A Comissão Internacional de Diálogo Luterano-católica pela Unidade, já há alguns anos organizou uma programação com vistas a uma possível declaração comum por ocasião do ano da comemoração da Reforma, em 2017. Nos últimos cinquenta anos, o diálogo ecumênico realizou grandes esforços buscando relacionar a teologia dos reformadores às decisões do Concílio de Trento e do Vaticano II, avaliando se as respectivas posições se excluem ou se completam mutuamente.
Em 2013, a Comissão de diálogo publicou o documento intitulado 'From Conflict to Communion. Lutheran Catholic Commom Commemoration of the Reformation in 2017', onde após uma detalhada introdução sobre as comemorações comuns, dedica dois capítulos à apresentação dos eventos da Reforma, resume a teologia de Martin Lutero e ilustra as resoluções do Concílio de Trento. A conclusão do documento apresenta um resumo das principais decisões comuns da Comissão de Diálogo Luterano-católico em 1967, particularmente sobre a justificação, a Eucaristia, as Escrituras e a Tradição.
O documento sobre os preparativos às comemorações, foi apresentado em 17 de
junho de 2013 durante uma coletiva de imprensa realizada do Centro
Ecumênico de Genebra, e contou com a presença, entre outros, do Presidente e
Secretário da Federação Luterana Mundial (FLM), de Dom Munib Youan e do Cardeal
Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos
Cristãos.
Lançando uma nova luz sobre questões centrais da fé, o documento
ecumênico possibilita a superação das controvérsias dos séculos passados e
lança bases para uma reflexão ecumênica que se distinga do pensamento dos
séculos precedentes, convidando assim os cristãos a considerar esta relação
com espírito aberto, mas também crítico, para se avançar ainda mais no
caminho da plena e visível unidade da Igreja.
Na primeira metade de 2014 deverá ser publicado o documento
"Alegria partilhada pelo Evangelho, confissão dos pecados cometidos contra
a unidade e testemunho comum para no mundo de hoje", com textos e
subsídios para uma oração ecumênica comum. Os textos foram preparados por um grupo
de trabalho litúrgico formado por representantes da FLM e do Pontifício
Conselho para a Promoção da Unidade.
Em 2017, o contexto histórico em que se recordará os 500 anos da
Reforma é muito diferente do período em que ela foi implementada. A comemoração
será realizada, pela primeira vez, numa época ecumênica. Assim, católicos e
luteranos não pretendem festejar a divisão da Igreja, mas sim, trazer à memória
o pensamento teológico e os acontecimentos relacionados à Reforma, precisamente
o que escreve o Documento 'Do conflito à Comunhão', publicado em 2013.
O caminhar da história, tem levado luteranos e católicos a tornarem-se sempre mais conscientes de que a origem de acusações recíprocas não subsiste mais, mesmo que ainda não exista um consenso em todas as questões teológicas. Neste sentido, o documento "Do Conflito a Comunhão" conclui propondo cinco imperativos que exortam católicos e luteranos a prosseguirem no caminho em direção a uma profunda comunhão.
Diversos encontros realizados em 2013 marcaram esforços comuns com o objetivo de estreitar o diálogo, com reuniões entre o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e a Conferência dos Bispos veterocatólicos da União de Ultrecht, realizadas em Konigswinter, em julho de 2013 e em Paderbon, em dezembro. As Comissões de ambas as partes continuam os trabalhos sobre os temas: a relação entre a Igreja universal e a Igreja local e o papel do ministério petrino; e a comunhão eucarística.
Em fevereiro do mesmo ano, realizou-se em Viena o primeiro encontro entre a Comunidade das Igrejas Protestantes na Europa e o Pontifício Conselho, o que levou a reflexões sobre o conceito de Igreja e definições do objetivo ecumênico. Encontros sucessivos realizaram-se em Heidelberg e Ludwigshafen am Rhein, com a participação sete teólogos de ambas as partes.
Em 2013, diversas delegações luteranos encontraram-se com o Papa Francisco. Em 2014, uma delegação do Conselho da Igreja Protestante da Alemanha foi recebida em 8 de abril pelo Papa Francisco, encontrando-se sucessivamente com o Cardeal Koch. (JE)
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Nota
do Blog: No entanto em 2007 o Cardeal Kurt koch,
então responsável pelo ecumenismo no Vaticano, afirma claramente: “Os acontecimentos que
dividem a Igreja não podem ser considerados como um dia de festa”. Abaixo colocamos
o artigo completo.
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Cardeal Koch
sobre os 500 anos da Revolução Protestante: “Não podemos comemorar
um pecado”.
Cardeal Kurt Koch |
Em um ambiente embebido no politicamente correto das últimas décadas,
surpreende ouvir um Cardeal — ainda mais o responsável pelo ecumenismo —
falando assim, sem papas na língua. Ele sabe disso, e reconhece o risco de ser
considerado “anti-ecumênico”. Mas vai adiante: “Os acontecimentos que dividem a
Igreja não podem ser considerados como um dia de festa”.
Koch afirmou ainda que desejava assistir, em memória do acontecimento, a
uma reunião das confissões reformadas seguindo o exemplo dado por João Paulo
II, em 2000, isto é, pedindo desculpas e reconhecendo seus erros, condenando,
ao mesmo tempo, as divisões na Cristandade.
A resposta não tardou. A comissionada do Conselho da Igreja Evangélica da
Alemanha para o Jubileu de 2017 não quis diálogo nenhum. Esbravejou: “A Reforma
Protestante não é nosso pecado, mas uma reforma da Igreja urgente e necessária
do ponto de vista bíblico, na qual defendemos a liberdade evangélica; não temos
que nos confessar culpáveis de nada”.
Bem, as palavras da filha de Lutero demonstram o que qualquer Católico já
sabe. No “caminho ecumênico” só há uma culpada, a Santa Igreja Católica, e só a
Ela são feitas exigências.
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