I Parte
A
IMACULADA CONCEIÇÃO
Fonte:
Capela Nossa Senhora das
Alegrias
Apologética Católica
com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do
Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções
protestantes".)
Pede-se um texto da bíblia que prove que
Maria foi concebida sem pecado. É a segunda objeção formidável, que prova
a supina ignorância de quem a formula. Falam de conceição imaculada de Maria,
sem saber de que se trata, em que consiste e qual
a significação das palavras. Eis por que vou citar,
não somente um texto da bíblia, mas sim diversos, e explicar o mais claro
possível o que é a imaculada conceição, para que o meu amigo
protestante entenda que ele pretende combater o que ignora. Escute bem, meu
amigo.
Padre Júlio Maria de Lombaerde |
O pecado original é o pecado cometido por
Adão e Eva, desobedecendo a Deus. Este pecado, em Adão era atual, e o afastou
de Deus, como fim sobrenatural. Em nós, é um pecado de raça.
O gênero humano forma um corpo único, como ensina
S. Paulo: assim como o corpo é um, e tem muitos membros... assim é também Cristo,
porque num espírito fomos batizados todos nós, para sermos um só
corpo (1 Cor 12, 12).
Cristo é a cabeça sobrenatural deste corpo... sendo
Adão a sua cabeça natural e moral. A cabeça moral pecando, todos os
membros participam deste pecado.
Quando Deus criou nossos primeiros
pais, estabeleceu-os no estado de inocência, de justiça original e de
santidade, outorgando-lhes dons de três qualidades: naturais, sobrenaturais e
preternaturais.
Os dons naturais são as propriedades do
corpo e da alma, exigidos por sua natureza dos homens, para alcançar o seu fim
natural. Os dons sobrenaturais são: a graça santificante que faz deles filhos
de Deus e predestinados à visão beatífica. Os dons preternaturais consistem na
imunidade do sofrimento, da morte, da ignorância e da concupiscência.
Adão e Eva, desobedecendo a Deus, cometeram um
pecado mortal (Gn 2,17) e perderam a graça divina, com todos os dons que
excediam as exigências da natureza humana. Perderam todos os dons
sobrenaturais e preternaturais, conservando apenas os dons naturais, porém
muito enfraquecidos. Os dons naturais não lhes foram retirados em sua
constituição intrínseca, mas em seu exercício; as paixões desnorteando o juízo
e enfraquecendo a vontade.
Este pecado, sendo um pecado de raça, transmite-se
a todos os que pertencem à raça humana.
O pecado entrou no mundo por um homem só, diz o
Apóstolo (Rom 5,22). E ainda: Se um só morreu para todos é porque todos
estavam mortos (2 Cor 5,14).
Todos estavam mortos em Adão. Todos! Logo também
Maria SS.
Entende-se por morta em Adão o fato de Maria, em
virtude da sua conceição, estar sujeita ao pecado original por direito, porém
não estava sujeita a este pecado de fato, porque uma graça singular do Redentor preservou-a,
afastando dela a privação que constitui o pecado original.
Maria, em virtude da sua descendência natural de
Adão, estaria sujeita ao pecado, se não fosse, como pessoa, preservada dele.
Como criatura, Maria devia herdar o pecado original; como Mãe de Deus, devia
ela ser preservada.
II.
A objeção protestante
A curta definição supra, simples definição do
pecado original, é imediatamente impugnada pelos protestantes, que não querem
compreender a verdade.
O mesmo pastor, já citado diversas vezes, que tem a
reputação de ser um farol da seita, para não dizer um lampião, começa logo com
suas invenções.
Maria Imaculada – quer dizer que a bendita Virgem
foi concebida sem pecado, tal qual o seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ignorância, sempre a mesma ignorância. Quem é,
entre os teólogos católicos, que assevera tal absurdo?
O amigo protestante inventa um absurdo e pretende
refutá-lo, quando tal absurdo nunca figurou na doutrina católica, e é por ela
formalmente combatido.
Para combater a doutrina católica, caro protestante
é necessário conhecer esta doutrina, e não inventá-la de sua cabeça.
