Nosso Canal

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ato de Desagrado



23-11-1920
1 Sal.XLI,9.  

Prostrado diante de Vós, divino Jesus, na presença de quanto há mais augusto no Céu e na terra, à vistados anjos que Vos adoram, dos Santos que Vos louvam, bendizem e servem; abismado no meu nada perante a Vossa augusta Majestade, venho hoje desagravar-Vos, do modo que é possível, de todos os insultos, ultrajes e desacatos, que sofreis todos os dias no augustíssimo Sacramento do Vosso Corpo e Sangue, maiormente dos que ultimamente sofrestes (nomeie o lugar em que se cometeu desacato). Ferido de uma viva dor por tantas ofensas e injúrias que se cometem contra esse misericordioso mistério de amor, venho, Senhor, em meu nome e em nome de todos os culpados, com um coração contrito e profundamente humilhado, fazer confissão pública de tantos crimes e iniquidade, que a malícia e ingratidão dos homens contra Vós não cessa de cometer; proponho firmemente, Senhor, quanto em mim for, reparai todas as injúrias de que somos réus os desgraçados filhos de Adão.
 
Oh! quem me dera que a minha contrição e a dor que sinto fossem tão grandes como o mar! Oh! porque se não convertem em rios de lágrimas os meus olhos pecadores para chorarem noite e dia as ofensas e desamor dos Vossos filhos, e de mim em particular, talvez de todos o mais culpado! Ah! mesquinho de mim, que não tenho o zelo dos Apóstolos, o valor dos Mártires, a pureza das Virgens, e o inflamado amor dos Querubins, para reparar todos os desacatos que tendes recebido!

Oh! quem me dera poder regar com as minhas lágrimas, e lavar com o meu sangue todos os lugares santos em que o Vosso santíssimo Corpo foi desacatado!

Perdoai, amantíssimo Jesus, todas as impiedades, irreverências, sacrilégios, que contra Vós se têm cometido no adorável Sacramento dos nossos altares, desde que, pelo grandíssimo excesso do Vosso amor, Vos dignastes instituí-lo para memória da Vossa paixão e santificação das nossas almas.

Perdoai, Senhor, a nossa tibieza, a nossa insensibilidade e as nossas dissipações, na presença da Vossaaugusta Majestade. Perdoai, amabilíssimo Jesus, o pouco respeito, e talvez a ostentação e hipocrisia com que venho ao Vosso divino banquete; a pouca disposição, a nenhuma preparação com que comi o pão dos anjos, o maná dos escolhidos, e o alimento dos fortes. A Sua força foi para mim fraqueza, e em vez de receber o penhor da vida eterna, comi a condenação e a morte!... Confundido no meu nada, horrorizado de meus tão feios crimes, quisera esconder-me de Vós, como o primeiro culpado; porém onde irei que me não vejais? Ouço, Senhor, a Vossa voz, que desse novo propiciatório me chama; voz mais suave que a que disse a Adão: «Onde estás?» voz de pai compassivo, que abre os braços ao filho ingrato que julgava perdido, e que me diz: «Filho, dá-me o teu coração.» Ah! Senhor e pai meu, aqui o tendes, manchado pela culpa, desfigurado pela ingratidão, mas contrito e humilhado; abrandai-o, Senhor, como a fresca cera, acendei-o no fogo da caridade, e fazei que sempre arda como o de Agostinho. Sois a fonte da graça e da misericórdia, dai-me o dom de penitência, a abundância das que destes a David, para que eu possa fazer-Vos uma reparação solene, sincera, cabal e digna da Vossa Majestade agravada. Tornai eficaz pela Vossa graça o desejo ardente que tenho, a firme resolução em que estou de Vos amar constantemente e de Vos adorar sem interrupção, nesse eucarístico sacramento do Vosso amor.

Protesto, Senhor, que não faltarei jamais ao respeito que por tantos motivos Vos é devido; prometo fazer todos os esforços para procurar a Vossa maior glória por todos os meios que estiverem ao meu alcance, e em todos os lugares em que isto me seja possível. Zelo ativo e incansável, conselhos saudáveis, exemplos persuasivos, tudo empregarei para fazer amar, acatar e adorar o Deus de bondade e de misericórdia, que repousa nos nossos altares.

Oh Deus, todo amor, todo caridade! derretei o gelo dos nossos corações, que se Vos amarem não serão capazes de Vos ofender; abrasai-os com o fogo sagrado do Vosso amor, fazei deles um holocausto digno de Vós. Sois pontífice da caridade, reinai em nós. Não se afastem nunca de Vós os nossos corações, sejam todas as nossas afeições reguladas pelas Vossas; sejam os nossos desejos, pensamento e ações, conformes aos Vossos.

