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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Como é que o Demônio se comporta 2ª Parte

Vamos postar a cada dia trechos da entrevista feita ao padre Gabriele Amorth Exorcista de Roma. Nesta postagem ele explica o comportamento demoníaco durante o exorcismo. Boa leitura e Salve Maria  


2ª Parte


2 – Durante os exorcismos.

Em principio, o demônio faz tudo para não ser descoberto ou pelo menos para dissimular a amplitude da possessão, embora não o consiga sempre. Por vezes é obrigado a manifestar-se desde a primeira oração por causa da força dos exorcismos.

Lembro-me de um jovem que, quando recebeu a primeira bênção, apenas me inspirou uma ligeira desconfiança, então pensei ”É um caso fácil: uma ou talvez duas bênçãos será o suficiente para resolver o problema”. Na segunda vez, enfureceu-se a partir daí já não voltei a começar o exorcismo sem ter comigo quatro homens robustos, para o segurar.

Noutros casos é preciso esperar a hora de Deus. Recordo-me duma pessoa que tinha procurado vários exorcistas (incluindo a mim próprio) sem que alguém lhe tivesse encontrado alguma coisa de especial. Até que um dia o demônio manifestou-se aos exorcismos como habitualmente, com a freqüência necessária para libertar os possessos.

Em certos casos logo desde a primeira ou a segunda bênção o demônio revela por vezes toda a sua força que varia de pessoa para pessoa; outras vezes esta manifestação é progressiva; há pessoas que apresentam em cada sessão problemas novos. Dá a impressão de que todo o mal que está neles deve aparecer pouco a pouco para poder ser eliminado.

O demônio reage de forma muito diferente às orações e às ordens. Muitas vezes esforça-se por se mostrar indiferente mas, na realidade, ele sofre e o seu sofrimento vai aumentando até que se chegue à libertação. Alguns possessos ficam imóveis e silenciosos não reagindo às provocações senão com os olhos.

Outros lutam: convém então segurá-los para impedir os cativos de fazerem mal; outros lamentam-se, sobretudo quando se lhes aplica a estola sobre os locais dolorosos, como indica o Ritual, ou ainda quando se faz um sinal da cruz ou quando se asperge com água benta. Raros são os que se mostram com fúrias, mas esses devem ser segurados com firmeza pelos assistentes do exorcista, ou pelas pessoas da família.

No que se refere a falar, os demônios geralmente mostram-se muito reticentes. O Ritual determina justamente que não se façam perguntas por pura curiosidade, mas que se pergunte só aquilo que pode ser útil à libertação.

A primeira coisa é o nome: para o demônio, tão pouco dado a manifestar-se, o fato de revelar o seu nome constitui uma derrota; quando diz o nome, mostra-se sempre relutante em repeti-lo nos exorcismos posteriores. Ordena-se em seguida ao Maligno que diga quantos demônios habitam no corpo de paciente. Esse número pode ser elevado ou reduzido, mas há sempre um chefe que usa o primeiro dos nomes indicados.

Quando o demônio tem um nome bíblico ou dado pela tradição (por exemplo: satanás, ou belzebu, lúcifer, zabulão, meridiano, asmodeu...) trata-se de caça grossa, mais dura para vencer. Mas a dificuldade em grande parte reside na força com que o demônio tomou posse duma pessoa. Quando são vários demônios, o chefe é sempre o último a sair.

A força da possessão resulta também da reação do demônio aos nomes sagrados. Regra geral o maligno não pronuncia nem pode pronunciar estes nomes: Substitui-os por outras expressões como “Ele” para designar Deus ou Jesus, ou “Ela” para designar a Santíssima Virgem. Pode também dizer: “O teu chefe” ou “a tua patroa” para falar de Jesus ou de Nossa Senhora.

Por outro lado, quando a possessão é excessivamente forte o demônio é de um coro elevado (recordemos que os demônios conservam o coro que ocupavam enquanto anjos como os Tronos, os Principados, as Dominações...), então pode acontecer que pronuncie os nomes de Deus e de Santa Virgem, mas acompanhados de horríveis blasfêmias.

Muitas pessoas pensam, não se sabe porquê, que os demônios são linguareiros e que, se uma pessoa vai assistir a um exorcismo, o demônio vá enumerar todos os seus pecados em público. Não há nada mais falso, os demônios falam com precaução e quando se apresentam faladores, dizem coisas estúpidas a fim de distrair o exorcismo e de escapar ás suas perguntas. Podem acontecer exceções.

