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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Homilia de Conclusão do Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização


Santa Missa: Conclusão do Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização
Basílica Vaticana
Domingo, 28 de Outubro de 2012
 

Venerados Irmãos,
Ilustres Senhores e Senhoras,
Amados irmãos e irmãs!

O milagre da cura do cego Bartimeu ocupa uma posição significativa na estrutura do Evangelho de Marcos. De fato, está colocado no fim da seção designada «viagem para Jerusalém», isto é, a última peregrinação de Jesus para a Cidade Santa, para a Páscoa em que, como Ele sabe, O aguardam a paixão, a morte e a ressurreição. Para subir a Jerusalém a partir do vale do Jordão, Jesus passa por Jericó, e o encontro com Bartimeu tem lugar à saída da cidade, «quando – observa o evangelista – [Jesus] ia a sair de Jericó com os seus discípulos e uma grande multidão» (10, 46), a mesma multidão que, dali a pouco, aclamará Jesus como Messias na sua entrada em Jerusalém. Precisamente na estrada estava sentado a mendigar Bartimeu, cujo nome significa «filho de Timeu», como diz o próprio evangelista. Todo o Evangelho de Marcos é um itinerário de fé, que se desenvolve gradualmente na escola de Jesus. Os discípulos são os primeiros atores deste percurso de descoberta, mas há ainda outros personagens que desempenham papel importante, e Bartimeu é um deles. A sua cura prodigiosa é a última que Jesus realiza antes da sua paixão, e não é por acaso que se trata da cura dum cego, isto é, duma pessoa cujos olhos perderam a luz. A partir de outros textos, sabemos também que a condição de cegueira tem um significado denso nos Evangelhos. Representa o homem que tem necessidade da luz de Deus – a luz da fé – para conhecer verdadeiramente a realidade e caminhar pela estrada da vida. Condição essencial é reconhecer-se cego, necessitado desta luz; caso contrário, permanece-se cego para sempre (cf. Jo 9, 39-41).

Situado naquele ponto estratégico da narração de Marcos, Bartimeu é apresentado como modelo. Ele não é cego de nascença, mas perdeu a vista: é o homem que perdeu a luz e está ciente disso, mas não perdeu a esperança, sabe agarrar a possibilidade deste encontro com Jesus e confia-se a Ele para ser curado. Na realidade, ouvindo dizer que o Mestre passa pela sua estrada, grita: «Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!» (Mc 10, 47), e repete-o vigorosamente (v. 48) E quando Jesus o chama e lhe pergunta que quer d’Ele, responde: «Mestre, que eu veja!» (v. 51). Bartimeu representa o homem que reconhece o seu mal, e grita ao Senhor com a confiança de ser curado. A sua imploração, simples e sincera, é exemplar, tendo entrado na tradição da oração cristã da mesma forma que a súplica do publicano no templo: «Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador» (Lc 18, 13). No encontro com Cristo, vivido com fé, Bartimeu readquire a luz que havia perdido e, com ela, a plenitude da sua própria dignidade: põe-se de pé e retoma o caminho, que desde então tem um guia, Jesus, e uma estrada, a mesma que Jesus percorre. O evangelista não nos diz mais nada de Bartimeu, mas nele mostra-nos quem é o discípulo: aquele que, com a luz da fé, segue Jesus «pelo caminho» (v. 52).

Num dos seus escritos, Santo Agostinho observa um particular acerca da figura de Bartimeu, que pode ser interessante e significativo também hoje para nós. O santo Bispo de Hipona reflete sobre o fato de Marcos referir, neste caso, não só o nome da pessoa que é curada, mas também de seu pai, e chega à conclusão de que «Bartimeu, filho de Timeu, era um personagem decaído duma situação de grande prosperidade, e a sua condição de miséria devia ser universalmente conhecida e de domínio público, enquanto não era apenas cego, mas um mendigo que estava sentado na berma da estrada. Por esta razão, Marcos não o quis recordar só a ele, porque o fato de ter recuperado a vista conferiu ao milagre tão grande ressonância como grande era a fama da desventura que atingira o cego» (O consenso dos evangelistas, 2, 65, 125: PL 34, 1138) . Assim escreve Santo Agostinho!
 
