III Parte
Apologética Católica
com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do
Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções
protestantes".)
V. A
Imaculada Conceição
Eis-nos, com uma lógica irrefutável, em frente do
mistério da imaculada conceição...que não é outra coisa senão a preservação do
pecado original, em previsão dos merecimentos futuros do Salvador.
Diga, amigo protestante, não é lógico isso?...não é
convincente?...não é necessário?...Pois bem, a tal preservação é o que nós
chamamos: imaculada conceição.
Está vendo que tal privilégio, outorgado à pura Mãe
de Jesus, não é, como aos protestantes se afigura: um bicho de sete cabeças, um
espantalho misterioso!...
É a coisa mais lógica do mundo, que eles negam por
não saber o que é, e que seus pastores combatem, unicamente para dar-se um
jeitinho de bíblico, para passar por homens inteligentes, entendidos, zelosos
discípulos da Bíblia, que não compreendem.
A imaculada conceição abrange dois pontos
importantes que convém salientar, porque destroem, de antemão, as objeções
protestantes.
1) O primeiro é ter sido a SS.Virgem preservada da
mancha original, desde o príncipio da sua conceição.
2) O segundo é que tal privilégio não lhe era
devido por direito, mas foi-lhe concedido em previsão dos merecimentos de Jesus
Cristo.
Como tal, Maria SS. foi resgatada por Jesus Cristo,
como qualquer um de nós; mas convém notar que há duas maneiras deresgatar, ou
salvar uma pessoa: antes da queda ou pelo levantamento. O primeiro resgate é de
Maria SS.; o segundo é o nosso.
Cristo morreu para todos, diz o Apóstolo (2 Cor 5,15)
e ainda:Um só morreu para todos (2 Cor 5,14). Morreu de fato para todos, e em
previsão de sua morte preservou a sua Mãe da mancha do pecado, sendo ela, deste
modo, a primeira resgatada, e a mais bela conquista do seu sangue.
VI. As
provas da Bíblia
O que acabamos de dizer é lógico, meu caro
protestante, e se impõe a uma inteligência não viciada pelo preconceito. Eu sei
que isso não é ainda o bastante para vós, por isso apoiemos tal doutrina sobre
a Bíblia. Abrindo o Gênesis, encontramos no capítulo 3,15, as seguintes
palavras que Deus dirigiu ao demônio, depois da queda dos nossos primeiros
pais: Inimicitias ponam inter te et mulierem, et sêmen tuum et sêmen illius:
ipsa conteret caput tuum (Gn 3,15).
A tradução popular deste texto é: Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a tua posteridade e a posteridade dela: ela te
pisará a cabeça.
A tradução literal seria: Porém inimizade entre ti
e a mulher, entre a tua semente e a semente dela: ela te esmagará a cabeça.
A primeira tradução está mais ao alcance de todos:
a segunda se aproxima mais do texto oficial da Vulgata.
Este texto refere-se à SS.Virgem, pois é impossível
restringir a sua significação à pessoa de Eva... Assim limitado, este texto
perderia toda significação. Esta mulher é a Virgem Santíssima, filha de Adão e
Eva pela natureza, filha e esposa de Deus, pela graça. Sua posteridade, sua
semente é o seu filho unigênito Jesus Cristo, em Jesus, são os Cristãos. A
serpente é o demônio; e os filhos do demônio são os infiéis e ímpios, diz
Cornélio a Lápide.
A SS. Virgem, por si, por Jesus e pela Igreja,
esmaga a cabeça da serpente. Esmaga-a pela sua imaculada conceição, pela
perfeição de sua santidade, pelo seu triunfo sobre o pecado e sobre a morte.
Esmaga-a por Jesus, que é o vencedor de Satanás, do pecado do mundo. Esmaga-a
pela Igreja, isso é, pelos membros fiéis, pelos católicos fervorosos que
procuram viver para Deus.
Diante deste texto luminoso, profético, que tanto
exalta a grandeza e o poder da SS.Virgem, os amigos protestantes procuram todos
os meios de desviar o sentido, e de excluir dele a Santíssima Virgem.
A tradição cristã sempre viu nesta passagem
simbólica a figura do Cristo e de sua SS. Mãe; só a obcecação protestante
procura contestar esta figura... sem depois saber a quem aplicá-la.
Destroem, mas sobre as ruínas acumuladas são
incapazes de edificar outro edifício...Procuram nos textos antigos se não houve
qualquer divergência a respeito, e encontram qualquer coisa, sem mudança
essencial, apenas acidental, mas que lhes permite pelo menos suscitar um
protesto e formular uma objeção.
Há três versões diferentes do texto citado.
O texto oficial da Vulgata diz: A mulher te
esmagará a cabeça (ipsa).
A versão hebraica diz: A semente da mulher te
esmagará a cabeça (ipsum).
A versão caldaica diz: O filho (Cristo) te esmagará
a cabeça. (ipse)
Que belo achado! Os protestantes gritaram o seu
eureca...Tudo serve: ipse, ou ipsum, só não pode servir ipsa, porque este ipsa
refere-se a Maria Santíssima. É o tradicional ódio à Mãe de Jesus. Haja
discussão!...haja trevas!...haja objeções...haja dúvida...para afastar o texto
da Mãe de Jesus, e remover a figura majestosa da Virgem, desta primeira página
bíblica.
E no meio da balbúrdia, os pobres protestantes, não
enxergam que tal mudança de pronome: ipse, ipsa, ipsum, só tem valor
secundário, que não muda em nada o valor do texto, nem a extensão de sua
significação.
Menos precipitação, menos paixão e mais sinceridade
lhes teria mostrado que o sentido fica sempre aquele que interpretou São
Jerônimo, adotando o pronome ipsa: ela: a SS.Virgem.
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