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sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Palestras de Dom Athanasius sobre seu novo livro “A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja”
Dom
Athanasius Schneider convida para as palestras de lançamento de seu novo livro
“A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja”
Dia 27
de novembro, às 19:30, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo.
Dia 29
de novembro, às 19:00, na Paróquia da Trindade, em Belém.
Créditos: Montfort.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Bartolucci + 1 ano – RIP
REQUIEM aeternam dona ei, Domine, et lux perpetua luceat ei.
“Quem não ama a beleza, não ama a
Deus”
de
Domenico Bartolucci
[...]
No meu sacerdócio, eu não fui um pregador, um teólogo, nem um pastor de uma
diocese e nunca pronunciei grandes discursos, todavia, tenho procurado
frutificar os dons que o Senhor me deu e o fiz através da música sacra, uma
nobre arte capaz de penetrar efetivamente a alma dos fiéis, convidando-os à
conversão, à alegria, à oração.
Particularmente
na civilização ocidental, a música é a arte que, mais do que qualquer outra,
deve agradecer à Igreja. Nela, realmente, nasceu, cresceu e se desenvolveu.
Como tive a oportunidade de dizer já na ocasião do concerto oferecido ao Papa
na Capela Sistina, os coros representaram o berço da arte musical. A própria
Igreja dos primeiros séculos, tão logo teve a oportunidade de dar glória ao
Senhor publicamente, empenhou-se na criação das “scholae cantorum”, que,
gradualmente, ao longo dos séculos, nos deixaram em herança o patrimônio do
canto sacro, o canto gregoriano e a polifonia, instrumentos autênticos de
pregação, que freqüentemente, por causa de sua intensidade, conseguem fazer
perceber a mensagem contida na Palavra de Deus.
Este
patrimônio que hoje devemos necessariamente recuperar e que, infelizmente, tem
sido negligenciado, nunca teve a intenção de se estabelecer como um “ornamento”
[ndt: no sentido de adorno, enfeite] da celebração litúrgica. O cantor, como
ensinaram os nossos mestres do passado, é simplesmente um ministro que exprime
e torna vivo, da melhor maneira possível, o texto sagrado e a palavra de Deus.
Muito freqüentemente nós, músicos da Igreja, temos sido acusados de querer
impedir a participação dos fiéis nos ritos sagrados e eu mesmo, como diretor da
Capela Sistina, tive de enfrentar momentos difíceis nos quais a Sagrada
Liturgia sofria banalizações e experimentações áridas. Hoje, mais do que nunca,
devemos assumir a responsabilidade de analisar criticamente o quanto foi feito
e devemos ter a coragem de reafirmar a importância das nossas tradições de
beleza que exaltam e dão glória a Deus e que são também eficazes meios de
conversão. Recordo-me, por ocasião dos concertos da Capela Sistina, o
entusiasmo do povo, mesmo de países como Turquia e Japão, onde foram
registradas diversas conversões ao catolicismo. “Quem não ama a beleza, não ama
a Deus!”, disse o Santo Padre em uma das suas homilias. Precisamos, portanto,
saber como nos reapropriarmos de nós mesmos e de quanto a tradição eclesial nos
deu.
Como
escreveu Bento XVI às vésperas da assembléia geral dos bispos italianos reunida
em Assis, em novembro passado: “Todo verdadeiro reformador, na verdade, é um
obediente à fé: não se move de forma arbitrária, nem arroga para si qualquer
poder discricionário sobre o rito; não é o dono, mas o guardião do tesouro
instituído pelo Senhor e a nós confiado”.
Desejando
seguir essa descrição, podemos olhar precisamente para a figura de Maria: ela
foi a primeira guardiã do Verbo Encarnado, a serva do Senhor que soube agir sempre
de acordo com a sua vontade.
Como
Maria, também nós somos chamados a ser obedientes na fé, sem nos mover de forma
arbitrária, mas sabendo acolher o que nos foi entregue. Esta é a nossa força,
esta é a força sempre nova do cristão que, como São Paulo, transmite aquilo que
recebeu da fonte da graça que, para ele, assim como para nós, é o encontro com
o Senhor.