Esta interpretação de Bartimeu como pessoa decaída duma condição de «grande prosperidade» é sugestiva, convidando-nos a refletir sobre o fato que há riquezas preciosas na nossa vida que podemos perder e que não são materiais. Nesta perspectiva, Bartimeu poderia representar aqueles que vivem em regiões de antiga evangelização, onde a luz da fé se debilitou, e se afastaram de Deus, deixando de O considerarem relevante na própria vida: são pessoas que deste modo perderam uma grande riqueza, «decaíram» duma alta dignidade – não econômica ou de poder terreno, mas a dignidade cristã –, perderam a orientação segura e firme da vida e tornaram-se, muitas vezes inconscientemente, mendigos do sentido da existência. São as inúmeras pessoas que precisam de uma nova evangelização, isto é, de um novo encontro com Jesus, o Cristo, o Filho de Deus (cf. Mc 1, 1), que pode voltar a abrir os seus olhos e ensinar-lhes a estrada. É significativo que, no momento em que concluímos a Assembleia Sinodal sobre a Nova Evangelização, a Liturgia nos proponha o Evangelho de Bartimeu. Esta Palavra de Deus tem algo a dizer de modo particular a nós que nestes dias nos debruçamos sobre a urgência de anunciar novamente Cristo onde a luz da fé se debilitou, onde o fogo de Deus, à semelhança dum fogo em brasas, pede para ser reavivado a fim de se tornar chama viva que dá luz e calor a toda a casa.

A nova evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja. Refere-se, em primeiro lugar, à pastoral ordinária que deve ser mais animada pelo fogo do Espírito a fim de incendiar os corações dos fiéis que frequentam regularmente a comunidade reunindo-se no dia do Senhor para se alimentarem da sua Palavra e do Pão de vida eterna. Aqui gostaria de sublinhar três linhas pastorais que emergiram do Sínodo. A primeira diz respeito aos Sacramentos da iniciação cristã. Foi reafirmada a necessidade de acompanhar, com uma catequese adequada, a preparação para o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia; e reiterou-se também a importância da Penitência, sacramento da misericórdia de Deus. É através deste itinerário sacramental que passa o chamamento do Senhor à santidade, que é dirigido a todos os cristãos. Na realidade, várias vezes se repetiu que os verdadeiros protagonistas da nova evangelização são os santos: eles falam, com o exemplo da vida e as obras da caridade, uma linguagem compreensível a todos.
 
Em segundo lugar, a nova evangelização está essencialmente ligada à missão ad gentes. A Igreja tem o dever de evangelizar, de anunciar a mensagem da salvação aos homens que ainda não conhecem Jesus Cristo. No decurso das próprias reflexões sinodais, foi sublinhado que há muitos ambientes em África, na Ásia e na Oceania, onde os habitantes aguardam com viva expectativa – às vezes sem estar plenamente conscientes disso – o primeiro anúncio do Evangelho. Por isso, é preciso pedir ao Espírito Santo que suscite na Igreja um renovado dinamismo missionário, cujos protagonistas sejam, de modo especial, os agentes pastorais e os fiéis leigos. A globalização provocou um notável deslocamento de populações, pelo que se impõe a necessidade do primeiro anúncio também nos países de antiga evangelização. Todos os homens têm o direito de conhecer Jesus Cristo e o seu Evangelho; e a isso corresponde o dever dos cristãos – de todos os cristãos: sacerdotes, religiosos e leigos – de anunciarem a Boa Nova.

Um terceiro aspecto diz respeito às pessoas batizadas que, porém, não vivem as exigências do Batismo. Durante os trabalhos sinodais, foi posto em evidência que estas pessoas se encontram em todos os continentes, especialmente nos países mais secularizados. A Igreja dedica-lhes uma atenção especial, para que encontrem de novo Jesus Cristo, redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na comunidade dos fiéis. Para além dos métodos tradicionais de pastoral, sempre válidos, a Igreja procura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia e amizade que se fundamenta em Deus que é Amor. Em várias partes do mundo, a Igreja já encetou este caminho de criatividade pastoral para se aproximar das pessoas afastadas ou à procura do sentido da vida, da felicidade e, em última instância, de Deus. Recordamos algumas missões urbanas importantes, o «Átrio dos Gentios», a missão continental, etc.. Não há dúvida que o Senhor, Bom Pastor, abençoará abundantemente estes esforços que nascem do zelo pela sua Pessoa e pelo seu Evangelho.
 