Não; absolutamente não, a Igreja nunca ensinou que
Maria foi concebida sem pecado, tal qual Nosso Senhor Jesus Cristo... Tal
asserção ridícula não passa de uma grotesca calúnia.
A imaculada conceição não consiste em qualquer derrogação
das leis da natureza, que presidem à procriação do homem.
Nascer de uma Virgem milagrosamente feita mãe pela
exclusiva operação do Espírito Santo, é um privilégio que Jesus Cristo reservou
para si mesmo. Não quis partilhá-lo com ninguém, nem sequer com aquela que
devia dar-lhe a vida.
Maria SS. entrou neste mundo pelas vias comuns da
natureza, ela foi o fruto bendito de Sant’ Ana e de S. Joaquim.
Com S. Boaventura e o Papa Bento XIV, pode-se
distinguir no homem uma dupla conceição: uma ativa, que é a procriação do
corpo, e uma passiva, que é a união da alma ao corpo gerado.
A conceição ativa de Maria SS. em nada difere da
conceição das outras crianças.
A conceição passiva, ao contrário, é completamente
diferente.
A nossa alma, no momento de unir-se ao corpo que
ela deve vivificar, é contaminada pelo pecado original; enquanto a alma de
Maria SS. foi milagrosamente preservada desta mancha.
O pecado original é essencialmente uma privação. É
a privação da graça primordialmente concedida à natureza humana, na pessoa
de Adão.
Na ordem intelectual e moral, pode-se dizer que a
diferença entre o primeiro homem (Adão) e o homem decaído, o primeiro criado na
natureza pura, e o segundo na natureza manchada, é o mesmo que aquela que
existe na ordem física entre um homem civilizado, despojado dos vestidos que
devia trajar, e um selvagem, que nunca usou roupagem.
Nos desígnios de Deus, a graça sobrenatural devia
encontrar-se em todos os homens que nascem, mas depois do pecado original a
alma, chegando à existência é pobre, nua, miserável, privada dos dons
magníficos da graça.
Essa nudez é para a alma uma mancha, como a
ausência das vestes é, para um homem civilizado, uma verdadeira mancha.
Tiremos agora a conclusão desta doutrina. O pecado
original sendo essencialmente a privação da graça santificante, que a alma
devia ter, deve-se concluir que a imaculada conceição consiste em que Maria SS.
nunca conheceu, nem um único instante, esta privação, mas que desde o momento
que foi criada a sua alma e unida ao corpo, preparado naturalmente para
recebê-la, ela achou-se revestida da justiça e da santidade, por uma graça
especial de Deus e uma aplicação antecipada dos méritos do Salvador.
Este privilégio é sumamente glorioso para Maria
SS., é este até único em seu gênero, porém não pode, de nenhum modo ser
assemelhado à conceição humana do Salvador.
De fato, o corpo do Salvador foi formado no seio de
uma Virgem, por uma operação pura e divina do Espírito Santo, enquanto o corpo
de Maria SS. teve a origem comum dos outros corpos humanos.
A santidade original é, em Jesus, uma condição de
sua natureza, um atributo essencial da sua pessoa.
Em Maria a santidade original é um privilégio, uma
graça gratuita, concedida em previsão dos méritos do Salvador.
O Redentor estava infinitamente acima da corrupção
comum. Maria SS. estava sujeita a esta corrupção, mas foi dela preservada.
Assim entendido – no sentido da doutrina católica a
prerrogativa da Mãe não prejudica a excelência do Filho.
Jesus é inocente por natureza; Maria o é por graça.
Jesus o é por excelência; Maria SS. o é por
privilégio.
Jesus o é como Redentor; Maria SS. o é como a
primeira resgatada pelo sangue divino, mas num resgate antecipado.
Eis a bela, a gloriosa, e luminosa doutrina da
imaculada conceição, que os protestantes ignoram por completo, e que pretendem
combater, sem conhecê-la.
Excelente publicação.
ResponderExcluirMuito bom o artigo. Obrigado querido Pedro.
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