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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Missa Tridentina no Ceará - Única paróquia com missa em latim em Fortaleza atrai curiosidade de público jovem



Nota do Blog: A Santa Missa Tridentina foi esse mês assunto no site Tribuna do Ceará. Postamos aqui abaixo a matéria não pelo seu teor litúrgico ou doutrinal, mas por nos mostrar que a visibilidade da Liturgia Tradicional da Igreja só vem aumentando mais e mais após o Summorum Pontificum do Santo Padre Bento XVI no ano de 2007. Tudo para a maior Gloria de Deus e salvação das almas. 

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A Paróquia São João Batista, do bairro São João do Tauape, há sete anos celebra missas em latim aos domingos. Segundo a igreja, o canto gregoriano tem atraído jovens

In nomine Pátris, et Fílii, et Spíritus Sáncti. Amem.

Não estranhe a frase acima. Num resgate de costumes antigos e tradicionais da Igreja Católica, a Paróquia São João Batista, do bairro São João do Tauape, em Fortaleza, há sete anos celebra missas em latim. A igreja é a única com esse tipo de celebração na capital.

Segundo a secretaria da paróquia, o retorno da tradição, regra no começo do século XX até meados da década de 1960, surgiu a partir do pedido de alguns fiéis que frequentam a igreja. Sobretudo por conta da beleza da solenidade, principalmente o canto gregoriano.

O que vem chamando a atenção, de acordo com a secretaria, é o grande número de jovens que frequentam a missa, visto que esse tipo de celebração só era conhecido às pessoas de mais idade. “Eles se sentem atraídos principalmente pelos cantos gregorianos, típicos de uma missa tridentina, e que não são comuns em missas normais”, indica.

Diferentemente dos antigos costumes, na missa rezada no Paróquia São João Batista o padre fica de frente para os fiéis e a missa não é rezada toda em latim: leituras, evangelho e liturgia são falados em português. A missa, como qualquer outra, tem duração de uma hora.

Os padres que celebram a missa variam de faixa etária. Uns mais velhos, como Dom Adalberto, de 96 anos, outros com até 35 anos. O idioma foi aprendido por eles por meio do Missal, o livro da missa.
Retorno das tradições

As missas até a década de 1960 eram todas rezadas em latim, onde o padre ficava de frente para o altar, de costas para os fiéis. Apenas membros do clero podiam comandar a celebração. Como o Concílio Vaticano II, uma série de conferências sobre a modernização da Igreja, realizadas em Roma entre 1962 e 1965, as missas puderam ser rezadas na língua de cada país. Homens e mulheres leigos também passaram a ajudar na celebração.

Em 2007, o Papa Bento XVI colocou em vigência o Motu Próprio, carta apostólica que permite aos sacerdotes a celebração da Santa Missa em latim, se assim for pedida por cristãos católicos. Com o Motu Próprio, os fiéis podem pedir a missa Tridentina ao padre de uma paróquia sem a necessidade de se dirigir antes a um bispo.
Ah, ficou curioso sobre o significado da primeira frase deste texto? “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.

SERVIÇO
Missa em latim na Paróquia São João Batista
Endereço:
Rua Capitão Gustavo, 3940 – São João do Tauape
Horários:
Domingos, às 10h.
Telefone:
(85) 3257-6797


domingo, 26 de abril de 2015

Terceiro Domingo depois da Páscoa - Por Santo Afonso Maria de Ligório



O pensamento da eternidade.

Cogitavi dies antiquos, et annos aeternos in mente habui — “Pensei nos dias antigos, e tive na mente os anos eternos” (Ps. 76, 6).

Sumário. Feliz de quem vive tendo sempre em mira a eternidade e pensa que em breve o paraíso ou o inferno será a morada de sua alma! Este pensamento infundiu a milhões de mártires a coragem para darem a sua vida por Jesus Cristo; fez tantos jovens, mesmo príncipes e reis, encerrarem-se nos claustros. Quanto mais eficaz não será, pois, para nos desprender dos miseráveis bens da terra e fazer-nos carregar com paciência as cruzes que Deus nos envia? Quem pensa na eternidade e não se converte a Deus, perdeu ou o juízo ou a fé.