Queridos irmãos e irmãs, Bartimeu, uma vez obtida novamente a vista graças a Jesus, juntou-se à multidão dos discípulos, entre os quais havia seguramente outros que, como ele, foram curados pelo Mestre. Assim são os novos evangelizadores: pessoas que fizeram a experiência de ser curadas por Deus, através de Jesus Cristo. Eles têm como característica a alegria do coração, que diz com o Salmista: «O Senhor fez por nós grandes coisas; por isso, exultamos de alegria» (Sal 126/125, 3). Com jubilosa gratidão, hoje também nós nos dirigimos ao Senhor Jesus, Redemptor hominis e Lumen gentium, fazendo nossa uma oração de São Clemente de Alexandria: «Até agora errei na esperança de encontrar Deus, mas porque Vós me iluminais, ó Senhor, encontro Deus por meio de Vós, e de Vós recebo o Pai, torno-me herdeiro convosco, porque não Vos envergonhastes de me ter por irmão. Cancelemos, portanto, cancelemos o esquecimento da verdade, a ignorância; e, removendo as trevas que nos impedem de ver como a névoa nos olhos, contemplemos o verdadeiro Deus...; já que, sobre nós sepultados nas trevas e prisioneiros da sombra da morte, brilhou uma luz do céu [luz] mais pura que o sol, mais doce que a vida nesta terra » (Protrettico, 113, 2–114, 1). Amém.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fraternidade Sacerdotal São Pio X precisa de mais tempo de reflexão e estudo


2012-10-27 Rádio Vaticana

A Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei” declarou nesta sexta-feira que, na sua mais recente comunicação, a 6 de Setembro passado, a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X anunciou precisar de mais tempo de reflexão e de estudo para preparar a própria resposta às últimas iniciativas da Santa Sé. 

Recorde-se que o estado atual das discussões entre a Santa Sé e a essa Fraternidade sacerdotal é fruto de três anos de dialogo doutrinal e teológico, durante os quais uma comissão conjunta se reuniu oito vezes para estudar e debater, entre outras questões, alguns pontos controversos na interpretação de certos documentos do Concilio Vaticano II. Quando essa fase de dialogou doutrinal se concluiu foi possível proceder a uma fase de discussões centradas no desejo de reconciliação da Fraternidade sacerdotal São Pio X com a Sé de Pedro. 

Outros passos fundamentais neste processo positivo de gradual reintegração, foram empreendidos pela Santa Sé em 2007 mediante a extensão à Igreja Universal da forma extraordinária de Rito Romano e, em 2009, com a abolição das excomunhões. Foi só há alguns meses atrás que se chegou, nesta difícil caminhada, a um ponto fundamental, quando, a 13 de Junho passado, a Pontifícia Comissão apresentou à Fraternidade Sacerdotal de São Pio X uma declaração doutrinal juntamente com uma proposta para a normalização canônica da própria situação no seio da Igreja católica. 

A Santa Sé está atualmente à espera duma resposta oficial da parte dos Superiores da Fraternidade Sacerdotal sobre estes documentos.

Depois de trinta anos de separação, é compreensível que se tenha necessidade de tempo para assimilar o significado destas recentes evoluções. Enquanto o nosso Santo Padre procura promover e preservar a unidade da Igreja mediante a realização da reconciliação há muito esperada pela Fraternidade São Pio X com a Sé de Pedro – lê-se na Declaração da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei” – uma potente manifestação do Munus Petrinum à obra – são necessárias paciência, serenidade, perseverança e confiança. 

Eurodeputado Cristiano Magdi Allam suplica ao Papa para que acolha no seio da Igreja os muçulmanos convertidos.


Caro Papa, acolhei no Vaticano os muçulmanos convertidos a Jesus

Peço ao Papa que teve a coragem de conceder-me o batismo, vencendo o medo da vingança islâmica e a resistência interna da Igreja, de acolher-me junto com uma delegação de muçulmanos convertidos ao cristianismo na Europa e no mundo.

A ideia, que eu aceitei imediatamente com entusiasmo, é de Mohammed Christophe Bilek, franco-argelino que fundou a associação Notre Dame de Kabyla. Através do site www.notredamedekabylie.net, ele promove uma missão para a conversão dos muçulmanos ao cristianismo por meio de um diálogo baseado na certeza da nossa fé e na exortação constante de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15-18).

