Estamos
tanto eufóricos nestes dias de recém-descoberta pobreza, que já não pensamos
mais em você, que neste momento é o mais pobre de todos.
Roma, 26
de Julho de 2013 (Zenit.org)
Publicamos a seguir uma carta aberta ao Papa Bento
XVI. A carta foi escrita por Ivan Quintavalle (Estudante, I Ciclo di
Teologia) e publicada originalmente em “Notizie dalla Santa Croce”, informativo
da Pontificia Università della Santa Croce – Roma.
***
Meu doce Bento, são dias estranhos esses, sabe? Há
uma estranha atmosfera por aqui.
A euforia é tanta, o mundo parece estar de repente
em busca de conversão. Talvez seja mesmo assim, espero realmente que seja
assim. No entanto, eu, eu não consigo estar contente.
Pouco importa. Mas eu tento entender o porquê.
Esta noite tentei deixar claro no meu coração.
Infelizmente, não tendo a sua santidade, não posso viver tudo isso com a sua
mesma paz de espírito.
Bem, na luta contra a insônia, eu entendi a razão
para essa minha sutil tristeza. A principal causa do meu mau humor é a minha
ingratidão. Talvez seja o mais óbvio mal de todos os homens, e é o mal que,
mais do que todos os outros, me faz ser menos homem. Estamos tanto eufóricos
nestes dias de recém-descoberta pobreza, que já não pensamos mais em você, que
neste momento é o mais pobre de todos.
Você escolheu a solidão e o silêncio; você não ama
mostrar a sua pobreza ao mundo. Porque você nunca quis alardear suas virtudes.
Você pôs suas virtudes a serviço de todos nós e da Igreja de Cristo. Você
exerceu suas virtudes de modo tão discreto e impessoal que não as fez parecer
suas.
Como tenho sido ingrato e sem amor por você!
Eu duvidei de sua escolha, foi tentado por um
momento a reconhecê-la como um ato de covardia. Mas, nestes dias brilham mais a
sua grandeza. Na verdade, a fazem resplandecer, mas de uma forma invisível.
Você, Santidade escolheu a ocultação, a clausura. Quanta grandeza, quanta
coragem. Nenhum amor-próprio. Apenas a Cruz. E nós continuamos a fazer comparações.
Fizemo-las com seu amado predecessor João Paulo II, enquanto você escrevia
páginas memoráveis e silenciosas do Magistério da Igreja. E as fazemos agora,
enquanto você, com a sua ausência voluntária, escreve a sua encíclica mais
bela: aquela sobre a humildade. Hoje é o seu onomástico, meu amado Bento. Por
favor, perdoe-me por minha ingratidão, mas acima de tudo pela minha falta de
fé.
Desejo-lhe dias felizes; eu vou me esforçar para
ser um melhor filho de Papa Francisco, mais do que tenha sido de você.
Roma, 18 de março de 2013
Em Cristo,
Ivan Quintavalle (Estudante, I Ciclo di Teologia).
(26 de Julho de 2013) © Innovative Media Inc.
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