CHRISTO NIHIL PRAEPONERE - Com a
aproximação da data de início do Conclave, cresce a curiosidade acerca de como
ele será posto em prática. Pensando nisso, um conjunto de objetos chama a
atenção: as urnas em que serão depositados os votos dos Cardeais.
Durante muito tempo, o costume era de que as cédulas fossem
recolhidas num cálice ou num vaso fechado (píxide), em seguida, eram
depositados num outro recipiente e queimados. Esse modo, porém, não contemplava
os votos daqueles Cardeais que, por motivo de doença, não estavam presentes na
Capela Sistina.
Em 1996, com a publicação da Constituição Apostólica “Universi
Dominici Gregis” pelo Bem-aventurado João Paulo II, também os Cardeais enfermos
e impossibilitados de se deslocarem até a Sistina se tornaram obrigados a
votar. Eles podem permanecer na Casa Santa Marta (alojamento oficial dos
Cardeais durante o Conclave), pois seus votos serão recolhidos numa urna
especial por uma espécie de comissão de Cardeais especialmente designados para
este fim. Por isso houve a necessidade da confecção de uma urna que atendesse
às exigências de segurança.
Assim, no ano 2000, o Papa João Paulo II solicitou ao artista
italiano Ceco Bonanotte que criasse não só uma urna para o recolhimento dos
votos dos Cardeais enfermos, mas um conjunto que pudesse ser utilizado também
dentro da Capela Sistina. Em 2005, o conjunto de três urnas foi usado pela
primeira vez, na eleição de Bento XVI.
As peças criadas por Cecco Bonanotte, que foi o responsável também
por forjar as portas do Museu do Vaticano no ano 2000, foram feitas em prata e
bronze dourado. Elas têm a forma oval e, respectivamente, 67, 50 e 40 cm de
diâmetro.
Cada uma tem sua própria função: uma serve para recolher os votos
dos Cardeais enfermos, outra para receber os votos dos Cardeais presentes na
Sistina e outra para transportar os votos dos Cardeais para o local onde serão
queimados, denominado salamandra, após terem sido recontados. Esta última
possui cinco anéis sobrepostos na base e, na parte superior, uma pequena imagem
de Jesus Cristo, o Bom Pastor. Em todas se vêem desenhos representando a
simbologia católica.
As urnas permanecerão sobre altar específico, posicionado defronte
ao afresco de Michelangelo que representa Jesus como o Juiz Universal. O
Cardeal eleitor, escolhido pela ordem de precedência, escreve o nome do seu
escolhido, dobra a cédula duas vezes e, empunhando-a de forma visível aos
demais dirige-se até o altar, onde já se encontram três escrutinadores.
Ali, com o voto em mão, pronunciará
o seguinte juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de
julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”
e, em seguida, deposita o voto na urna apropriada.
Conforme já foi dito, para que os Cardeais recolhidos à Casa Santa
Marta possam votar, são sorteados três representantes para irem até lá recolher
os votos. Antes de saírem da Capela Sistina, esses Cardeais abrem a pequena
urna para confirmar que está mesmo vazia. Ela é trancada à vista de todos e a
chave fica sobre o altar.
Após os enfermos colocarem seus votos na urna pequena, os três
Cardeais retornam para a Sistina, onde os votos são transferidos dessa para a
urna na qual foram colocados as cédulas dos demais Cardeais. O primeiro
escrutinador agita a urna diversas vezes.
Depois da contagem e recontagem dos votos, as cédulas são
transportadas, conforme já foi dito até a salamandra a fim de serem queimados.
Caso não tenha sido alcançado os dois terços dos votos necessários a fumaça
produzida será de cor preta. Mas, caso o novo Pontífice tenha sido eleito, sairá
da chaminé instalada na Capela Sistina a fumaça branca.
Como se vê, as urnas são importantes posto que receberão os votos do
Colégio Cardinalício, o qual, sob os auspícios do Juiz Universal elegerá,
diante de Deus, o novo Sucessor de Pedro.
Referências e informações:
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