Embora o fenômeno esteja envolto na discrição, tornando, portanto, difícil dizê-lo com certeza, pode-se afirmar a partir de diversas fontes que seriam muitíssimos os muçulmanos que abraçam a fé de Jesus Cristo.

Em 2006, entrevistado pela [televisão] Al-Jazeera, o xeque Ahmad al-Qataani deu estes números: “A cada hora, 667 muçulmanos se convertem ao cristianismo. A cada dia, 16 mil muçulmanos se convertem ao cristianismo. A cada ano, 6 milhões de muçulmanos se convertem ao cristianismo”.

Falando ontem em Paris, Bilek disse que até na Arábia Saudita, berço do Islã e reduto dos dois principais lugares de culto islâmicos, haveria 120.000 muçulmanos convertidos ao cristianismo.

Os dados de 2008 indicam que os muçulmanos convertidos somavam 5 milhões no Sudão, 250 mil na Malásia, mais de 50 mil no Egito, de 25 a 40 mil no Marrocos, 50 mil no Irã, 5 mil no Iraque, 10 mil na Índia, 10 mil no Afeganistão, 15 mil no Cazaquistão e 30 mil no Uzbequistão.

Estive em Paris neste fim de semana, para pronunciar uma palestra intitulada “A Europa e suas raízes face ao acosso da cristianofobia”, organizada pelas associações Tradição Família e Propriedade, presidida por Xavier da Silveira, eChrétienté-Solidarité, fundada por Bernard Antony.
Era o dia depois do anúncio da atribuição do Prêmio Nobel da Paz à União Europeia. Que escândalo no momento em que a União Europeia está alinhada na Síria com os extremistas islâmicos que estão perpetrando ao pé da letra um genocídio contra os cristãos!

No fim da tarde, na praça em frente à igreja de Santo Agostinho, junto com um argelino berbere que também se converteu, participei de uma vigília de oração e solidariedade com os cristãos perseguidos.

Em meu discurso, ousei fazer esta previsão:
“Quanto mais eu vou adiante, mais eu olho em volta, mais eu valorizo tudo, mais eu estou convencido de que o futuro da civilização laica e liberal, da democracia e do Estado de Direito, vai depender de sua capacidade de tomar distâncias em relação ao Islã enquanto religião, sem discriminar os muçulmanos enquanto pessoas.”

“Eis por que eu fico cada vez mais convencido de que seremos salvos pelos cristãos que fugiram da perseguição islâmica. Só quem já experimentou pessoalmente a tirania islâmica saberá convencer o Ocidente sobre a verdade do Islã.”

“Aqueles que se mantiveram firmes na fé de Jesus Cristo derrotarão o Islã, salvarão o Cristianismo neste Ocidente descristianizado e salvarão nossa civilização. Obrigado, Jesus”.

E, imediatamente após a minha palestra, diante de 500 pessoas que testemunham a resistência do cristianismo, Bilek me fez o convite de promover uma associação que reúna os muçulmanos convertidos ao cristianismo em toda a Europa.

Para mim, a ideia de ser classificado de “ex”muçulmano verdadeiramente não me compraz. Sinto-me e quero ser considerado exclusivamente cristão, do mesmo modo que sou orgulhosamente italiano, embora de origem egípcia.

Mas faço meu o conteúdo da mensagem: é preciso dar à luz uma instituição que encoraje os muçulmanos a superarem o medo, para serem batizados publicamente, para viverem abertamente sua nova fé.

Nós dois estamos cientes de que o verdadeiro problema provém dos cristãos natos, porque eles são os primeiros a terem medo. São inúmeras as denúncias de muçulmanos que gostariam receber o batismo, mas que sofrem a recusa de padres católicos, que não querem violar as leis dos países islâmicos que proíbem e punem com prisão – e por vezes com a morte – tanto quem faz o trabalho de proselitismo como quem incorre no “crime” de apostasia. É paradoxal que enquanto as igrejas vão se esvaziando cada vez mais, a ponto de serem colocadas à venda e acabarem se transformando em mesquitas, a Igreja bloqueie a conversão de muçulmanos ao cristianismo.