Fazei, meu bom Jesus, que não vivamos, nem respiremos, nem morramos, senão em Vós e por Vós; sois nosso Deus, nosso pastor, pai nosso; sede nossa alegria, nossa recompensa e nossa bem-aventurança, no tempo e na eternidade. Amém.

quarta-feira, 19 de março de 2014

O Padre




Labora sicut bonus miles Christi Jesu II Tim. II, 3

Sonetos de Madre Maria José de Jesus

carmelita descalça


Vai... segue, solitário, teu caminho,
Sem esposa, sem filhos, sem ninguém...
Busca o leproso, o sórdido, o mesquinho,
A todos dá, sem desprezar alguém.

No altar transforma em Cristo o pão e o vinho;
A culpa ora perdoa, ora retém.
Onipotente, — como um Deus vizinho —
Percorre a terra semeando o bem.
 
Teus talentos, teu viço a Deus imola
— Como o incenso que, célere, se evola
E se desfaz, em honra de Jesus...

De um polo a outro, por teu Rei trabalha,
E, vencedor, ao termo da batalha,
Morre — abraçado ao lábaro da Cruz.

terça-feira, 18 de março de 2014

Caridade



Por Teodomiro Tadeu Viana Franco

Sonetos de Madre Maria José de Jesus
carmelita descalça
 
Eu Te amo ó Deus... Num lúgubre cenário,
Morres, Senhor, no altar sanguinolento
Da Cruz... E o homem revive — no momento
Em que por ele expiras no Calvário. ..

Eu Te amo...À luz do gótico santuário,
Um Padre Te ergue ao Céu no Sacramento;
Dá-Te aos fiéis em místico alimento,
E de novo Te encerra no sacrário...
Ó prodígios do amor mais fino e terno!
Ó voragem que chama outra voragem!1
Porque me amas eu Te amo, ó Deus Eterno!

Sim, eu Te amo... Por Ti meu sangue corra!
Por Teu amor, pelo homem — Tua imagem —
Eu lide, eu pene, eu sofra, eu viva, eu morra!...

segunda-feira, 17 de março de 2014

A nova forma de perseguição anticristã no Ocidente

Cientistas discriminados pela sua pertença, Bispos denunciados porque são contra o aborto, livros e rádio censurados: eis um mapa dos ataques à “liberdade religiosa”.


Aquilo que parecia simplesmente inconcebível está a acontecer. No mundo ocidental, estão a nascer confrontos contra os cristãos - em particular os católicos e os protestantes menos "secularizados" - com novas formas de discriminação, quando não mesmo, de perseguição. Basta ler algumas notícias recentes para encontrar sinais claros nesta direção. 

Um exemplo. Margaret Somerville, uma famosa e experiente acadêmica do Canadá, escreveu um editorial sobre "The Globe and Mail", onde denuncia o fato que, cada vez mais, no debate público, as suas ideias são postas de lados simplesmente porque é católica. Margaret Somerville é fundadora e diretora do "McGill Centre for Medicine, Ethics and Law" e ensina na McGill, uma das principais universidades americanas. "Estive presente no debate público mais de trinta anos e apresentei análises éticas e legais sobre os problemas que trato e em momento algum fui atacada pela minha pertença religiosa. Então, porque surge agora esta apressada necessidade de me rotular como católica?". Segundo a estudiosa, "definir uma pessoa como religiosa é, agora, altamente depreciativo. Esta estratégia permite eliminar os argumentos do adversário sem entrar na substância do assunto". Conta ainda que tornou-se recorrente algumas importantes revistas mundiais de medicina, "de maneira surpreendente e incompreensível", pedirem aos autores dos artigos para declararem a sua "filiação religiosa".

Em direção análoga, nos Estados Unidos, temos a promulgação da ENDA (Employment Non-Discrimination Act, ndr), a lei que queria, em teoria, impedir a discriminação nos postos de trabalho em geral. É, porém, na realidade, uma das maiores formas de difusão da ideologia de gênero, bem como da limitação da liberdade daqueles que a ela se opõem. E, afirmam os Bispos americanos, limita também a liberdade religiosa. Bispos esses que foram denunciados junto dos tribunais - por uma associação que diz defender a liberdade individual - com o argumento que "as posições anti-aborto põe em risco a vida das mulheres grávidas".
Os exemplos deste tipo poderiam continuar. Não menos importante é o caso de Constanza Miriano. Em Espanha, a publicação do seu livro "Sposati e sii sottomessa" deu origem ao primeiro pedido de censura editorial desde os tempos do regime de Franco (este livro, envolto em polemicas, na Itália e Espanha, pelo seu título - inspirado na frase de S. Paulo, "As mulheres sejam submissas aos maridos, como ao Senhor", Ef. 5, 22 - ainda não foi editado em Portugal).

