II Parte
Sem. Pedro Afonso
Sem. Pedro Afonso
Diretor Geral
NOS NOSSOS DIAS...
3 A batina evangeliza ou escandaliza?
Muitos desaconselham o uso da batina
alegando um motivo pastoral, ou seja, a batina afastaria o povo. Isto podemos
descartar de primeira. É um absurdo quem assim pensa e para constatar sua
inverdade é só ver a reação das pessoas. Muitas destas ao ver alguém portando o
hábito eclesiástico buscam ajuda, uma conversa ou simplesmente uma apresentação,
unida a uma rápida manifestação de respeito. Não podemos, é claro, negar que em
algumas ocasiões, por causa do secularismo, algumas pessoas venham se comportar
diante do uso da batina com total repugnância e até de forma agressiva, pois: "Sereis odiados de todos por causa de
meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mt 10,22). Mas, qual deve ser a nossa atitude? "Porque, se eles fazem isto ao lenho
verde, que acontecerá ao seco?" (Lc 23,31). Qual é a recompensa que
queremos, a não ser a Cruz pelo valor que a própria cruz representa?
Outros, entretanto, defendem o não uso
da batina para que esta não se torne motivo de escândalo nas mãos dos que não
são fiéis ao sacerdócio. Realmente, este pode ate ser visto como um bom
argumento, mas podemos usar outro exemplo, em meio a tantos outros, para
aclararmos melhor as ideias. Durante muito tempo muitos usaram objetos sagrados
para fins terríveis. Podemos citar vários exemplos, como a utilização de
imagens sagradas em terreiros de umbanda ou de candomblé, ou como recentemente
na JMJ, quando um grupo feminista profanou um crucifixo com atos obsenos. O
mais visto ainda são pessoas que fazem uso do crucifixo pendurado ao pescoço,
não como objeto de devoção, mas, pelo contrário, sem nenhuma piedade. Contudo,
infelizmente, estes são usados como um mero adereço de modelos em poses
sensuais.
Se o argumento acima fosse realmente válido,
teríamos que deixar de usar tais objetos sagrados, a fim de não permitir que
estes fossem usados por outros sem o respeito devido, ou seja, seria um disparate
pois, o mal está no incorreto uso do objeto, mas não nele próprio. Um padre ou
um seminarista que, ao portar a batina, venha a cometer algum escândalo, não
deve ser censurando pelo uso da batina, mas pelo mau exemplo que deu. Não foi a
batina a culpada de tal ato escandaloso, mas pelo contrário, ela foi o sinal
que quem a estava usando não deve ser motivo de escândalo. Não podemos querer
tirar a batina para não escandalizar, mas usar a batina sem ser motivo de
escândalo, pois ela deixa bem mais clara a radicalidade da opção que fizemos
diante de Deus, por Jesus Cristo.
4 Um relato pessoal
Quando andamos pelas ruas queremos, se
possível, falar com todos que passam por nós para anunciarmos o Santo Evangelho.
Quantos destes já perderam o sentido de suas vidas, quantos destes estão
passando por alguma crise, angústia ou depressão. Porém, é impossível
achegar-se a todos estes que diariamente passam em nossos caminhos. Entretanto,
quando sacerdotes ou seminaristas portando a santa vestimenta são vistos,
muitos são atraídos e olham para eles com um olhar diferente, muitos recordam
que estão afastados da Igreja e dos sacramentos e muitos ainda procuram se
aproximar para conversar. Tantas vezes para desabafar e outras ainda para uma
confissão que podemos até dizer de urgência. Em resumo, contemplamos em muitos
destes olhares uma chama de esperança sendo acesa, uma confirmação de que eles não
estão a sós.
Que felicidade para um padre poder,
pela confissão, tirar a alma de tal angustiante situação. No caso dos
seminaristas, não podendo ouvir a confissão podem, por sua vez, aconselhar
principalmente a procurar um confessor para que tal alma se veja aliviada do
fardo terrível do pecado, ou simplesmente para um desabafo, alguma dificuldade
familiar ou profissional.
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