O Pe. Cândido, um dia convidou para assistir a um dos seus exorcismos um sacerdote que se gabava de não acreditar nisso. Este aceitou o convite, e quando lá estava adotou uma atitude quase de desprezo ficando com os braços cruzados, sem rezar (ao contrário do que devem fazer os presentes) e com um sorriso irônico nos lábios. A certa altura o demônio dirigiu-se a ele: “Tu dizes que não acreditas em mim. Mas acreditas nas mulheres, nelas acreditas, ah sim, nelas acreditas e de que maneira!”. O desgraçado recuou devagarzinho em direção à porta e escapou-se a toda a pressa.

Outra vez o demônio fez a descrição dos pecados para desencorajar o exorcista. O Pe. Cândido ia benzer um belo jovem que tinha nele uma besta mais forte do que ele. O demônio tentou desencorajar o exorcista nestes termos: “Não vês que está a perder o teu tempo com este? Ele é daqueles que nunca rezam, é um dos que freqüentam..., é um dos que fazem...”, seguindo duma longa série de vergonhosos pecados. No fim do exorcismo, o Pe. Cândido delicadamente tentou convencer o jovem a fazer uma confissão geral. Mas ele não queria saber de nada disso. Quase que foi preciso empurrá-lo à força para um confessionário; e lá apressou-se a dizer que não tinha nada de que tivesse de se acusar.

“Mas não fizeste tal coisa em tal ocasião?” insistiu o Pe. Cândido. E o jovem estupefato teve de reconhecer a sua falta. “E por acaso não fizeste aquilo?” e o desgraçado cada vez mais confuso, teve de reconhecer um após outro, todos os pecados que o Pe. Cândido lhe recordava, valendo-se das declarações do demônio. Depois, finalmente, recebeu a absolvição. E o jovem foi-se embora confuso: “Já não percebo nada! Estes padres sabem tudo!”.

Entretanto o Ritual sugere que se pergunte também há quanto tempo o demônio se encontra naquele corpo, por que razão, etc... Falaremos oportunamente acerca do comportamento que convém adotar em caso de bruxaria, questões que é preciso colocar e a maneira de agir.
Por agora sublinharemos que o demônio é o príncipe da mentira. Pode perfeitamente acusar tal ou tal pessoa a fim de suscitar suspeitas e inimizades. As respostas do demônio devem ser sempre passadas ao crivo cuidadosamente.

Contentar-me-ei em dizer que o interrogatório do demônio geralmente tem uma importância reduzida. Aconteceu muitas vezes por uma importância reduzida. Aconteceu muitas vezes pro exemplo que o demônio, ao sentir-se muito enfraquecido, respondia a perguntas relativas à data da sua saída e depois de fato não saía naquela data.

Um exorcista experimentando como o Pe. Cândido, que se apercebia imediatamente que tipo de demônio estava a enfrentar e adivinhava a maior parte das vezes até o seu nome, fazia muito poucas perguntas. Outras vezes quando perguntava o nome, o demônio respondia: “Tu já sabes”. E era verdade.

Em geral os demônios falam espontaneamente nos casos de possessões fortes, para tentar desencorajar ou amedrontar o exorcista. Eu próprio ouvi por diversas ocasiões frases do tipo: “Não podes nada contra mim!”; “Aqui é a minha casa!”; “Estou aqui bem e fico aqui!”; “Só estás a perder o teu tempo!”. Ou então ameaças: “Vou devorar-te o coração!”; “Esta noite o medo há de te impedir de fechares os olhos”; “Vou-me introduzir na tua cama como uma serpente”; “Hei de te fazer cair da cama abaixo”.

Porém, perante certas respostas, pelo contrário, fica silencioso. Quando eu lhe digo por exemplo: “Estou envolvido no manto da Virgem; o que é que tu podes fazer?”; “O Arcanjo Gabriel é o meu santo patrono; tenta lutar contra ele”; “o meu Anjo de guarda cuida para que nada me aconteça; não podes fazer nada”, etc...

Encontra-se sempre um ponto particularmente fraco. Alguns demônios não resistem à cruz feita com a estola sobre as partes doloridas; outras não resistem quando se sopra sobre a face do paciente, e outros ainda opõem-se com todas as suas forças à aspersão de água benta.

Existem também frases, nas orações de exorcismo ou noutras orações que o exorcista pode rezar às quais o demônio reage violentamente ou perdendo a força. Então basta insistir na repetição destas frases, como preconiza o Ritual.

O exorcismo pode ser longo ou breve: é o exorcista quem decide em função de diversos fatores. A presença do médico é útil por vezes, não só para estabelecer o diagnóstico inicial, mas também para dar a sua opinião quanto à duração do exorcismo. Sobretudo quando o possesso não goza de boa saúde (se é cardíaco, por exemplo) ou quando o exorcista não se está a sentir bem: o médico então pode aconselhar que se termine. Em geral é o exorcista que se apercebe quando é inútil continuar.

                                                         Fonte - Derradeiras Graças

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