I. O pensamento da eternidade é chamado por Santo Agostinho o grande pensamento: Magna cogitatio. Este pensamento fez com que todos os tesouros e grandezas da terra se afigurassem aos santos como que palhas, lodo, fumo e monturo. Este pensamento inspirou tantos anacoretas a retirarem-se para desertos e grutas, tantos jovens nobres e mesmo reis e príncipes reinantes a encerrarem-se nos claustros. Este pensamento deu a tantos mártires coragem para sofrer os cavaletes, as unhas de ferro, as grelhas em brasa e a morte pelo fogo.

Não, não é para esta terra que fomos criados; o fim para o qual Deus nos pôs neste mundo, é que pelas nossas boas obras mereçamos possuir a vida eterna: Finem vero, vitam aeternam (1) — “E por fim a vida eterna”. Pelo que Santo Euquério disse que o único negócio em que devemos cuidar na vida presente , é a eternidade. Se assegurarmos este negócio, seremos felizes para sempre; se o errarmos, seremos para sempre infelizes.

Feliz de quem vive tendo sempre em mira a eternidade, pela fé viva que dentro em breve tem de morrer e entrar na eternidade! Iustus ex fide vivit (2) — “O justo vive pela fé”. A fé faz o justo viver na graça de Deus, dá vida à alma desprendendo-a dos afetos terrenos, e lembrando-lhe os bens eternos que Deus promete aos que O amam. — Dizia Santa Teresa que todos os pecados provêem da falta de fé. Pelo que, a fim de vencermos as paixões e as tentações, é mister que freqüentemente avivemos a nossa fé, dizendo: Credo vitam aeternam — “Creio na vida eterna”. Creio que depois desta vida, que em breve acabará para mim, há a vida eterna, ou cheia de gozos ou cheia de sofrimentos, uma das quais me tocará segundo os meus méritos ou deméritos. Costumava por isso Santo Agostinho dizer que o que crê na eternidade e não se converte a Deus, perdeu o juízo ou a fé.

II. “Ai dos pecadores”, exclama São Cesário, “ai daqueles que entram na eternidade sem a terem conhecido, por não terem querido pensar nela! Ó infelizes! Para eles a porta do inferno se abrirá para os deixar entrar, não para os deixar sair.” Santa Teresa repetia às suas religiosas: Minhas filhas, uma alma, uma eternidade! Queria dizer: Minhas filhas, temos uma só alma; perdida esta, tudo está perdido; e perdida esta uma vez, está perdida para sempre. Numa palavra, de nosso último suspiro na hora da morte dependerá, se seremos felizes para sempre, ou para sempre em desespero.

Roguemos, pois, ao Senhor, que nos aumente a fé: Domine, adauge fidem (3) — “Senhor, aumentai a minha fé”, porquanto, se não estivermos firmes na fé, tornar-nos-emos piores do que um Lutero ou um Calvino. Ao contrário, um vivo pensamento da eternidade que nos espera, pode fazer-nos santos. — Quando tivermos que sofrer alguma enfermidade ou perseguição, lembremo-nos do inferno, que temos merecido pelos nossos pecados. Desta maneira toda a cruz se nos afigurará leve, e daremos graças ao Senhor dizendo: Misericordiae Domini, quia non sumus consumpti (4) — “Misericórdias são do Senhor o não termos sido consumidos”. Digamos também com Davi: Se o Senhor não se tivesse compadecido de mim, estaria eu no inferno desde o dia em que O ofendi pelo pecado mortal (5). Eu já estava pedido, mas Vós, ó Deus de misericórdia, estendestes para mim a vossa mão e me tirastes do inferno: Tu autem eruisti animam meam, ut non periret (6) — “Tu livraste a minha alma para ela não perecer”.

Meu Deus, Vós sabeis quantas vezes tenho merecido o inferno; mas apesar disso, quereis que tenha confiança, e quero esperar em Vós. Os meus pecados me atemorizam, mas a vossa morte e a promessa de perdoardes a quem se arrepende inspiram-me confiança. Nos tempos passados Vos desprezei, mas agora amo-Vos sobre todas as coisas e detesto mais que todos os outros males, o ter-Vos ofendido. Meu Jesus, tende piedade de mim; Maria, Mãe de Deus, intercedei por mim. “Ó Deus, que com a luz da vossa verdade iluminais aos que erram, para que possam tornar ao caminho da justiça, concedei a todos os cristãos, que rejeitem quanto se opõe à santidade deste nome, e sigam quanto com ele se conforma” (7).

