HOMILIA DO
SANTO PADRE FRANCISCO
Praça de São
Pedro
VI Domingo de Páscoa, 5 de Maio de 2013
VI Domingo de Páscoa, 5 de Maio de 2013
Amados irmãos e irmãs, fostes
corajosos em vir com esta chuva… O Senhor vos abençoe infinitamente!
No
caminho do Ano da Fé,
sinto-me feliz em celebrar esta Eucaristia especialmente dedicada às
Irmandades: uma realidade com grande tradição na Igreja, que foi objeto de
renovação e redescoberta nos últimos tempos. Com afeto vos saúdo a todos, e de
modo especial às Irmandades vindas das mais diversas partes do mundo. Obrigado
pela vossa presença e pelo vosso testemunho!

2. Também a
passagem que ouvimos dos Atos
dos Apóstolos nos fala do que
é essencial. Na Igreja nascente, houve imediatamente necessidade de discernir o
que era essencial, e o que não o era, para uma pessoa ser cristã, para seguir
Cristo. Os apóstolos e os demais anciãos fizeram uma reunião importante em
Jerusalém, o primeiro «concílio», sobre este tema, devido aos problemas que
surgiram depois que o Evangelho havia sido pregado aos pagãos, aos não judeus.
Tratou-se de uma ocasião providencial para compreender melhor o que é
essencial: acreditar em Jesus Cristo morto e ressuscitado pelos nossos pecados
e amarmo-nos como Ele nos amou. Notai, porém, como as dificuldades foram
superadas, não fora, mas dentro da Igreja. E aqui está um segundo elemento que
gostaria de vos assinalar, como fez Bento XVI: a eclesialidade. A piedade
popular é uma estrada que leva ao essencial, se for vivida na Igreja em
profunda comunhão com os vossos Pastores. Amados irmãos e irmãs, a Igreja ama-vos!
Sede uma presença ativa na comunidade: células vivas, pedras vivas. Os bispos
latino-americanos escreveram que a piedade popular, de que sois expressão, é
«uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja» (Documento
de Aparecida, 264). Isto é importante! Uma maneira legítima de viver a fé,
um modo de se sentir parte da Igreja. Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela!
Nas paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã,
uma aragem fresca! Nesta Praça [de São Pedro], vejo uma grande variedade,
antes, de guarda-chuvas e, agora, de cores e de sinais. Assim é a Igreja: uma
grande riqueza e variedade de expressões em que tudo é reconduzido à unidade; a
variedade reconduzida à unidade e a unidade é o encontro com Cristo.
3. Gostaria
de acrescentar uma terceira palavra, que vos deve caracterizar:
missionariedade. Vós tendes a missão específica e importante de manter viva a
relação entre a fé e as culturas dos povos a que pertenceis, e fazei-lo através
da piedade popular. Quando, por exemplo, levais em procissão o Crucifixo com
tanta veneração e amor ao Senhor, não cumpris um mero ato exterior; mas
indicais a centralidade do mistério pascal do Senhor, da sua Paixão, Morte e
Ressurreição, que nos redimiu, e indicais, primeiramente a vós próprios e
depois à comunidade, que é preciso seguir Cristo ao longo do caminho concreto
da vida para que nos transforme. De igual modo, quando manifestais uma profunda
devoção pela Virgem Maria, apontais a mais alta realização de existência
cristã: Aquela que, pela sua fé e obediência à vontade de Deus e também pela sua
meditação da Palavra e das ações de Jesus, é a discípula perfeita do Senhor
(cf. Lumen gentium, 53).
Esta fé, que nasce da escuta da Palavra de Deus, manifestai-la em formas que
envolvem os sentidos, os sentimentos, os símbolos das diferentes culturas... E,
deste modo, ajudais a transmiti-la ao povo, e especialmente às pessoas simples,
àqueles que Jesus chama no Evangelho «os pequeninos». Na realidade, «o caminhar
juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade
popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo
um gesto evangelizador» (Documento de Aparecida, 264). Quando ides aos
santuários, quando levais a família, os vossos filhos, estais precisamente a
fazer uma ação de evangelização. É preciso continuar a fazê-lo! Sede também vós
verdadeiros evangelizadores! As vossas iniciativas sejam «pontes», estradas que
levem a Cristo a fim de caminhardes com Ele. E, neste espírito, permanecei
sempre atentos à caridade. Cada cristão e cada comunidade é missionária na
medida em que transmite e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus por
todos, especialmente por quem se encontra em dificuldade. Sede missionários do
amor e da ternura de Deus! Sede missionários da misericórdia de Deus, que
sempre nos perdoa, sempre espera por nós e nos ama tanto!
Evangelicidade,
eclesialidade, missionariedade. Três palavras! Não as esqueçais!
Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Peçamos ao Senhor que oriente
sempre a nossa mente e o nosso coração para Ele, como pedras vivas da Igreja,
para que cada uma das nossas atividades e toda a nossa vida cristã sejam um
luminoso testemunho da sua misericórdia e do seu amor. E assim caminharemos
para a meta da nossa peregrinação terrena, para aquele santuário belíssimo,
para a Jerusalém do Céu. Lá já não há templo algum: o próprio Deus e o Cordeiro
são o seu templo; e a luz do sol e da lua cedem o lugar à glória do Altíssimo.
Assim seja.
© Copyright 2013 - Libreria Editrice Vaticana
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