III Parte
Por Teodomiro Tadeu Viana Franco
Sendo Cristo de doze anos, subiu de Nazaré ao templo de Jerusalém, onde
estavam os doutores da lei, e lhes declarou as escrituras dos profetas e
patriarcas, que da vida do Filho de Deus falavam, de que todos se espantavam,
vendo sua sabedoria. E tornando a Nazaré, esteve aí até idade de quase perto de
trinta anos; e daí se partiu ao rio Jordão, onde estava São João Batista
batizando a muitas gentes. Neste rio, batizou São João Batista a Jesus Cristo.
E daí se foi Jesus Cristo ao monte, no qual quarenta dias e quarenta
noites não comeu. O demônio, no monte, sem saber que Jesus Cristo era Filho de
Deus, o tentou de três pecados: de gula e de cobiça e de vangloria; e em todas
as tentações, venceu Cristo ao demônio. E do monte, com vitória, descendeu a
Galileia e convertia muitas gentes, e aos demônios lhes mandava que dos corpos
das gentes se saíssem.
Os demônios obedeciam ao mandado de Jesus Cristo, saindo dos corpos dos
homens onde estavam, e as gentes que isto viam se espantavam e diziam: “Que é
isto a que os demônios lhe obedecem?” Era de maneira que a fama de Jesus Cristo
entre as gentes crescia muito, porque viam que os demônios lhe obedeciam.
Os homens que ouviam as santas pregações de Jesus Cristo e viam o grande
poder que tinha sobre os demônios, começaram logo de crer em Jesus Cristo e lhe
traziam os doentes de qualquer enfermidade que estivessem: saravam todos, logo,
como Jesus Cristo os tocava com suas santas mãos.
E depois, chamou Jesus Cristo os doze apóstolos e aos setenta e dois
discípulos e os levava, em Sua companhia, pelas terras onde andava, ensinando
os mistérios do reino dos céus; pregando Cristo às gentes, fazendo milagres que
provavam ser verdade o que ele pregava, sendo presentes os apóstolos e os
discípulos, dava Cristo vista aos cegos, fala aos mudos, ouvir aos surdos, vida
aos mortos, sarava aos coxos e aos mancos.
Os apóstolos e os discípulos que isto viam, cada vez mais e mais em
Jesus Cristo criam. Deu-lhes Cristo tanta sabedoria e virtude que pregavam às
gentes, sendo eles pescadores, e não sabiam letras mais daquelas que o Filho de
Deus lhes ensinou.
Em nome e virtude de Jesus Cristo, faziam milagres os apóstolos, saravam
muitas enfermidades, e lançando os demônios dos corpos dos homens, em sinal de
ser verdade o que pregavam da vinda do Filho de Deus.
Era a fama de Jesus Cristo e seus discípulos entre as gentes tanta, que
os judeus principais assentaram de o matar, com inveja que dele e de suas obras
tinham, porque viam que todos a doutrina de Jesus Cristo seguiam e louvavam.
Conhecendo os fariseus que perdiam a honra e crédito que primeiro
tinham, com os judeus, antes que Jesus Cristo se manifestasse ao mundo, movidos
os fariseus de inveja, foram a Pilatos, que então era juiz, e com rogos e com
medos e subornos (que tudo acabam) disseram os fariseus a Pilatos que não era
amigo de César, se deixava mais pregar nem fazer milagres a Jesus Cristo,
porque se fazia rei dos judeus contra César, pois o povo o amava.
Conhecendo Pilatos que os fariseus, com a inveja que de Jesus Cristo
tinham, pelas obras e milagres que fazia e o amor que lhe o povo tinha, o
acusavam e lhe levantavam os judeus falsos testemunhos, e consentiu Pilatos que
os judeus prendessem a Jesus Cristo, sem nunca saberem que era Filho de Deus,
cuidando que era homem, assim como Isaías, Elias e Jeremias, ou São João
Batista, ou alguns santos homens dos passados.
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