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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Monge armênio Hovannés: Os Cruzados foram o braço Misericordioso do Deus Todo-Poderoso



por D. Mazuco · em CruzadasHistória Medieval

O monge armênio Hovannés [João] que morava em Antioquia durante o sítio cruzado, assistiu à sua subsequente invasão, ao sítio maometano e, por fim à libertação final num combate humanamente inexplicável, deixou uma crônica bastante pormenorizada de como aconteceram esses fatos:


…Naquele ano [Nota: fala das operações militares do ano 1098] o Senhor visitou o seu povo, segundo está escrito: “Eu não vos abandonarei nem me afastarei de vós.

O braço todo poderoso de Deus foi o nosso guia.

Eles [os Cruzados] trouxeram o estandarte da Cruz de Cristo e depois de ostentá-lo pelo mar, massacraram uma multidão de infiéis e puseram os outros a fugir pela terra.

Eles tomaram a cidade de Nicéia e a sitiaram por cinco meses.

Depois vieram ao nosso país na região da Cilícia e da Síria, e atacaram, postando-se em volta da metrópole de Antioquia.

Durante nove meses eles fizeram a cidade e as regiões vizinhas passarem por momentos difíceis.

Por fim, como a captura de uma cidade de tal maneira fortificada não estava na capacidade dos homens, Deus todo-poderoso, por meio de seus conselhos obteve a salvação e abriu a porta da misericórdia.

Eles tomaram a cidade e com o fio da espada mataram o arrogante dragão com suas tropas.

Mas, após um ou dois dias, uma imensa multidão de maometanos reuniu-se ao pé das muralhas para trazer socorro a seus congêneres.

Em virtude de seu grande número, os infiéis menosprezavam o pequeno número de cristãos, eram insolentes como o foi o faraó, proferindo este frase: “Eu os matarei com minha espada, minha mão dominar-vos-á”.

Durante quinze dias, os cruzados ficaram reduzidos à maior das angústias, e esmagados pela aflição, pois faltavam os alimentos necessários para a vida dos homens e dos animais.

Muito debilitados e espantados pelo número imenso de infiéis, eles se reuniram na grande basílica do Apóstolo São Pedro e com um poderoso clamor e uma chuva abundante de lágrimas pediram numa só voz, mais ou menos isto:

“Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, em quem nós esperamos e por cujo nome nesta cidade nós somos reconhecidos como cristãos, Vós nos conduzistes até este local. Se nós pecamos contra Vós, tendes todos os meios para nos punir, mas livrai-nos dos infiéis a fim de que eles intumescidos de orgulho não possam dizer: ‘onde está seu Deus?’”

E, tomados pela graça da oração, uns encorajavam os outros dizendo: ‘O Senhor dará força a seu povo; o Senhor abençoará o seu povo na paz’.

E cada qual se lançou sobre o cavalo e correram contra os ameaçadores inimigos dispersando-os, pondo-os em fuga e os massacraram até o pôr do Sol.

Tudo isso causou grande alegria aos cristãos, e houve abundância de trigo e de cevada como nos tempos de Eliseu às portas de Samaria.

Por isso eles aplicaram a si mesmos o cântico profético: “Eu te glorifico, Senhor, porque Vós cuidastes de mim e Vós fostes a causa de eu não alegrar a meu inimigo”.

(Fonte: Récit du moine arménien Hovannés (Jean) à la fin d’un manuscrit copié par lui au monastère de saint-Barlaam, dans la ville haute d’Antioche, pendant les opérations militaires de 1098. Traduit du latin de la traduction faite sur le texte arménien par le père Peeters, « Miscellanea Historica Alberti de Meyer », Louvin, 1946, p. 376, apud Internet Medieval Sourcebook)

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