. O sentido exato, dizem os exegetas é: omnino gratiosa reddita, que se tornou plenamente graciosa, em outros termos: omnino plena caelesti gratia: cheia de graça.

Os termos assim bem compreendidos, pode-se formar o silogismo: Maria SS. estava cheia de graça, ao ponto que nada mais podia conter. Ora, se ela tivesse o pecado original, ela não estaria mais cheia, pois podia receber uma graça (a preservação do pecado) que não recebera. É pois necessário admitir a imaculada conceição, como fazendo parte de sua plenitude.

Os teólogos citam outro argumento ainda (Tract. B. V. Lepicier, p.100): A graça estava na Santíssima Virgem, do mesmo modo que em Deus, devido à união dela com a divindade na produção do corpo de Jesus Cristo, que é o corpo de uma pessoa divina. Ora, esta graça tem por propriedade de nunca ter faltado a Deus. É, pois, necessário que Maria SS. nunca tenha sido privada da graça, o que só pode ser, admitindo a imaculada conceição.

Outro argumento teológico: O anjo saúda a Maria como sendo bendita entre, ou acima de todas as mulheres. Ora, em que Maria seria superior a todas as mulheres, senão pela imaculada conceição?

X. Proclamação deste dogma

Maria SS. é verdadeiramente imaculada, isso é, preservada da mácula do pecado original, pela aplicação antecipada dos merecimentos de Jesus Cristo. É um dogma da nossa fé, solenemente proclamado pelo Papa Pio IX, em 1854.

Aqui vem uma pedra formidável dos mansos protestantes. Ouço-os gritar... “Estão vendo...tal imaculada conceição é uma novidade, data apenas de 1854! É uma invenção romana!”

Pobres de espírito, escutem bem! Existir é uma coisa; ser proclamado é outra coisa.

Quando Denis Papin proclamou em 1710 a lei da pressão do vapor...já não existia a tal pressão?

Quando Ramsden em 1779 proclamou a existência da eletricidade: já não existia ela?

Quando Franklin proclamou a atração do pára-raio, em 1780... não existia ainda o raio, o trovão e o relâmpago? A asserção é ridícula.

A Igreja proclamou a conceição imaculada em 1854, em defesa deste privilégio, contra os ataques ímpios protestantes, porém tal privilégio existiu sempre, na Bíblia, na Tradição e na pessoa da Virgem Maria.

XI.Conclusão

Tiremos a conclusão: Maria SS. é imaculada. É certo.

O fim da Encarnação inclui a imaculada conceição. Este fim é resgatar-nos do pecado original; em conseqüência a Encarnação e o pecado original excluem-se mutuamente. São dois termos opostos, como são opostos os termos de luz e trevas, de dia e noite. 

Como é que a Virgem, pela qual deve vir a libertação, pode ser escrava de Satanás? Como é que a Virgem, que deve dar a Cristo um corpo e um sangue imaculados, pode estar manchada pela culpa original? Seria isso dizer que pode circular uma água cristalina num canal imundo. Seria afirmar que uma mãe preta pode gerar um filho branco. Isso é o contrário da Bíblia que diz: Quem pode tirar um fruto puro de uma semente impura? (Jó 14, 36).
 
Como então, mais tarde, Jesus poderia expulsar os espíritos imundos (Lc 4, 36), se ele mesmo era o fruto do pecado, pelo nascimento de uma mãe pecadora?

Não está vendo que isso é insensato?

Ela nos traz a luz...e ela estaria nas trevas! Ela nos traz o preço do nosso resgate e ela seria devedora! Ela seria a mãe da pureza infinita, e ela seria impura. Ela seria a Mãe de Deus e filha do pecado!Ela seria revestida de sol, da lua e de estrelas, como descreve S.João (Apoc 12,1), e ela teria nascido nas trevas!

Não se vê que isso é uma blasfêmia... um insulto a Deus! Concluamos, pois, dizendo que Maria SS. devia ser imaculada, e que o foi, conforme o bom senso e a Sagrada Escritura nos indicam.

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