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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Dom Athanasius Schneider: o Vaticano está traindo ‘Jesus Cristo como o único Salvador da humanidade’.


Por LifeSiteNews, Roma, 26 de agosto de 2019 | Tradução: Hélio Dias Vian – FratresInUnum.com – A decisão do Vaticano de implementar um documento afirmando que a “diversidade de religiões” é “desejada por Deus”, sem corrigir esta declaração, equivale a “promover a negligência do primeiro mandamento” e a uma “traição ao Evangelho”, disse Dom Athanasius Schneider.
 
Em entrevista exclusiva ao LifeSiteNews sobre uma iniciativa apoiada pelo Vaticano para promover o “Documento sobre Fraternidade Humana pela Paz Mundial e Viver Juntos”, o  Bispo-auxiliar de Astana, no Cazaquistão, disse que “por mais nobres que possam ser os objetivos de ‘fraternidade humana’ e ‘paz mundial’, elas não podem ser promovidas à custa de relativizar a verdade da unicidade de Jesus Cristo e Sua Igreja”.
A divulgação desse documento nesta forma incorreta “paralisará a missão ad gentes da Igreja” e “sufocará seu zelo ardente de evangelizar todos os homens”, disse Dom Schneider. E acrescentou: “As tentativas de paz estão fadadas ao fracasso se não forem propostas em nome de Jesus Cristo”.
Um “Comitê Superior”
Na semana passada, o Vaticano anunciou que havia sido estabelecido nos Emirados Árabes Unidos um “Comitê Superior” de várias religiões para implementar o “Documento sobre Fraternidade Humana pela Paz Mundial e Viver Juntos”, assinado pelo Papa Francisco em 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi, juntamente com Ahmad el-Tayeb, grão-imã al-Azhar, durante uma visita apostólica de três dias à Península Arábica.
Os membros da comissão de sete membros (católicos e muçulmanos) incluem o secretário pessoal do Papa Francisco, Pe. Yoannis Lahzi Gaid, e o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Interreligioso, arcebispo Miguel Angel Ayuso Giuxot.
Em comunicado divulgado na segunda-feira, 26 de agosto, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que o Papa Francisco “encoraja os esforços do Comitê para difundir o conhecimento do Documento; agradece aos Emirados Árabes Unidos pelo compromisso concreto demonstrado em nome da fraternidade humana e expressa a esperança de que iniciativas semelhantes possam surgir em todo o mundo”.
Documento controvertido
O documento de Abu Dhabi gerou polêmica ao afirmar que “o pluralismo e a diversidade” de religiões são “desejados por Deus”.
A passagem que suscita controvérsia diz:
“A liberdade é um direito de toda pessoa: todo indivíduo desfruta da liberdade de crença, pensamento, expressão e ação. O pluralismo e a diversidade de religiões, cor, sexo, raça e linguagem são desejados por Deus em Sua sabedoria, através da qual Ele criou seres humanos. Essa sabedoria divina é a fonte da qual deriva o direito à liberdade de crença e a liberdade de ser diferente. Portanto, o fato de as pessoas serem forçadas a aderir a uma determinada religião ou cultura deve ser rejeitado, assim como a imposição de um modo de vida cultural que outras pessoas não aceitam.”
Em 1º de março de 2019, durante uma visita ad limina dos bispos da Ásia Central a Roma, Dom Schneider, cuja diocese está localizada em uma nação predominantemente muçulmana, expressou preocupação com essa formulação ao Papa Francisco. O Papa disse que a frase em questão sobre a “diversidade de religiões” significava “a vontade permissiva de Deus”, e deu permissão explícita a Dom Schneider e aos outros bispos presentes para citar suas palavras.
Dom Schneider, por sua vez, pediu ao Papa que esclarecesse a declaração de maneira oficial.
O Papa Francisco apareceu para oferecer um esclarecimento informal em sua audiência geral de quarta-feira, 3 de abril de 2019, mas nenhum esclarecimento ou correção oficial ao texto foi dado até o momento.
Nesta entrevista exclusiva, Dom Schneider revela novos detalhes sobre sua interlocução direta com o Santo Padre na reunião de 1º de março. Ele também discute suas opiniões sobre o esclarecimento informal do Papa na audiência geral de 3 de abril e a gravidade do estabelecimento de um “Comitê Superior” para implementar o documento de Abu Dhabi na ausência de uma correção oficial da passagem controversa.
Segundo Dom Schneider, ao impulsionar o documento de Abu Dhabi sem corrigir sua afirmação errônea sobre a diversidade das religiões, “os homens da Igreja não apenas traem Jesus Cristo como o único Salvador da humanidade e a necessidade de Sua Igreja para a salvação eterna, mas também cometem uma grande injustiça e pecam contra o amor ao próximo”.