Há dias, na Universidade Urbaniana de Roma, Paul Marshall, expoente do Center for Religious Freedom do Hudson Institute, disse: "a secularização ocidental tem vindo a crescer nos últimos decênios. Permitam-me sublinhar que os modelos de que estamos a falar não são semelhantes aos do mundo comunista ainda existente, ou do Médio Oriente. Não se trata de uma perseguição nesse sentido, mas está a tornar-se muito preocupante."

"São correntes muito minuciosas - continuou Marshall - e penso que temos de nos tornar mais conscientes dos ataques e discriminações no emprego, na capacidade de exprimir o que pensamos, ou da possibilidade de viver a própria fé. As coisas estão, realmente, a piorar no Ocidente."

Marshall citou alguns exemplos já conhecidos, como o da inglesa que foi despedida por usar um fio com um crucifixo. Referiu, também, um estudo da Pew Forum - uma entidade de grande prestígio em estatística - onde se considera que "o grau de hostilidade religiosa na Europa ocidental é tão alta como no Médio Oriente".
Ainda há umas semanas um tribunal inglês proibiu uma rádio cristã de publicar um anúncio que convidava os cristão discriminados no emprego a contarem a sua história. O pretexto do tribunal é que se tratava de um anúncio de propaganda política.

Em vez de uma sociedade aberta, onde os laicos são livres, os cristãos são livres, e os hindus são livres, a mais recente versão de sociedade secularizada, segundo Marshall, é aquela "onde o Estado encarna uma ideologia particular e pede que cada um se adapte a ela". Trata-se de uma mudança de uma "sociedade pluralista para uma sociedade ideologicamente secularizada. E isto é preocupante." 

Marco Tosati in Vatican Insider

domingo, 16 de março de 2014

VI e Ultima Parte - Explicação do Credo por São Francisco Xavier



VI e Ultima  Parte
 Por Teodomiro Tadeu Viana Franco

Quando os cristãos nos benzemos, confessamos a verdade acerca da Santíssima Trindade, como é três pessoas, um só Deus trino e uno. Deus Padre, nem é feito, nem criado, nem gerado; o Filho é gerado de Deus Padre, nem é feito nem criado; o Espírito Santo procede do Padre e do Filho, não criado nem gerado.


Quando nós fazemos o sinal da cruz, mostramos esta ordem de proceder, pondo a mão direita na cabeça, dizendo: “Em nome do Padre”, em sinal que Deus Padre não é feito nem gerado; depois, pondo a mão nos peitos, dizendo: “e do Filho”, em sinal que do Padre é gerado o Filho, e não feito nem criado; e depois, pondo a mão em o ombro esquerdo, dizendo: “e do Espírito”, e passando depois a mão ao ombro direito, dizendo: “Santo”, em sinal que o Espírito Santo procede do Filho e do Padre.

Obrigado é todo o bom cristão a crer firmemente, sem duvidar, no Espírito Santo, e em Suas santas inspirações, que nos defendem de mal fazer e nos movem os corações a guardar os dez mandamentos do Senhor Deus e os da santa madre Igreja universal, e a cumprir as obras da misericórdia corporais e espirituais. E por ser isto verdade, o apóstolo São Bartolomeu é que disse:

Creio em o Espírito Santo.

Todos os fiéis cristãos somos obrigados a crer, sem duvidar, o que creram de Jesus Cristo os apóstolos e discípulos e mártires e todos os santos, crendo de Jesus Cristo tudo o que é necessário crer para nossa salvação, acerca de sua divindade e humanidade, depois que Jesus Cristo foi Deus e homem verdadeiro.

E também em geral somos obrigados a crer firmemente, sem duvidar, em tudo o que creem os que regem e governam a Igreja universal de Jesus Cristo, pois pelo Espírito Santo são. inspirados e regidos do que hão de fazer, acerca da governação da Igreja universal e das coisas da nossa santa fé, e nas quais não podem errar, porque são regidos pelo Espírito Santo; de maneira que, das escrituras da nossa lei, de Jesus Cristo, pelo demais que somos obrigados a crer, como são santos cânones e concílios, que são ordenados da Igreja, feitos pelo Papa e cardeais, patriarcas, arcebispos, bispos e prelados da Igreja, quando em todas estas coisas crermos, sem duvidar, cremos tudo o que creem os que regem e governam a Igreja universal de Jesus Cristo, e o que nos encomendou o apóstolo e evangelista São Mateus, quando disse:

Creio na santa Igreja Católica.