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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Discurso de Natal à Cúria Romana: Bento XVI fala sobre a “profunda falsidade” da ideologia de gênero e o diálogo.


DISCURSO
AUDIÊNCIA COM A CÚRIA ROMANA
VATICANO

Sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Presbiterado,
Queridos irmãos e irmãs!

Tradução CN -
Com grande alegria, me encontro hoje convosco, amados membros do Colégio Cardinalício, representantes da Cúria Romana e do Governatorado, para este momento tradicional antes do Natal. A cada um de vós dirijo uma cordial saudação, começando pelo Cardeal Angelo Sodano, a quem agradeço as amáveis palavras e os ardentes votos que me exprimiu em nome dele e vosso. O Cardeal Decano recordou-nos uma frase que se repete muitas vezes na liturgia latina destes dias: «Prope este iam Dominus, venite, adoremus! – O Senhor está perto; vinde, adoremos!». Também nós, como uma única família, nos preparamos para adorar, na gruta de Belém, aquele Menino que é Deus em pessoa e tão próximo que Se fez homem como nós. De bom grado retribuo os votos formulados e agradeço de coração a todos, incluindo os Representantes Pontifícios espalhados pelo mundo, pela generosa e qualificada colaboração que cada um presta ao meu ministério.

Encontramo-nos no fim de mais um ano, também este caracterizado – na Igreja e no mundo – por muitas situações atribuladas, por grandes problemas e desafios, mas também por sinais de esperança. Limito-me a mencionar alguns momentos salientes no âmbito da vida da Igreja e do meu ministério petrino. Começo pelas viagens realizadas ao México e a Cuba: encontros inesquecíveis com a força da fé, profundamente enraizada nos corações dos homens, e com a alegria pela vida que brota da fé. Recordo que, depois da chegada ao México, na borda do longo troço de estrada que tivemos de percorrer, havia fileiras infindáveis de pessoas que saudavam, acenando com lenços e bandeiras. Recordo que, durante o trajeto para Guanajuato – pitoresca capital do Estado do mesmo nome –, havia jovens devotamente ajoelhados na margem da estrada para receber a bênção do Sucessor de Pedro; recordo como a grande liturgia, nas proximidades da estátua de Cristo-Rei, constituiu um ato que tornou presente a realeza de Cristo: a sua paz, a sua justiça, a sua verdade. E tudo isto, tendo como pano de fundo os problemas dum país que sofre devido a múltiplas formas de violência e a dificuldades resultantes de dependências econômicas. Sem dúvida, são problemas que não se podem resolver simplesmente com a religiosidade, mas sê-lo-ão ainda menos sem aquela purificação interior dos corações que provém da força da fé, do encontro com Jesus Cristo. Seguiu-se a experiência de Cuba; também lá nas grandes liturgias, com seus cânticos, orações e silêncios, se tornou perceptível a presença d’Aquele a quem, por muito tempo, se quisera recusar um lugar no país. A busca, naquele país, de uma justa configuração da relação entre vínculos e liberdade, seguramente, não poderá ter êxito sem uma referência àqueles critérios fundamentais que se manifestaram à humanidade no encontro com o Deus de Jesus Cristo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Bento XVI pede aos teólogos “adesão responsável” ao Magistério da Igreja.

IHU – Bento XVI recebeu, em audiência, os membros da Comissão Teológica Internacional que acabam de realizar sua sessão plenária. O Papa manifestou seu apreço pela mensagem da Comissão, em razão do Ano da Fé, e que “ilustra muito bem a maneira específica como os teólogos, servindo fielmente a verdade da fé, podem participar no esforço evangelizador da Igreja”.
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 07-12-2012. A tradução é do Cepat.

Essa mensagem retoma as questões do documento “A teologia hoje. Perspectivas, princípios e critérios”, que apresenta, de alguma forma, “o código genético da teologia católica, ou seja, os princípios que definem sua identidade e, portanto, garantem sua unidade na diversidade de suas conquistas (…). Num contexto cultural em que alguns são tentados em privar a teologia de seu status acadêmico, por sua relação intrínseca com a fé ou em prescindir da dimensão crente e confessional da teologia, com o risco de confundi-la com as ciências religiosas, esse documento relembra oportunamente que a teologia é confessional e racional, de modo inseparável, e que sua presença dentro da instituição acadêmica garante uma visão ampla e integral da própria razão humana”.

Entre os critérios da teologia católica, o Papa destacou que o documento menciona a atenção que os teólogos devem reservar ao “sensus fidelium”. “O Concílio Vaticano II, reafirmando o papel específico e insubstituível que compete ao Magistério, sublinhou, no entanto, que todo o Povo de Deus participa na função profética de Cristo (…). Este dom, o “sensus fidei”, é para o crente uma espécie de instinto sobrenatural, que possui uma conaturalidade vital com o próprio objeto da fé (…), e um critério para discernir se uma verdade pertence ou não ao depósito vivo da tradição apostólica. Também tem um valor proporcional porque o Espírito Santo não cessa de falar às Igrejas e de levá-las à verdade inteira”.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Atentado contra a Virgem negra de Czestochowa, símbolo nacional da Polônia.