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1. Rom. 6, 22.
2. Gal. 3, 11.
3. Luc. 17, 5.
4. Thren. 3, 22.
5. Ps. 93, 17.
6. Is. 38, 17
7. Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 54-57.)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Cardeal Piacenza: Esta é a estratégia do demônio e do "mundo" contra a Igreja



Por Walter Sánchez Silva


Cardeal Mauro Piacenza. Foto:
 Penitenciaria Mor Santa Igreja Romana.
 ROMA, 16 Abr. 15 - (ACI).- Durante o curso para exorcistas que está sendo realizado em Roma esta semana, o Cardeal italiano Mauro Piacenza explicou a estratégia que o demônio e o mundo usam contra a Igreja.

Na introdução do curso promovido pelo Instituto Sacerdos, entre os dias 13 e 18 de abril na Universidade Europeia de Roma, o Penitenciário Mor da Igreja Romana explicou que “os meios operados pelo demônio para resistir à onipotência de Nosso Senhor Jesus Cristo se evidenciam como os mesmos meios que o ‘mundo’ usa contra a Igreja há dois mil anos”.

No texto enviado ao grupo ACI, o Cardeal assinala alguns destes meios: “o silêncio diante das exigências da verdade, da justiça e da infinita misericórdia de Deus, quando estas não são relativizadas, negadas, ofendidas ou distorcidas, reivindicar de modo irresponsável direitos inexistentes seja em relação à ordem da natureza, seja em relação à graça”.

O Cardeal italiano disse ainda que outros meios são “atacar com a mentira os filhos de Deus e, de modo particular os pastores da Igreja, tentando debilitar o anúncio luminoso da verdade da criação e da salvação, justificando-se com um falso ‘respeito humano’, empunhado como escudo contra o poder purificador da oração, da verdade da Encarnação do Verbo e a exigência de recapitular todas as coisas em Cristo”.

O Penitenciário Mor da Igreja afirmou que “uma boa batalha da fé, que vê no ministério do exorcismo um âmbito de particular intensidade, realiza-se vivendo em austeridade e amor, sabendo que Satanás é o ‘inimigo do gênero humano’ para que desta maneira possamos servir a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, com a gratidão e a certeza próprias do povo dos redimidos”.

Sobre a divisão no mundo por causa do pecado, o Cardeal italiano disse que isso atualmente se translada em “termos de desorientação doutrinal e moral, comprometendo assim o destino eterno das pessoas” o que “é visível e portando ‘identificável’ justamente no ministério do sacerdote exorcista quando, especialmente no caso da possessão, o demônio mostra a própria deliberada e ‘irretratável’ vontade de matar ou possuir, de enganar e roubar, de humilhar e ofender”.

O Cardeal Piacenza afirma deste modo que a divisão que se origina no mal também podemos ver claramente no mundo ocidental secularizado “em todos os ambientes e níveis sociais” inclusive “dentro de um grupo eclesial”, algo que “goza de todo o apoio de vários e poderosos meios de comunicação que geram, sem nenhuma restrição, uma cultura mais anti-humana e portanto profundamente anticristã”.

O pecado e o mal, explicou, são “obra do diabo, é mortífero e degradante da natureza humana. Ocasiona a separação do ser humano com Deus. É a divisão na qual o demônio ‘homicida desde o começo (...) mentiroso e pai da mentira’ ingressou irremediavelmente, idolatrando-se e afirmando-se desesperadamente contra o Deus Absoluto e a Sua santíssima vontade”.

Com essa divisão o ser humano, “é subtraído do poder unificador da verdade, separado da verdade fundamental do seu próprio ser: em sua relação com Deus criador e redentor. Fazendo que o homem seja escravo destas pequenas realidades que, em comunhão com Deus, está convidado a governar e a orientar ao serviço do Reino de Deus”.

Depois de exortar os sacerdotes, especialmente os exorcistas, a viver uma intensa vida de oração a exemplo da Virgem Maria, tendo como centro o mistério da Eucaristia e a Reconciliação, o Cardeal se referiu à postura de muitos cristãos que acreditam que podem alcançar a salvação de distintos modos. O purpurado disse a respeito disto que “Deus nosso Pai não pensou em Cristo como um ‘redentor facultativo’ quase opcional, senão (...) como um salvador substancial e insubstituível. O Plano de Deus criador não é esquizofrênico: tudo está unificado em Cristo, em quem subsiste todas as coisas”.

“Jesus é então o Salvador indispensável para todos os homens sem exceção”, concluiu.