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terça-feira, 12 de março de 2013

As urnas do Conclave


CHRISTO NIHIL PRAEPONERE - Com a aproximação da data de início do Conclave, cresce a curiosidade acerca de como ele será posto em prática. Pensando nisso, um conjunto de objetos chama a atenção: as urnas em que serão depositados os votos dos Cardeais.
  
Durante muito tempo, o costume era de que as cédulas fossem recolhidas num cálice ou num vaso fechado (píxide), em seguida, eram depositados num outro recipiente e queimados. Esse modo, porém, não contemplava os votos daqueles Cardeais que, por motivo de doença, não estavam presentes na Capela Sistina.

Em 1996, com a publicação da Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis” pelo Bem-aventurado João Paulo II, também os Cardeais enfermos e impossibilitados de se deslocarem até a Sistina se tornaram obrigados a votar. Eles podem permanecer na Casa Santa Marta (alojamento oficial dos Cardeais durante o Conclave), pois seus votos serão recolhidos numa urna especial por uma espécie de comissão de Cardeais especialmente designados para este fim. Por isso houve a necessidade da confecção de uma urna que atendesse às exigências de segurança.

Assim, no ano 2000, o Papa João Paulo II solicitou ao artista italiano Ceco Bonanotte que criasse não só uma urna para o recolhimento dos votos dos Cardeais enfermos, mas um conjunto que pudesse ser utilizado também dentro da Capela Sistina. Em 2005, o conjunto de três urnas foi usado pela primeira vez, na eleição de Bento XVI.

As peças criadas por Cecco Bonanotte, que foi o responsável também por forjar as portas do Museu do Vaticano no ano 2000, foram feitas em prata e bronze dourado. Elas têm a forma oval e, respectivamente, 67, 50 e 40 cm de diâmetro.

Cada uma tem sua própria função: uma serve para recolher os votos dos Cardeais enfermos, outra para receber os votos dos Cardeais presentes na Sistina e outra para transportar os votos dos Cardeais para o local onde serão queimados, denominado salamandra, após terem sido recontados. Esta última possui cinco anéis sobrepostos na base e, na parte superior, uma pequena imagem de Jesus Cristo, o Bom Pastor. Em todas se vêem desenhos representando a simbologia católica.

As urnas permanecerão sobre altar específico, posicionado defronte ao afresco de Michelangelo que representa Jesus como o Juiz Universal. O Cardeal eleitor, escolhido pela ordem de precedência, escreve o nome do seu escolhido, dobra a cédula duas vezes e, empunhando-a de forma visível aos demais dirige-se até o altar, onde já se encontram três escrutinadores.

Ali, com o voto em mão, pronunciará o seguinte juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito” e, em seguida, deposita o voto na urna apropriada.

Conforme já foi dito, para que os Cardeais recolhidos à Casa Santa Marta possam votar, são sorteados três representantes para irem até lá recolher os votos. Antes de saírem da Capela Sistina, esses Cardeais abrem a pequena urna para confirmar que está mesmo vazia. Ela é trancada à vista de todos e a chave fica sobre o altar.
 
Após os enfermos colocarem seus votos na urna pequena, os três Cardeais retornam para a Sistina, onde os votos são transferidos dessa para a urna na qual foram colocados as cédulas dos demais Cardeais. O primeiro escrutinador agita a urna diversas vezes.

Depois da contagem e recontagem dos votos, as cédulas são transportadas, conforme já foi dito até a salamandra a fim de serem queimados. Caso não tenha sido alcançado os dois terços dos votos necessários a fumaça produzida será de cor preta. Mas, caso o novo Pontífice tenha sido eleito, sairá da chaminé instalada na Capela Sistina a fumaça branca.

Como se vê, as urnas são importantes posto que receberão os votos do Colégio Cardinalício, o qual, sob os auspícios do Juiz Universal elegerá, diante de Deus, o novo Sucessor de Pedro.

Referências e informações:



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