No período
posterior ao Concílio Vaticano II, inaugurado em 11 de outubro de 1962, a
Igreja Católica na Grã-Bretanha procurou se modernizar até na liturgia.
Santa Missa Tridentina em Santo Amaro, SP |
Mas o
resultado, segundo a conceituada revista econômica “The Economist”, é que os fiéis desertaram das igrejas.
A
assistência à Missa na Inglaterra e em Gales caiu pela metade do 1,8
milhão que compareciam aos domingos em 1960. Também a média de idade dos
frequentadores aumentou de modo preocupante: de uma média de 37 anos no ano
1980, subiu para 52 anos hoje.
Nos Estados
Unidos, a assistência à Missa caiu mais de um terço desde 1960. Menos de 5% dos
católicos franceses assistem regularmente à Missa, e só 15% fazem o mesmo na
Itália.
Em sentido
contrário, as Missas não modernizadas, em latim e de costas ao povo, conhecem
um boom de participação.
Santa Missa Tridentina em São Caetano do Sul, SP |
A Sociedade
pela Missa em Latim de Inglaterra e Gales (Latin Mass Society of England and
Wales), que nasceu em 1965, tem agora mais de 5.000 membros. O número de Missas
semanais em latim passou de 26 em 2007 a 157 em 2012: um crescimento de
mais de 600%.
Nos EUA,
passou de 60 em 1991 a 420 em 2012: um aumento de 700%.
No Oratório
de Brompton, fundado pelo Cardeal John H. Newman e ponto de referência do
tradicionalismo de Londres, 440 pessoas assistem à Missa em latim aos domingos.
Isto é o dobro
do normal da assistência nas principais igrejas modernizadas. Em Brompton, as
mulheres usam véu e os homens, o tradicional paletó ou terno de tweed.
Santa Missa Tridentina na África |
Mas os
números é o menos importante, observa “The Economist”. As comunidades tradicionalistas se destacam
pela juventude e por sua expansão internacional. O Catolicismo tradicional está
atraindo pessoas que não tinham nascido quando o Vaticano II pretendia
“rejuvenescer” a Igreja.
Além de se
expandirem por países da Commonwealth até à África e à China, os jovens grupos
tradicionalistas britânicos publicam blogs, administram websites e são muito
ativos nas redes sociais.
Santa Missa Tridentina em Maceió AL |
Eles
difundem suas posições até nas dioceses mais progressistas. E não deixam de ser
invectivados pelos velhos progressistas que, na falta de argumentos mais
religiosos, os qualificam de anacrônicos ou afetados.
Um grande
desequilíbrio de crescimento vem acontecendo desde 2007, quando S.S. Bento XVI
aprovou formalmente o antigo rito da Missa em Latim. Até aquele momento, o
padre que celebrasse a Missa antiga podia ver cortada sua carreira
eclesiástica.
Na
Inglaterra, o rápido aumento dos adeptos da Missa tradicional viu-se ainda
reforçado com a criação, pelo Vaticano, do Ordinariato para acolher grupos de
ex-anglicanos que abandonaram a dita ‘Igreja de Inglaterra’, a qual está
levando sua modernização a ponto de “ordenar” e “sagrar” lésbicas e
homossexuais.
Santa Missa Tridentina no Rio de Janeiro |
Sacerdotes
ex-anglicanos “atravessaram o Tibre” às dúzias para se somarem aos católicos
romanos tradicionalistas, conta “The Economist”.
Este retorno
ao antigo rito com força está deixando consternados os católicos “modernistas”,
que o baniram no passado.
Santa Missa Tridentina no Vaticano |
Para ele,
não é mais do que um movimento do pêndulo, que ora vai num sentido, ora no
oposto, de modo inevitável.
Mas esse
argumento não convenceu o jornalista de “The Economist”. Este concluiu a reportagem perguntando se
todos os escândalos morais no seio da “Igreja progressista”, a decadência
desta, e, em sentido contrário, o crescimento dos tradicionalistas, não são
outros tantos sinais de que há 50 anos o Concilio Vaticano II virou para o lado
errado.
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