É por isso que apelo ao Santo Padre: acolha no Vaticano aos convertidos ao cristianismo, a fim de enviar uma mensagem forte e clara a todos os pastores da Igreja em favor da evangelização dos muçulmanos. Serão eles que nos libertarão da ditadura do relativismo religioso que nos obriga a legitimar o Islã, que restaurarão entre nós a fé sólida na verdade em Cristo, e que salvarão nossa civilização laica e liberal que, gostemos ou não, está baseada no cristianismo.



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Meios "antigos" também servem para a Nova Evangelização, assegura Arcebispo de Los Ángeles

Arcebispo de Los Ángeles, Dom José Gómez.

ROMA, 22 Out. 12 / 10:20 am (ACI/EWTN Noticias).- O Arcebispo de Los Ángeles (Estados Unidos), Dom José Gómez, afirmou que a Nova Evangelização precisa chegar aos jovens, usando todos os meios disponíveis, tanto novos como antigos.
Em declarações ao grupo ACI em 18 de outubro, durante um descanso do Sínodo dos Bispos dedicado à Nova Evangelização, Dom Gómez disse que "é nossa missão pedir a Deus a graça para descobrir novas maneiras de chegar aos jovens. Precisamos usar todas as novas formas de comunicação, para que eles possam entender do que estamos falando".

O Arcebispo de Los Ángeles assinalou que a Nova Evangelização deve apresentar as verdades eternas com novas formas.

"As belas tradições, como a exposição do Santíssimo Sacramento, e o tempo de contemplação e meditação, são muito populares entre os jovens", indicou, por isso "temos que retornar a isso, para que eles possam sentir, também, quanto que a fé católica é importante para eles".

Os jovens são um aspecto importante da Nova Evangelização, que está dirigida a reintroduzir a fé a países antigamente cristãos.

Dom Gómez acredita que a Igreja pode obter isto adotando medidas enraizadas na oração.

"A primeira coisa que devemos fazer é rezar por eles, e então temos que ter novas e melhores formas de chegar a eles".

Dom Gómes indicou que em Los Ángeles, por exemplo, "temos congressos específicos em cada região da arquidiocese, e alguns deles tratam de apontar às pessoas jovens, para que eles possam vir, participar e ver quão formoso é conhecer a Cristo".
"Nós rezamos por eles, e confiamos suas necessidades (a Deus), e vemos que eles se emocionam pela fé católica".

Essa emoção está enraizada não em sentimentos, mas no descobrimento de que "a fé católica tem todas as respostas para todos os desafios desta sociedade", disse.

Esta descoberta, indicou Dom Gómez, deve impulsionar "um novo entusiasmo sobre a forma em que conhecemos e praticamos nossa fé".

Os Bispos no Sínodo dizem que os catequistas aprovados pela Igreja serão instrumentos para levar às pessoas a Cristo, e fazer um êxito a Nova Evangelização.

O Arcebispo de Los Ángeles expressou sua emoção ao informar que na semana passada presidiu uma Missa de boas vindas a 3000 novos catequistas certificados pela Igreja. Muitos destes são de língua espanhola que podem evangelizar em áreas da cidade onde moram latinos, que podem ser devotos e praticar piedades populares, mas necessitam instrução na fé.
Dom Gómez recordou que, tal como indicou em suas palavras no Sínodo, em 9 de outubro, "os ensinamentos da Igreja Católica não mudaram, a sociedade mudou".

Nessa ocasião, o Arcebispo de Los Ángeles disse que "precisamos encontrar a ‘linguagem’ que melhor apresente as formas tradicionais de santificação, os sacramentos, as orações, obras de caridade, em uma forma que seja atrativa e acessível às pessoas que vivem a realidade de uma sociedade globalizada, secular e urbana".

"Com nosso rico tesouro de espiritualidades católicas, e com nossas boas novas do ‘plano familiar’ de Deus para a história, possuímos recursos poderosos para nossa evangelização da cultura, no contexto da globalização e da crescente secularização em nossas sociedades".

domingo, 21 de outubro de 2012

A Igreja uruguaia declara excomunhão de políticos que votaram a favor da lei do aborto.


Bispos do Uruguai cumprem promessa e declaram excomunhão automática de políticos abortistas. “A vida não é algo que se possa decidir por maiorias e minorias. Se um católico vota (uma lei) com tal intenção manifesta, ele se afasta da comunhão da Igreja”.
  
