Vaticano, 26 Jan. 13 / 02:46 pm (ACI/EWTN Noticias).- Em seu discurso de
sábado pela manhã aos membros do Tribunal da Rota Romana, o mais alto tribunal
eclesiástico da Santa Sé, o Papa Bento XVI assinalou que “a carência de fé pode
ferir os bens do matrimônio: procriação, fidelidade conjugal e indissolubilidade”.
O Santo Padre sublinhou que a atual crise de fé
ocasiona uma crise na união conjugal, acrescentando que o rechaço da proposta
de Deus leva a um profundo desequilíbrio em todas as relações humanas.
O “acentuado subjetivismo e relativismo ético e
religioso” da cultura contemporânea impõe à família “desafios urgentes”, disse
o Papa.
Bento XVI lamentou que exista uma “difundida
mentalidade” de que a pessoa “seja ela mesma permanecendo ‘autônoma’ e entrando
em contato com o outro só mediante relações que possam ser interrompidas em
qualquer momento”.
O Papa sublinhou que “só abrindo-se à verdade de
Deus é possível compreender, e realizar no concreto da vida também conjugal e
familiar, a verdade do homem como filho dele, regenerado pelo Batismo”.
Ao refletir sobre a indissolubilidade do pacto
matrimonial entre um homem e uma mulher, indicou que este “não requer, por fins
sacramentais, a fé pessoal dos noivos”, mas o que se pede, “como condição
mínima necessária é a intenção de fazer aquilo que faz a Igreja”.
Entretanto, apontou, “embora seja importante não
confundir o problema da intenção com aquele da fé pessoal dos contraentes, não
é possível separá-los totalmente”.
Ao recordar os três bens do matrimônio, mencionados
por Santo Agostinho, procriação, fidelidade conjugal e indissolubilidade, o
Papa advertiu que não se deve prescindir “da consideração de que possam
apresentar-se casos nos que justamente pela ausência de fé, o bem dos cônjuges
resulte comprometido e portanto excluído do consenso mesmo”.
O Santo Padre advertiu que “com estas
considerações, não pretendo certamente sugerir algum fácil automatismo entre
carência de fé e nulidade da união matrimonial, mas evidenciar como tal
carência poderá, embora não necessariamente, ferir também os bens do
matrimônio, a partir do momento em que a referência à ordem natural querida por
Deus é inerente ao pacto conjugal”.
O Papa assinalou que sobre a problemática da
validez do matrimônio, “sobretudo no contexto atual, será necessário promover
ulteriores reflexões”.
Bento XVI também recordou aqueles Santos que
viveram o matrimônio de acordo à perspectiva cristã”, obtendo assim “superar
também as situações mais adversas, conseguindo às vezes a santificação do
cônjuge e dos filhos com um amor sempre reforçado por uma sólida confiança em
Deus”.
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