Em
tempos de crise profunda a Divina Providência gosta de usar os mais simples e
humildes para demonstrar a indestrutibilidade da Sua Igreja
Bispo
Athanasius Schneider falando na sede da HLI
Claire Chretien – HUNGRIA, 22 de abril, 2016 (LifeSiteNews) | Tradução Sensus fidei: A Igreja Católica está enfrentando uma
confusão interna generalizada sobre a doutrina e a moral e Deus pode usar os
leigos para preservar a integridade da Igreja, disse Dom Athanasius Schneider,
bispo auxiliar da diocese de Maria Santíssima em Astana, Cazaquistão, em
entrevista.
Schneider falou de problemas com as conferências
episcopais focadas em assuntos “terrenos” ao invés de assuntos “eternos”,
lamentou as vozes discordantes dos bispos sobre temas de moralidade sexual, e
deplorou a noção de uma desconexão entre a doutrina e a prática pastoral do
Cardeal Kasper. Schneider também criticou Kasper por seu “abuso [de] o conceito
de misericórdia.”
Na abrangente entrevista com
o húngaro Dániel Fülep, Schneider discutiu o recente Sínodo sobre a Família,
vários temas teológicos incluindo o diálogo inter-religioso e a liturgia, e
várias facetas da “crise” que a Igreja enfrenta.
“O grupo do cardeal Kasper e esses clérigos que
apoiam sua teoria, interpretam mal e abusam do conceito de misericórdia,
introduzindo a possibilidade de que Deus perdoa, mesmo quando não temos a firme
intenção de arrependimento e de evitar o pecado no futuro”, disse Schneider,
que ainda não comentou a exortação pós-sinodal Amoris Laetitia do
Papa Francisco. “Em última análise, isso significa uma completa destruição do
verdadeiro conceito de misericórdia divina. Tal teoria diz: você pode continuar
no pecado, Deus é misericordioso. Isto é uma mentira e de certa forma também um
crime espiritual, porque você está empurrando os pecadores para que continuem
no pecado, e, consequentemente, para se perderem e se condenarem por toda a
eternidade”.
Durante os últimos dois Sínodos sobre a Família,
Kasper conduziu a carga para uma mudança oficial na abordagem da Igreja para
aqueles em que considera situações objetivamente pecaminosas. Recentemente, ele disse que “parece claro” que Amoris Laetitia abre
a porta para tais mudanças em determinadas circunstâncias.
Parágrafos no Relatório Final do Sínodo continha
“uma objetivamente grave omissão” ao não declarar que a coabitação fora de um
casamento válido é pecaminosa, disse Schneider.
“O Relatório Final diz indiretamente que para os
divorciados recasados a culpabilidade de coabitação pode ser reduzida ou até
mesmo não imputada por causa de algumas circunstâncias ou as paixões que eles
sofrem”, disse ele.
Schneider continuou:
No entanto, a aplicação do princípio implícito para
a coabitação fora do casamento está completamente incorreta. Aqueles que
coabitam têm a intenção de cometer o pecado de forma contínua, por isso não é
um ato imoral instantâneo. Eles devem ter a intenção de evitar atos sexuais
fora do casamento. E, portanto, tal imputabilidade do pecado de coabitação
poderia ser aplicada também à coabitação do jovem solteiro. Admitindo tal
teoria, esses bispos anulam o sexto mandamento de Deus. E se esse princípio é
aceito, nenhum dos pecados contra o sexto mandamento será considerado mais um
pecado. Isto é, de alguma forma a abolição do sexto mandamento.
“Quando este Relatório Final afirma claramente a
imoralidade da coabitação de pessoas divorciadas, quando não consegue estabelecer
claramente a condição estabelecida por Deus para a recepção digna da Santa
Comunhão,” disse Schneider: “outros irão usar essa falha para proclamar uma
mentira, pelo que a sua voz será contra a verdade, assim como uma voz falsa na
música é contra a verdade da sinfonia”.
Prelados progressistas alemães influenciaram o Relatório Final do Sínodo, e os líderes pró-família
expressaram preocupação de que algumas das abordagens do relatório eram
incongruentes com a doutrina moral católica.
Na esteira da Amoris Laetitia,
vários clérigos, incluindo três bispos alemães, têm afirmado que uma nota de rodapé ambígua formulada
permite a Sagrada Comunhão para divorciados recasados em certos casos.
A atual crise na Igreja, referida anteriormente por
Schneider, é uma das quatro piores crises que a Igreja já enfrentou, e em
grande parte é devida a “substituição da principal tarefa [da Igreja] com
assuntos secundários”, afirmou. As conferências episcopais estão enleadas com
preocupações mundanas, em vez de preocupações espirituais, disse ele.
De acordo com Schneider:
Temos observado por muitos anos que muitas das
conferências episcopais oficiais lidam predominantemente com questões temporais
e terrenas ao invés de sobrenaturais e eternas, embora estas últimas devem ser
consideradas o mais importante na vida da Igreja. Para salvar as almas e
levá-las para o céu: esta é a razão pela qual Cristo veio nos salvar e fundou a
Igreja. Portanto, a Igreja tem que levar as pessoas para o Céu e transmitir a
elas as verdades divinas, graças sobrenaturais e a vida de Deus… Lidam com assuntos
temporais é até de governo… É claro que, com base na sua doutrina social, a
Igreja pode aconselhar o governo para que a vida social seja mais orientada
para a lei natural. Mas esta não é a principal tarefa da Igreja. É uma tarefa
secundária.
A história da Igreja tem sido repleta de crises,
disse Schneider, e Deus gosta de usar os “simples e humildes” para demonstrar a
força duradoura da Igreja.
Ele disse:
Na história da Igreja, sempre houve momentos de uma
profunda crise de fé e de moral. A crise mais profunda e mais perigosa foi, sem
dúvida, a crise ariana no século IV. Foi um ataque mortal contra o mistério da
Santíssima Trindade. Naqueles tempos foram praticamente os simples fiéis que
salvaram a fé católica. Ao analisar essa crise, o Beato John Henry Newman disse
que foi a “ecclesia docta” (que significa os fiéis que recebem a instrução do
clero), em vez de os “ecclesia docens” (que significa os detentores do
Magistério eclesiástico) que salvaram a integridade da fé católica no quarto
século. Em tempos de crise profunda a Divina Providência gosta de usar os mais
simples e humildes para demonstrar a indestrutibilidade da Sua Igreja.
Schneider falou antes sobre
a necessidade dos leigos proclamarem a verdade, mesmo enfrentando a oposição de
clero “semi-herético” que procura enlamear ou mesmo tentam mudar os
ensinamentos de Cristo.
Schneider ofereceu também seus pensamentos sobre as
conexões entre as expressões litúrgicas da fé e a sua influência na vida diária
dos católicos e da sacralidade da Eucaristia.
As palavras de Schneider certamente deixam o leitor
entrever o que o bispo ortodoxo terá a dizer sobre Amoris Laetitia e
as interpretações progressistas do documento.
Observações completas da Schneider podem ser lidas aqui.
Originalmente publicado: LifeSiteNews – Bishop Schneider: God needs the ‘simple faithful’ to
protect the faith in this time of crisis
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