Nosso Canal

sábado, 3 de maio de 2014

I Parte - Imaculada Conceição por Padre Júlio Maria de Lombaerde



I Parte
A IMACULADA CONCEIÇÃO
Fonte: Capela Nossa Senhora das Alegrias

Apologética Católica com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções protestantes".)

Pede-se um texto da bíblia que prove que Maria foi concebida sem pecado. É a segunda objeção formidável, que prova a supina ignorância de quem a formula. Falam de conceição imaculada de Maria, sem saber de que se trata, em que consiste e qual a significação das palavras. Eis por que vou citar, não somente um texto da bíblia, mas sim diversos, e explicar o mais claro possível o que é a imaculada conceição, para que o meu amigo protestante entenda que ele pretende combater o que ignora. Escute bem, meu amigo.

I. O que é o pecado original

Padre Júlio Maria de Lombaerde
O pecado original é o pecado cometido por Adão e Eva, desobedecendo a Deus. Este pecado, em Adão era atual, e o afastou de Deus, como fim sobrenatural. Em nós, é um pecado de raça.

O gênero humano forma um corpo único, como ensina S. Paulo: assim como o corpo é um, e tem muitos membros... assim é também Cristo, porque num espírito fomos batizados todos nós, para sermos um só corpo (1 Cor 12, 12).

Cristo é a cabeça sobrenatural deste corpo... sendo Adão a sua cabeça natural e moral. A cabeça moral pecando, todos os membros participam deste pecado.

Quando Deus criou nossos primeiros pais, estabeleceu-os no estado de inocência, de justiça original e de santidade, outorgando-lhes dons de três qualidades: naturais, sobrenaturais e preternaturais.

Os dons naturais são as propriedades do corpo e da alma, exigidos por sua natureza dos homens, para alcançar o seu fim natural. Os dons sobrenaturais são: a graça santificante que faz deles filhos de Deus e predestinados à visão beatífica. Os dons preternaturais consistem na imunidade do sofrimento, da morte, da ignorância e da concupiscência. 

Adão e Eva, desobedecendo a Deus, cometeram um pecado mortal (Gn 2,17) e perderam a graça divina, com todos os dons que excediam as exigências da natureza humana. Perderam todos os dons sobrenaturais e preternaturais, conservando apenas os dons naturais, porém muito enfraquecidos. Os dons naturais não lhes foram retirados em sua constituição intrínseca, mas em seu exercício; as paixões desnorteando o juízo e enfraquecendo a vontade.

Este pecado, sendo um pecado de raça, transmite-se a todos os que pertencem à raça humana.

O pecado entrou no mundo por um homem só, diz o Apóstolo (Rom 5,22). E ainda: Se um só morreu para todos é porque todos estavam mortos (2 Cor 5,14).

Todos estavam mortos em Adão. Todos! Logo também Maria SS.

Entende-se por morta em Adão o fato de Maria, em virtude da sua conceição, estar sujeita ao pecado original por direito, porém não estava sujeita a este pecado de fato, porque uma graça singular do Redentor preservou-a, afastando dela a privação que constitui o pecado original.

Maria, em virtude da sua descendência natural de Adão, estaria sujeita ao pecado, se não fosse, como pessoa, preservada dele. Como criatura, Maria devia herdar o pecado original; como Mãe de Deus, devia ela ser preservada.

II. A objeção protestante

A curta definição supra, simples definição do pecado original, é imediatamente impugnada pelos protestantes, que não querem compreender a verdade.

O mesmo pastor, já citado diversas vezes, que tem a reputação de ser um farol da seita, para não dizer um lampião, começa logo com suas invenções.

Maria Imaculada – quer dizer que a bendita Virgem foi concebida sem pecado, tal qual o seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ignorância, sempre a mesma ignorância. Quem é, entre os teólogos católicos, que assevera tal absurdo?

O amigo protestante inventa um absurdo e pretende refutá-lo, quando tal absurdo nunca figurou na doutrina católica, e é por ela formalmente combatido. 