Também
por isso, encontrar-me aqui, na igreja da Trinità dei Pellegrini, onde é vivo o
empenho em favor da difusão da liturgia tradicional, é para mim motivo de
alegria e esperança que me faz tocar com a mão alguns frutos que se seguiram à
publicação do motu proprio “Summorum Pontificum”.
Em
um momento difícil, somos todos chamados em nosso serviço a nos unirmos ao
sucessor de Pedro: como Pedro, também nós devemos nos converter ao Senhor
crucificado e ressuscitado, não nos desanimando nunca diante da realidade da
cruz e com a certeza de tomar parte um dia de sua própria ressurreição.
Esse,
antes do nosso, foi o caminho de Maria, um caminho que a Igreja procurou propor
como modelo e que mesmo os fiéis quiseram exaltar e exprimir na riquíssima
devoção popular. Também eu, entre as músicas compostas desde quando era um
jovem seminarista, tenho dedicado grande parte a Maria. A festa da Imaculada
Conceição me faz pensar em tantas músicas escritas em honra a Nossa Senhora:
missas, laudes, motetos, magnificat, Stabat Mater, mas me faz pensar
especialmente nas numerosas antífonas marianas que o povo soube fazer suas e
que cantava em honra à Mãe celeste, encontrando nela o ícone da fé. [...]
Sermão do Cardeal Burke - Peregrinação do Summorum Pontificum
Transcrevemos a seguir o sermão proferido pelo Cardeal Burke na Missa realizada por ocasião
da peregrinação do Summorum Pontificum
Vós partistes de
vossa casa e de vossa atividade ordinária para vir em peregrinação de um modo
extraordinário até a Sé de Pedro e esperar na gratidão do Senhor pelo dom mais
belo que nos dá na Igreja o qual é a sagrada liturgia. É o sucessor de S
Pedro que tem a responsabilidade de salvaguardar e de promover este dom
para o rebanho do Senhor disperso em todo o mundo. Agradecei ao Senhor de modo
particular pela beleza perene da tradicional forma dos ritos litúrgicos da
Igreja latina, pela riqueza da Liturgia Romana que o papa Bento XVI com a carta
apostólica Summorum Pontificum, dada Motu próprio de
07/07/2007, tornou-a mais acessível à Igreja universal. Com a missa pontifical
celebrada, segundo a forma extraordinária do rito romano, nesta magnifica
basílica, erigida sobre o túmulo de São Pedro, a vossa peregrinação atinge o
seu cume. Chamando à memória São Pedro e implorando a sua intercessão, honremos
o particular zelo de seus sucessores, expresso no modo mais alto e completo na
custódia e na promoção da sacra liturgia .
sábado, 1 de novembro de 2014
A rebeldia de um monge
Se a rebelião de Lutero conseguiu dividir a
cristandade, a providência de Deus foi muito mais eficaz em Seus santos.
Tratado
o doloroso tema da separação entre Cristo e a Igreja ( ver aqui), que não poucas
pessoas realizam em nossos tempos, é hora de voltarmos o olhar ao século XVI,
quando um monge agostiniano se tornou pioneiro em talhar um “cristianismo” à
sua própria medida, desvinculado da autoridade do Papa e da mediação sacerdotal,
querida pelo próprio Senhor.
Martinho
Lutero, nascido em 1483, na Saxônia, era um rapaz de inteligência aguçada,
característica que seus pais e professores identificaram muito cedo, quando ele
recebeu o trivium, em Mansfeld. Foi com 21 anos, mal acabara de começar
os seus estudos de direito, que o rapaz decidiu fazer-se religioso. Em viagem a
Erfurt, onde frequentava a universidade, Lutero foi surpreendido por uma
tempestade bastante violenta. Em meio aos raios e trovões que o assustavam, ele
invocou o auxílio de Santa Ana e fez uma promessa irrefletida: “Se me ajudares,
far-me-ei monge”.
