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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Bento XVI pede aos teólogos “adesão responsável” ao Magistério da Igreja.

IHU – Bento XVI recebeu, em audiência, os membros da Comissão Teológica Internacional que acabam de realizar sua sessão plenária. O Papa manifestou seu apreço pela mensagem da Comissão, em razão do Ano da Fé, e que “ilustra muito bem a maneira específica como os teólogos, servindo fielmente a verdade da fé, podem participar no esforço evangelizador da Igreja”.
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 07-12-2012. A tradução é do Cepat.

Essa mensagem retoma as questões do documento “A teologia hoje. Perspectivas, princípios e critérios”, que apresenta, de alguma forma, “o código genético da teologia católica, ou seja, os princípios que definem sua identidade e, portanto, garantem sua unidade na diversidade de suas conquistas (…). Num contexto cultural em que alguns são tentados em privar a teologia de seu status acadêmico, por sua relação intrínseca com a fé ou em prescindir da dimensão crente e confessional da teologia, com o risco de confundi-la com as ciências religiosas, esse documento relembra oportunamente que a teologia é confessional e racional, de modo inseparável, e que sua presença dentro da instituição acadêmica garante uma visão ampla e integral da própria razão humana”.

Entre os critérios da teologia católica, o Papa destacou que o documento menciona a atenção que os teólogos devem reservar ao “sensus fidelium”. “O Concílio Vaticano II, reafirmando o papel específico e insubstituível que compete ao Magistério, sublinhou, no entanto, que todo o Povo de Deus participa na função profética de Cristo (…). Este dom, o “sensus fidei”, é para o crente uma espécie de instinto sobrenatural, que possui uma conaturalidade vital com o próprio objeto da fé (…), e um critério para discernir se uma verdade pertence ou não ao depósito vivo da tradição apostólica. Também tem um valor proporcional porque o Espírito Santo não cessa de falar às Igrejas e de levá-las à verdade inteira”.


“Hoje em dia, no entanto, é particularmente importante esclarecer os critérios usados para distinguir o “sensus fidelium” autêntico de suas falsificações. De fato, não é uma espécie de opinião pública da Igreja, e é impensável recorrer a ele para contestar os ensinamentos do Magistério, já que o “sensus fidei” não pode se desenvolver autenticamente no crente autêntico, exceto na medida em que participa plenamente da vida da Igreja, e isto requer uma adesão responsável a seu Magistério”.

“Também este mesmo sentido sobrenatural da fé dos crentes leva, atualmente, a uma forte reação contra a ideia de que as religiões, especialmente as religiões monoteístas, seriam intrinsecamente portadoras de violência, sobretudo, devido por causa de sua afirmação da existência de uma verdade universal. Alguns acreditam que apenas o “politeísmo dos valores” garantiria a tolerância e a paz civil, estando de acordo com o espírito de uma sociedade democrática pluralista. Por um lado, é essencial relembrar que a fé num só Deus, criador do céu e da terra, responde às exigências racionais da reflexão metafísica, que não se fragiliza, mas reforça-se e torna-se mais profunda com a revelação do mistério do Deus-Trindade. Por outro lado, é preciso destacar a forma que a revelação definitiva do mistério do Deus único assume na vida e morte de Jesus Cristo, que vai ao encontro da Cruz como “um cordeiro levado ao matadouro””.

“O Senhor atesta uma rejeição radical de toda forma de ódio e de violência em favor da primazia absoluta do “ágape”. Portanto, se na história houve ou há formas de violência em nome de Deus, não devem ser atribuídas ao monoteísmo, mas a causas históricas, principalmente aos erros dos homens. É o esquecimento de Deus que leva as sociedades humanas a uma forma relativista, que inevitavelmente gera violência. Quando se nega a possibilidade de todos fazer referência a uma verdade objetiva, o diálogo se torna impossível e a violência, declarada ou subterrânea, torna-se a norma das relações humanas. Sem a abertura ao transcendente, que permite encontrar as respostas às perguntas sobre o sentido da vida e a forma de viver segundo uma moral, o homem se torna incapaz de atuar de acordo com a justiça e de se esforçar pela paz”.

“Se a ruptura da relação entre as pessoas e Deus traz consigo um profundo desequilíbrio na relação entre os homens, a reconciliação com Deus, atuada na Cruz de Cristo “nossa paz”, é a fonte fundamental da unidade e a fraternidade. Nesta perspectiva, também se coloca sua reflexão sobre (…) a doutrina social da Igreja no contexto da doutrina da Fé, que confirma que a doutrina social não é uma adição extrínseca, mas que, sem deixar de lado a contribuição de uma sadia filosofia, funda raízes nas fontes próprias da fé. Esta doutrina quer cumprir, na grande diversidade de situações sociais, o novo mandamento que o Senhor Jesus nos deixou: “Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros””, concluiu o Pontífice.

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