Fonte: Missa Tridentina em Brasília
Publicado em 13/12/2012
A
MODÉSTIA NA IGREJA
Padre
Daniel Pinheiro
A
vossa modéstia seja conhecida
de todos
os homens. Filipenses IV, 5
I – Em relação à
pureza:
1) As
vestes devem cobrir tudo o que está entre os joelhos e os ombros, incluindo
joelhos e ombros, e em qualquer posição (de pé, sentado, ajoelhado). As
vestes devem, portanto, possuir mangas e devem ser sem decotes.
2) As
vestes não devem ser transparentes nem em tom de pele.
3) As
vestes não devem ser apertadas ou coladas ao corpo.
Essas regras se aplicam a homens e
mulheres, mas, sobretudo, às mulheres, dada a maior fraqueza do homem nesse
ponto. É preceito do Apóstolo São Paulo: “Do mesmo modo orem também as
mulheres em traje honesto, ataviando-se com modéstia e sobriedade [...] como
convém a mulheres que fazem profissão de piedade” (1Tim. II, 9 e 10).
Essas são as
regras mínimas.
Ainda hoje no Vaticano é proibida a
entrada de pessoas que estejam com joelhos ou ombros descobertos. Não há
diferença essencial entre a Basílica de São Pedro e a mais singela Igreja: o
mesmo respeito é, portanto, devido.
As mulheres
evitem, sobretudo na Igreja, roupas mais convenientes ao sexo masculino
(calças). Usem saias e vestidos: também isso é parte da modéstia. Essas
regras se aplicam em todo lugar, e com mais razão, portanto, na Igreja.
Resumindo: cubram-se os joelhos em
qualquer posição, cubram-se os ombros, cubra-se tudo o que se encontra entre os
dois. As mulheres usem saias e vestidos.
II – Em relação às
circunstâncias
A roupa deve ser adequada àquilo que há
de mais importante na face da Terra: a Casa de Deus, sobretudo quando nela se
realiza o Santo Sacrifício da Missa. A pessoa deve, então, vestir-se
com dignidade para ir à Missa, evitando vestes demasiado informais.
Particularmente, sejam abolidas
as vestes que contenham desenhos ou alguma mensagem escrita, mesmo para as
crianças. Também não sejam usadas roupas com personagens de
desenho, com frases escritas, camisetas de times de futebol, calças rasgadas,
bermudas. Nada disso condiz com a santidade e dignidade do lugar. Não se
deve, porém, cair no erro oposto. Dignidade com simplicidade e sem exageros.
Convém muitíssimo
que as mulheres usem véu enquanto estão na Igreja, em particular durante os
Sacramentos. São Paulo o adverte em sua Primeira Epístola aos Coríntios,
Capítulo 11.
Dever do Sacerdote
É dever do
sacerdote, explicitado nos mais diversos textos da Santa Sé e dos Bispos,
ensinar a modéstia e exortar os fiéis a ela. Também é seu dever não administrar
os sacramentos àqueles que não se apresentam vestidos modestamente para
receberem as graças da Igreja.
A Modéstia
A modéstia no vestir é a virtude derivada
da temperança que guarda a devida ordem da razão em nosso aparato exterior. Ela
deve ser observada principalmente na Igreja, Templo do Altíssimo. As nossas
vestes mostram quem nós somos, a nossa pureza e o grau de importância que
atribuímos a um determinado local, a uma determinada pessoa, a uma determinada
atividade. Assim, a modéstia deve estar de acordo com a pureza e com as
circunstâncias em que se encontram as pessoas.
A modéstia no vestir diz respeito,
antes de tudo, à pureza. A modéstia no vestir evita o próprio pecado –
a pessoa não é motivo de escândalo para outras – e evita ao mesmo tempo
o pecado do próximo. Trata-se, portanto, de caridade para consigo
mesmo e para com o próximo. Para observar a modéstia no vestir, é
preciso que a veste esconda mais do que mostre.
Embora haja certa variação em relação
às épocas e localidades, há um limite a partir do qual uma veste será
sempre imodesta e causará danos para os indivíduos e para a sociedade. Para
esse tipo de veste (roupas de banho, minissaias, etc.) dizem os moralistas, é
inválida a lei de que o que é comum e habitual não causa paixões. Pio XII dizia
que “as vestes devem ser avaliadas não segundo a estimação de uma sociedade
em decadência, mas segundo as aspirações de uma sociedade que preza pela
dignidade e pela seriedade dos costumes.” Dizia também que “a moda
não pode jamais ser uma ocasião próxima de pecado” (Discurso aos
participantes do I Congresso de Alta Moda, 8/11/57).
Esse limite é
posto pelos joelhos e os ombros, que devem estar sempre cobertos, assim como
deve estar coberto tudo o que se encontra entre os dois.
É necessária a modéstia não porque o
corpo seja mau em si, mas justamente por sua nobreza, porque ele é templo do
Espírito Santo e por causa das feridas do pecado original. Adão e Eva se
cobriram depois do pecado original e Deus os vestiu ainda mais: “Fez também
o Senhor Deus a Adão e a sua mulher umas túnicas de peles e os vestiu”
(Gen. III, 21).
No entanto, tal modéstia não consiste
unicamente em não ser motivo de pecado para outros, mas também em vestir-se
conforme ao próprio estado, às circunstâncias, ao grau de formalidade do lugar,
da atividade e levando em conta a dignidade da pessoa com quem se está.
São necessárias
regras concretas, sobretudo hoje em que a onipresença de vestes imodestas
impede o bom-senso de discernir o que é realmente modesto ou não. Regras
abstratas conduziram ao estado de coisas em que nos encontramos hoje. Como já
dito, o costume não pode tornar modesta uma veste em si imodesta. Ademais,
ninguém é um bom juiz da própria causa, particularmente quando se trata de
modéstia.
No Ato de Desagravo ao Sagrado
Coração, redigido sob as ordens do Papa Pio XI (AAS 20, p. 183, 1928), nós
dizemos: “De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós
hoje desagravar-vos, mas particularmente da licença dos costumes e imodéstias
do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência [...].”
Possamos recitar tal ato com
sinceridade, começando por nos vestir modestamente. Deus há de recompensar os
esforços dos que se vestem modestamente e evitam assim o próprio pecado e o
pecado do próximo. Os exemplos de Nossa Senhora, Virgem Puríssima, e de São
José, seu castíssimo esposo, devem ser seguidos por aqueles que amam a Deus
sobre todas as coisas.
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