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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Emprestar-se a Maria!

 Pe. Júlio Maria de Lombaerde

Entre amigos, que vivem juntos, formando um só coração, uma só alma, há uma coisa que mostra a afeição mútua ao mesmo tempo em que a sustenta e alimenta; é emprestar uns aos outros diversos pequenos objetos, de que se precisa, às vezes, inesperadamente, sem tê-los à mão. E o outro é feliz em emprestar este objeto. Será talvez um livro, um canivete, um instrumento qualquer. E nós, que vivemos perto da Santíssima Virgem, nessa comunhão de todo instante, não nos seria possível emprestar-lhe, às vezes, qualquer coisa?

Delicioso e doce pensamento! Vou emprestar-me a Maria Santíssima.

Ó minha Mãe, eu te empresto as minhas mãos. Digna-te servir-te delas para socorrer todos aqueles que precisarem. Com minhas mãos tu darás, tu guiarás, tu aliviarás.

Eu serei o criado, o escravo, dando, guiando, aliviando com estas mãos, que eu te emprestei.

Querida Mãe, eu te empresto minha língua, serve-te dela para consolar, aconselhar, animar e rezar. Serás tu que farás tudo isso, por minha língua; e eu ainda serei criado, agindo para Ti e sob a tua influência.

Ó Maria, eu te dou minha inteligência. Toma-a e dela te serve para instruir, iluminar; para falar de Ti e a Ti. E eu sempre pobre criado não deixarei entrar nessa inteligência nada, que não seja de Ti e para Ti.

Ó Maria, eu te dou a minha vontade. Ela é fraca, vacilante, inconstante, inclinada ao mal..., mas, pouco importa, eu te empresto esta vontade, para que tu dela aproveites para a maior glória de Deus.

Ó Maria, eu te empresto o meu coração. Tu queres ainda viver entre nós para amar, compadecer, para enxugar as lágrimas. E para assim amar, precisas de um coração, aqui na terra. Toma o meu e nele coloca a tua bondade, tua ternura, tua dedicação e que, em todas as almas, com que tratarei, possa eu derramar um pouco de tua bondade e de teu amor de Mãe.

Ó Maria, eu te empresto o meu ser inteiro, meu corpo, minha alma, minhas faculdades, meus bens espirituais e temporais. Toma tudo, tudo, e serve-te desse tudo, para prestar serviço, para socorrer, para abrigar o pobre, para acalmar as queixas da desgraça e fazer-te conhecer das crianças, às quais não se fala bastante de Ti.

Totus tuus sum ego et omnia mea tua sunt. – Eu te pertenço inteiramente com tudo que é meu.

As conclusões práticas deste empréstimo são das mais consoladoras.

Quando o mundo convidar-nos para participar de seus passageiros e vãos gozos, fiquemos fiéis ao nosso contrato com a doce Virgem e respondamo-lhe: “Não posso; não sou mais senhor de mim; emprestei-me à Mãe de Deus; é a ela, pois que se deve dirigir o convite.”

Quando o demônio nos importunar com suas tentações, digamos-lhe sem hesitação: “Vai, miserável; tens de haver-te com um mais forte do que tu. Não é a mim, mas a Virgem Imaculada, a qual uma vez primeira te esmagou a cabeça e que ainda saberá descobrir e aniquilar tuas armadilhas.”

Quando a carne corrupta e corruptora, excitar em nós suas paixões ardentes, fitemos a Virgem Pura e protestemos altamente que não queremos retomar o que lhe temos emprestado.

Quando, enfim, o desânimo infiltrar-se em nossas veias e ameaçar o vigor de nosso corpo, saibamos levantar a cabeça e o coração para lutar ainda, para sempre lutar, visto ser a Virgem que luta conosco e em nós. E a Virgem é invencível!

Porque desanimar! A vitória é, pois, certa. Pouco importa que a luta seja árdua e os inimigos experimentados.

Mundo, demônio e carne podem nos assaltar, mas só vence, quem quer ser vencido. Aqueles que oram e que se emprestam a Maria, são invencíveis, porque participam das prerrogativas da divina Mãe de Jesus.

Fonte: A grande Guerra


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