Para combater a doutrina católica, caro protestante é necessário conhecer esta doutrina, e não inventá-la de sua cabeça.

Não; absolutamente não, a Igreja nunca ensinou que Maria foi concebida sem pecado, tal qual Nosso Senhor Jesus Cristo... Tal asserção ridícula não passa de uma grotesca calúnia.
 
A imaculada conceição não consiste em qualquer derrogação das leis da natureza, que presidem à procriação do homem.

Nascer de uma Virgem milagrosamente feita mãe pela exclusiva operação do Espírito Santo, é um privilégio que Jesus Cristo reservou para si mesmo. Não quis partilhá-lo com ninguém, nem sequer com aquela que devia dar-lhe a vida.

Maria SS. entrou neste mundo pelas vias comuns da natureza, ela foi o fruto bendito de Sant’ Ana e de S. Joaquim.

Com S. Boaventura e o Papa Bento XIV, pode-se distinguir no homem uma dupla conceição: uma ativa, que é a procriação do corpo, e uma passiva, que é a união da alma ao corpo gerado.

A conceição ativa de Maria SS. em nada difere da conceição das outras crianças.

A conceição passiva, ao contrário, é completamente diferente.

A nossa alma, no momento de unir-se ao corpo que ela deve vivificar, é contaminada pelo pecado original; enquanto a alma de Maria SS. foi milagrosamente preservada desta mancha.

O pecado original é essencialmente uma privação. É a privação da graça primordialmente concedida à natureza humana, na pessoa de Adão.

Na ordem intelectual e moral, pode-se dizer que a diferença entre o primeiro homem (Adão) e o homem decaído, o primeiro criado na natureza pura, e o segundo na natureza manchada, é o mesmo que aquela que existe na ordem física entre um homem civilizado, despojado dos vestidos que devia trajar, e um selvagem, que nunca usou roupagem.

Nos desígnios de Deus, a graça sobrenatural devia encontrar-se em todos os homens que nascem, mas depois do pecado original a alma, chegando à existência é pobre, nua, miserável, privada dos dons magníficos da graça.

Essa nudez é para a alma uma mancha, como a ausência das vestes é, para um homem civilizado, uma verdadeira mancha.

Tiremos agora a conclusão desta doutrina. O pecado original sendo essencialmente a privação da graça santificante, que a alma devia ter, deve-se concluir que a imaculada conceição consiste em que Maria SS. nunca conheceu, nem um único instante, esta privação, mas que desde o momento que foi criada a sua alma e unida ao corpo, preparado naturalmente para recebê-la, ela achou-se revestida da justiça e da santidade, por uma graça especial de Deus e uma aplicação antecipada dos méritos do Salvador.

Este privilégio é sumamente glorioso para Maria SS., é este até único em seu gênero, porém não pode, de nenhum modo ser assemelhado à conceição humana do Salvador.

De fato, o corpo do Salvador foi formado no seio de uma Virgem, por uma operação pura e divina do Espírito Santo, enquanto o corpo de Maria SS. teve a origem comum dos outros corpos humanos.

A santidade original é, em Jesus, uma condição de sua natureza, um atributo essencial da sua pessoa.

Em Maria a santidade original é um privilégio, uma graça gratuita, concedida em previsão dos méritos do Salvador.

O Redentor estava infinitamente acima da corrupção comum. Maria SS. estava sujeita a esta corrupção, mas foi dela preservada.

Assim entendido – no sentido da doutrina católica a prerrogativa da Mãe não prejudica a excelência do Filho.

Jesus é inocente por natureza; Maria o é por graça.

Jesus o é por excelência; Maria SS. o é por privilégio.

Jesus o é como Redentor; Maria SS. o é como a primeira resgatada pelo sangue divino, mas num resgate antecipado.

Eis a bela, a gloriosa, e luminosa doutrina da imaculada conceição, que os protestantes ignoram por completo, e que pretendem combater, sem conhecê-la.

2 comentários:

Obrigado pelo seu comentário ou pergunta!