Consideremos
o amor de José, para com sua santíssima Esposa. Era Ela a mais formosa entre
todas as mulheres, a mais humilde, a mais obediente, a mais pura das almas, e a
que Deus mais amou, acima de todos os homens e de todos os Anjos. Merecia, pois
que São José, que tanto amava a virtude, Lhe dedicasse um amor extremo,
superior a toda apreciação. A todos estes atrativos juntemos ainda o do afeto,
com que se via amado de Maria, que certissimamente queria a sua Esposa mais do
que a todas as outras criaturas. Por outro lado considerava-A como a Amada do
Senhor e a escolhida dentre todas, para ser a Mãe do Seu Unigênito Filho. Fácil
será de conceber qual seria, por todos estes motivos, o afeto do coração justo,
generoso e agradecido de São José para com sua castíssima Esposa. Consideremos,
além disso, o amor de José e de Maria ao seu Jesus. Havendo-os Deus escolhido
para servirem de pais ao Seu Unigênito, lhes havia adornado os corações com o
amor paternal o mais acrisolado, qual convinha tivessem a semelhante Filho, tão
amável e que era o próprio Deus.
Não foi,
pois, simplesmente natural o amor de José e de Maria, como os dos outros pais;
mas foi sobrenatural, por isso que viam numa só pessoa reunidos o seu próprio
Filho e o de Deus: Sabiam ser este Menino, que sempre os acompanhava, o próprio
Verbo divino Encarnado por amor dos homens e particularmente por amor seu: que
este adorável Infante por Si mesmo os havia a eles escolhido; dentre todos os
homens, para serem seus pais, e protetores de Sua vida terrena.
Avaliemos,
pois, se é possível, como todas estas considerações haviam de abrasar em
incêndios de amor os corações de José e de Maria, ao verem o seu divino Mestre,
servindo como operário, abrindo ou fechando a oficina, serrando madeira,
manejando a plaina ou o machado, juntando os cavacos e fragmentos, varrendo a
casa, e obedecendo-lhes, numa palavra, em tudo quanto Lhe mandavam, e
dependendo de sua autoridade em tudo quanto fazia.
De que
terníssimos afetos se não inundariam os corações de José e de Maria, quando
tinham ao colo este amabilíssimo Menino, quando Lhe prodigalizavam as suas
carícias, ou dEle as recebiam! quando ouviam sair de Seus lábios essas palavras
de vida eterna, que eram outras tantas setas ardentes de amor divino, que lhes
atravessavam e incendiavam as almas: e sobretudo quando contemplavam os
sublimes exemplos de virtude, que lhes dava o seu divino companheiro!
Entre as
pessoas que se amam sucede muitas vezes, que o amor se vai entibiando, a medida
que se freqüentam, porque, quanto mais se tratam e comunicam melhor manifestam
umas às outras os próprios defeitos. Não era, porém, assim com José e Maria;
quanto mal tratavam com Jesus melhor lhe conheciam a santidade e às perfeições:
e daqui se pode avaliar o grau de amor de Jesus, a que deviam ter chegado,
gozando por tantos anos de Sua companhia e familiaridade.
O adorável
Menino correspondia, por Seu turno, com um amor divino àqueles que tanto O
amavam.
Oh! que
admirável paz, que incendrada e mutua caridade reinava entre os membros da
Sagrada Família de Nazaré.
Oração jaculatória. - Doce coração de Jesus,
sede a minha salvação.
(300 dias de indulgência de cada vez.)
(A Sagrada Família, por um padre redentorista, 1910, versão do Espanhol por Manuel Moreira Aranha Furtado de Mendonça, Cônego honorário da Sé de Lamego, 3ª Edição, com Breve de Sua Santidade Leão XIII)
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