De
fato, apenas duas semanas depois do incidente, ele batia à porta do convento
dos eremitas de Santo Agostinho. Levava uma vida de disciplina e oração, mas,
aflito por escrúpulos e por uma ideia muito severa de Deus, não conseguia obter
a paz da alma. Escreve Daniel-Rops que “Lutero era um ser intensamente dominado
pelo sentimento trágico do pecado” [1]. A sua luta, mais que contra a
sensualidade da carne, era contra a soberba da vida. “Os pensamentos hediondos,
o ódio a Deus, a blasfêmia, o desespero, eis as grandes tentações”, escrevia
[2].
Um
versículo bíblico em particular inquietava o monge da Saxônia: “Nele [no
evangelho] se revela a justiça de Deus, que vem pela fé e conduz à fé,
como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’” [3]. Por muito tempo, Lutero não
conseguia ver na “justiça de Deus” senão a justitia puniens, a ira
divina pelas faltas do homem. Até que ele descobre que Deus não apenas julga o
homem, como também o justifica. Essa visão – que, até aqui, nada tem de
errada – levou-o a formular, no entanto, uma nova doutrina. Para responder ao
que o atormentava dia e noite, Lutero firma a salvação somente pela fé,
eliminando a necessidade da penitência e do combate contra o pecado e
deturpando toda a doutrina da graça: se o são ensinamento católico lembrava que
a amizade de Deus não pode conviver com o pecado, a sua heresia concebia uma
graça pela qual “todas as manchas da alma são como que cobertas por um manto de
luz” [4]. O cristianismo deixava de ser a religião da santidade para se
transformar num disfarce sutil, uma máscara para cobrir as faltas do homem.
Com
o passar do tempo – e o advento da famosa e difícil questão das indulgências –,
Lutero uniu à sua sola fide a rejeição do poder pontifício e, em 1520, no auge
de sua rebeldia, o livre exame, o pedido de extinção do celibato eclesiástico e
a crítica aos próprios Sacramentos, dos quais ele só reconhecia a validade de
três. Em 1521, estava assinada a sua excomunhão, mas a cristandade já estava
dividida.
Antes
de qualquer coisa, é preciso lembrar a gravidade do ato de Lutero, um ato de
desobediência que não pode ser desculpado por nenhuma contingência histórica. Ainda
que muitas vezes os erros dos membros da Igreja gritem – como gritavam no
século XVI e gritam também hoje –, a sua santidade, forjada com o sangue do
Cordeiro, fala muito mais alto. Por isso, não se pode olhar para a rebelião
dos chamados “reformadores” senão com desconfiança e desaprovação.
Só
que, ao mesmo tempo, “como Deus é o criador soberanamente bom das naturezas
boas, também é o ordenador soberanamente justo das vontades más, de tal forma
que, quando usam mal das naturezas boas, Ele faz bom uso até mesmo das vontades
más” [5]. Da vontade má de Lutero, que cedeu às “grandes tentações”, caindo no
pecado da soberba, o Senhor suscitou a Companhia de Jesus, na qual floresceram
homens da estirpe de Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São José de
Anchieta, apóstolo do Brasil; suscitou almas como Santa Teresa de Ávila e São
João da Cruz, que levaram a cabo a reforma do Carmelo; suscitou São João de
Ávila, São Filipe Néri, São Carlos Borromeu e outros numerosos homens de fibra,
que podem com razão ser chamados de “reformadores”.
É
nas grandes provações que agitam a barca da Igreja que se revelam os fiéis. Se
a rebelião de Lutero conseguiu dividir a cristandade, a providência de Deus foi
muito mais eficaz em Seus santos.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
1.
Henri Daniel-Rops. A Igreja da
Renascença e da Reforma (I). Quadrante, São Paulo. p. 273
2.
Henri Daniel-Rops. A Igreja da
Renascença e da Reforma (I). Quadrante, São Paulo. p. 274
3.
Rm 1, 17
4.
Henri Daniel-Rops. A Igreja da Renascença
e da Reforma (I). Quadrante, São Paulo. p. 277
5.
Santo Agostinho, De Civitate Dei, XI,
17
6.
1 Cor 11, 19
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