I Parte
MUDANÇA DE RELIGIÃO
Apologética Católica com o Padre Júlio
Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis
as objeções protestantes".)
A 20.ª e última objeção protestante do boletim citado seria de
uma ingenuidade infantil se não fosse de um ridículo capcioso.
O amigo protestante pede: um texto das Escrituras que prove
que um homem deve ser perseguido e amaldiçoado por haver abandonado sua
religião em que nasceu e aceitado a religião de Jesus Cristo.
Aqui haveria muita coisa a distinguir; assinalarei apenas os seguintes
pontos:
1º Um homem perverso deve ser perseguido e pode ser
amaldiçoado: maledicti qui declinant a mandatis tuis (Sl 118, 21).
2º Pode-se abandonar a religião em que se nasce, tendo a certeza de ser
errada e a certeza de a outra que se quer abraçar ser a verdadeira. – Revertimini
a viis vestris pessimis (4 Rs 17, 13).
3º A religião de Jesus Cristo é uma só: Dominus Deus tuus, Deus unus est
(Mc 12, 24). Vamos por partes.
É uma mania protestante o gritar de ser perseguido, quando não pode
espalhar os seus erros ou encontrar qualquer oposição. É mania conhecida; a
Bíblia diz muito bem: querem pegar a sombra e perseguem o vento (Ecli 34, 2).
Os protestantes andam atacando, caluniando e blasfemando contra o
catolicismo, a Santíssima Virgem, o papa, os padres, os sacramentos e os sinos
da Igreja.
Os católicos cruzando os braços, sorrindo e aceitando bíblias
falsificadas, tudo corre bem, mas quando um deles repele os insultos, refuta os
erros, diz-lhes meia dúzia de verdades, encolhem-se e gritam que são
caluniados, perseguidos e maltratados.
É o ladrão, que, penetrando em casa alheia, é pego em
flagrante no roubo, gritando que o dono da casa, que lhe administra umas
pauladas nas costas, é um perseguidor, um algoz. Não, senhor, ele é um defensor
em legítima defesa de seus bens.
Os católicos estão no mesmo caso. A religião é de paz e de concórdia;
mas também é de dignidade, de brio e de firmeza.
Reagir contra o ladrão não é perseguir; é defender-se.
Repelir o caluniador não é perseguir; é restabelecer a verdade perturbada.
Refutar o erro não é perseguir: é manter a verdade, é fazê-la
triunfar.
Defender a sua religião contra os ímpios e hereges é um ato de
dignidade, de brio e de convicção, como é de brio o fato de defender a
sua pátria contra o inimigo invasor.
Os que não ouvirem a Igreja, diz o Salvador, devem ser considerados
como gentios ou publicanos (Mt 18, 17). Haverá menos rigor para
Sodoma, do que para aqueles que não aproveitam a minha palavra, diz ainda o
Mestre (Lc 10, 13).
Podemos, pois, tratar os protestantes como tratamos os
gentios, não com ódios, mas com compaixão, e dizer que terríveis castigos
esperam a sua revolta contra a Igreja.
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