Por Religión en Libertad | Tradução: Fratres in Unum.com – Neste domingo [dia 9] pela manhã um homem de 58 anos tentou danificar o ícone da Virgem negra de Czestochowa, que está sob a custódia do mosteiro de Jasna Gora, no sul da Polônia.

O agressor arremessou um objeto contra a imagem, que é muito venerada por todos os poloneses e, após o pontificado de João Paulo II, que a visitou várias vezes como Papa, também por milhões de católicos em todo o mundo.
“Os vigias do mosteiro reagiram imediatamente e detiveram o homem, entregando-o às autoridades”, explicou a porta-voz da polícia local de Czestochowa, Joanna Lazar.

Segundo informações, a imagem da Virgem, protegida por um cristal, não sofreu danos, embora alguns dados indiquem que o objeto lançado teria sido um vasilhame de tinta preta. Ainda não se sabe as motivações do homem detido.

O ícone chegou ao país em 1382 proveniente de Bizâncio e, desde então, forma parte da identidade nacional polonesa, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nem todos estão capacitados para a guerra

Por São João de Ávila, segundo sermão da Epifania.
Os que não acabaram

Vinham os magos, decididos. Quem não se decide a servir a Deus por toda a vida ou morrer à sua procura não está capacitado para a guerra. Deus ordenava aos israelitas que, à hora de entrarem em combate numa guerra, se anunciasse por meio de um arauto que todos os que estivessem construindo uma casa e ainda não a tivessem acabado, e todos os que tivessem plantado uma vinha e ainda não tivesse colhido os frutos, e todos os casados e todos os medrosos - voltasse para suas casas (Deut 20, 5 e segs.; 1 Mac 3, 56 e Jz 7, 3). 

- "Padre, que quereis dizer com isso?" Que nem todos estão capacitados para a guerra. Porque dirás: - "Não acabei o que estava fazendo". Tereis o corpo na guerra e o coração em casa (cf. t 6, 21). Esses são os homens sobrecarregados com as ocupações da vida: - "Que farei, que comerei, como sustentarei os meus filhos?" (cf. Mt 6, 25 e 31). Julgais que, preocupando-vos em demasia, conseguireis manter-vos. Infeliz o homem que não se apoia em Deus, mas que vive pensando se choverá muito ou se não choverá! 

Dou-te este sinal para que vejas se estás apoiado em Deus: se nas dificuldades te afliges, se nos sofrimentos te encolhes, não estás apoiado em Deus. Na hora da angústia me reconfortastes (Sl 4,2), diz Davi. - "Não posso Eu sustentar-te sem a chuva?", diz-te o Senhor. Aquele que se apóia em Deus não se deixa abater nem pelos sofrimentos, nem pelas angústias, nem pela morte, nem pelo inferno. Quem não se apóia n'Ele, quanto medo sente, como anda preocupado. 

Disse Jesus Cristo: Não vos preocupeis pela vossa vida, nem pelo vosso corpo, nem pelo que vestireis (Mt 6, 25-31). Estais tão cheios de preocupações com o muito comer e beber que, se a palavra de Deus entrar nos vossos corações, um minuto depois será sufocada! (cf. Mt 13,22). Trabalhai e ganhai o suficiente para comer, que Deus assim o quer, mas essas preocupações e angústias desmedidas são sinal de que não estais apoiados em Deus. Quem se encontra nesse estado não irá para a guerra. 

Os sensuais e os medrosos

Em segundo lugar, os casados, que aqui quer dizer os sensuais. Diz o sábio: Qualquer palavra sábia, ouvida por um homem sensato, será louvada por ele e dela se aproveitará. Que a ouça um luxurioso, e lhe parecerá desagradável e a arremessará para trás das costas (Ecli 21, 18). Não há pecado que mais entorpeça a alma do que este. Jovem lascivo, olha que dentro em pouco essa tua carne será alimento para vermes e se transformará em cinzas. Podes retirar-te: não irás para a guerra. 

Em terceiro lugar, estão os medrosos, os que se preocupam com o que se pode dizer deles. Observamos à esposa: - "Tens dez saias e a tua irmã apenas uma; tens seis mantilhas e a tua irmã apenas uma, com a qual vai à missa. Isso não é fraternidade: não pareces acreditar que Jesus Cristo está no pobre. Vende essa saia, contenta-se com uma ou duas, e com as outras compra para a tua irmã". - "Mas que dirão os outros de mim? Compreendo que o que me mandas é bom, mas queres que eu pareça a empregada das outras? Se as minhas amigas fizessem o mesmo, eu também o faria".

Ó louca! Como vives, com o mundo ou com Deus? Depois, ireis a Deus, dizendo: - "Paga-me". E o Senhor te dirá: - "Os serviços que me prestastes, Eu vo-los pagarei, mas os que andastes prestando ao meu inimigo, como quereis que vo-los pague?"

