ACERCA DA CONSULTA
AOS ASTROS
Santo Tomás de
Aquino
Como pediste que te escrevesse a propósito da licitude da consulta aos astros, cuidei escrever, desejando satisfazer teu pedido, sobre aquilo que nos foi transmitido pelos Santos Doutores.

Mas é preciso
absolutamente compreender que a vontade do homem não está sujeita à necessidade
dos astros; de outro modo, pereceria o livre arbítrio, e sem este, não se
poderiam atribuir as boas ações ao mérito do homem, nem as más à sua culpa. E,
por esta razão, todo cristão deve ter por certo que o que depende da vontade do
homem — todas as obras humanas são desta espécie — não está submetido à vontade
dos astros. Por isso lemos nas Escrituras (Jr. 10, 2): Não vos espanteis
com os sinais dos céus; porque com eles os gentios se atemorizam.
Mas o diabo, a fim de
arrastar os homens ao erro, imiscui-se nas predições daqueles que se voltam aos
julgamentos astrais <para conhecer o devir nos assuntos humanos>.
É o motivo pelo qual Santo Agostinho disse em seu Comentário Literal Sobre o
Gênese: é preciso reconhecer que, quando os astrólogos predizem com veracidade,
é devido a qualquer influência ocultíssima que os espíritos humanos põem ao seu
serviço; e quando tal se dá com a intenção de mistificar os homens, é obra dos
espíritos imundos e sedutores, que podem ter dos afazeres temporais algum
conhecimento verdadeiro. Por este motivo, Agostinho diz ainda, no livro
segundo de seu tratado Sobre a Doutrina Cristã, que as observações astrais
desta espécie equivalem a um pacto contraído com demônios.
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