É difícil encontrar quem ande só. E se é para ir só, então é melhor ir por onde foi Jesus Cristo. Não pelas pompas, jóias ou brocados, embora por aí sigam muitos reis. Não ousarás ir de mãos dadas com Jesus Cristo por onde Ele foi? É impossível que quem abriu uma conta com o mundo tenha outra aberta com Deus. Ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6, 24 e Lc 16, 13). Quem é amigo deste mundo por isso mesmo tornou-se inimigo de Deus. O medroso diz: - "Dirão que sou um hipócrita!" Deves procurar a Deus com decisão, aconteça o que acontecer. Cortem-lhe a cabeça, que nem assim o abandonarei. 

Disse Jesus Cristo: O que vos é dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados (Mt 10, 27). É com esta condição que Deus te dá a conhecer a verdade: que digas em público o que te disseram em segredo. Gostaríeis de ser como aqueles de quem fala São Paulo que retêm a verdade na injustiça? (Rom 1, 18). Quem tem a verdade e não a confessa nem se comporta de acordo com ela está prendendo a verdade na injustiça. Onde está o rei dos judeus? Nós já o conhecemos. Devemos professar esta verdade custe o que custar. Vede como é o mundo: os reis magos vêm de longe à procura do Salvador, e os que estão na terra d'Ele nem se dão conta da Sua presença. 

Livro: O mistério do Natal, São João de Ávila.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Por que numa manjedoura?


Por São João de Ávila, Sermão de Natal.
Pregado no dia de Santo Estevão (26 de dezembro)

E o reclinou numa manjedoura (Lc 2, 7).

Por que numa manjedoura? Precisamos da luz de Deus para compreendê-lo. 

Minha Mãe, mais terna que todas as mães, por que tiraste o Menino dos Vossos braços e O colocaste na manjedoura? Não vês que aí não há almofadas? Senhora, não estava mais quente e mais aconchegante nos Vossos braços do que na dura manjedoura? Então por que O colocaste aí? Porque não havia lugar para eles na estalagem (Lc 2, 7). Que condenação das minhas riquezas, dos meus prazeres e dos meus desvarios! 
 
Senhor, Vós que dais morada aos homens e ninhos às aves, Vós que a todos recebeis, não tendes um lugar para Vós mesmo? Se não havia lugar na hospedaria, não haveria lugar no Vosso regaço, Senhora? Vós valeis mais que os palácios, que os homens e os anjos; mais contente está Ele nos Vossos braços do que em palácios ou mesmo nos céus. Não havia lugar no Vosso colo? Dizei-nos, pelo amor que tens ao Vosso Filho, por que O tirastes do Vosso regaço e O colocaste na manjedoura.

Grave-se isto nos vossos corações: tudo o que a Virgem Maria fez com o Seu Filho foi por graça e iluminação do Espírito Santo. Assim como o concebeu pelo Espírito Santo, assim também aprendeu d'Ele a cuidar do Seu Filho. Essa mesma graça nos é necessária, tanto para que Cristo entre nas nossas almas como para que possamos conservá-lO e não O percamos. Mas continuamos a perguntar: Senhora, por que o tiraste dos Vossos braços e O colocaste na manjedoura? 

Para me curar. 

O próprio Filho, pela ação do Espírito Santo, A inspirou a colocá-lO na manjedoura. E já que foi Ele quem A inspirou, perguntemos-Lhe: - "Por que quereis, Menino, sair dos braços da Vossa Mãe e colocar-Vos na manjedoura?" - "Para dar uma grande bofetada na vossa tibieza e frouxidão!"

Não o fez sem causa, e praza a Deus que, tendo agido assim, alcance de nós o que deseja. - "Senhor, por que na manjedoura?" - "Porque Adão, ao pecar, foi jogado no lugar dos animais. O homem que vive da opulência e não reflete é semelhante ao gado que se abate (Sl 48, 21)". Seu criou este mundo para os animais e o paraíso terrestre para os homens. Adão pecou, e por isso vive no lugar dos animais. E porque este Menino veio pagar o mal que Adão cometera, sai do lugar onde estava tão feliz, o ventre de Sua Mãe bendita, e é desterrado para o lugar dos animais. 

Dizei-me: há lugar mais desprezível para um recém-nascido do que uma manjedoura e, depois de crescido, do que uma cruz? Senhor, sabíeis que o homem tem o coração empedernido, e por isso o Alto teve de descer tão baixo, a fim de dizer aos homens que eles se enganam ao procurar riquezas, honras e deleites na terra: "Ou Cristo está enganado" - diz São Bernardo - "ou os homens mentem e se enganam com as suas riquezas e deleites. Ora, é impossível que Cristo se engane, mas os homens enganam-se facilmente"* .

Como podes, homem regalado, continuar a viver entre molícies e deleites, vendo Cristo numa manjedoura?Não te envergonhas, tu que só buscas honrarias? Como podes suportá-lo? Se te lembrares de que Cristo está numa manjedoura, não sentirás vergonha de tanto te enalteceres neste mundo? Ele é o Filho muito amado de Deus Pai, mas quando nasce é numa manjedoura, quando morre é numa cruz! 

In Nativ. Domini sermo, 3, 1; ML 183, 123.

Livro: O Mistério do Natal, São João de Ávila.