Por Religión Digital | Tradução: Fratres in Unum.com – Os políticos uruguaios que votaram a favor da despenalização do aborto estão excomungados de forma “automática”, anunciou ontem o secretário da Conferência Episcopal do Uruguai (CEU), Monsenhor Heriberto Bodeant, que indicou que isso ocorria porque eles promoveram práticas “contrárias à vida”.


Para a Igreja, com a aprovação da lei, o Uruguai retrocedeu em matéria de valores humanos. Além disso, Bodeant disse que “a vida não é algo passível de plebiscito, que se possa decidir por maiorias e minorias”.

Portanto, a Igreja não participará da convocação para uma consulta popular, como promovem alguns legisladores do Partido Nacional. No entanto, se o mecanismo for ativado, tomarão uma posição, que poderá ser recomendar ou não a votar.

A Igreja manifestou também em comunicado sua “profunda dor e rechaço” à lei que despenaliza o aborto.

“Orgulhamo-nos de ser um dos primeiros países que aboliu a pena de morte; hoje nos entristecemos por ser o segundo país de América Latina a legalizar o aborto”, disse.

“A excomunhão automática é para quem colabora na execução de um aborto de maneira direta, e fazer este ato concreto é uma maneira direta (…) Se um católico vota (uma lei) com tal intenção manifesta, ele se afasta da comunhão da Igreja”, explicou Bodeant.

Quanto ao comportamento que a Igreja terá logo que o presidente José Mujica promulgar a lei, ele indicou que será o de anunciar a “valorização da vida”. “É um trabalho que aponta para o fortalecimento da lei escrita no coração de cada pessoa”, manifestou.

Legisladores da oposição e organizações sócias lançaram, na quinta-feira, uma comissão para analisar a melhor forma de revogar a norma que despenaliza o aborto até 12ª semana de gestação.
 
“Uma parte da sociedade não vai aceitar a lei e vamos trabalhar pelos mecanismos que contribuam para revogá-la”, disse o líder do opositor Partido Nacional, Carlos Iafigliola, um dos porta-vozes da Comissão Nacional Pró-Revogação da Lei do Aborto.

As possibilidades a serem analisadas pela comissão incluem a interposição de recursos de inconstitucionalidade da nova lei, apelar à Corte Interamericana de Justiça, alegando que a lei violenta o Pacto de San José de Costa Rica, e a coleta de assinaturas para convocar um referendum sobre a norma.

sábado, 20 de outubro de 2012

Os sete novos Santos que o Papa canonizará no dia 21 de outubro de 2012, na Praça de São Pedro





1) Giovanni Battista Piamarta (Brescia 1841-Remedello 1913), o sacerdote fundador da Congregação da Sagrada Família de Nazaré e da Congregação das Irmãs Humildes Servas do Senhor.

2) Giacomo Berthieu, mártir jesuíta nascido em Polminhac (França) em 1838 e morto em Ambiatibe (Madagascar) aos 8 de junho 
de 1896.

3) Pedro Calungsod, catequista filipino mártir, nascido em Ginatilan ou Naga de Cebu (Filipinas) em 1654 e morto em Guam no Arquipélago das Marianas aos 2 de abril de 1672. 

4) Caterina Tekakwitha, leiga, a primeira santa "pele-vermelha"; nascida em 1656, em Ossernenon (hoje Auriesville nos EUA). Faleceu com apenas 24 anos em Sault (Canadá) no dia 17 aprile de 1680. 

5) Anna Schäffer, alemã, leiga, nascida aos 18 de fevereiro de 1882 e falecida no dia 5 de outubro de 1925 em Mindelstetten (Alemanha). 

6) Maria Del Monte Carmelo (ou Maria Carmela Sallés y Barangueras), espanhola, fundadora da Congregação das Irmãs Concepcionistas Missionárias do Ensinamento , nascida em Vic (Espanha) no dia 9 de abril de 1848 e falecida em Madri aos 25 de julho de 1911. 

7) Maria Anna Cope, religiosa da Congregação das Irmãs da Ordem Terceira de São Francisco de Syracuse (Nova York), conhecida como «Madre Mariana de Molokai», nascida em Heppenheim (Alemanha) aos 23 de janeiro de 1838 e falecida entre os leprosos na ilha estado-unidense de Molokai no dia 9 agosto de 1918

Papa preside neste domingo, na praça de São Pedro, à canonização de sete novos santos

Bento XVI preside neste domingo, na praça de São Pedro, a canonização de sete Beatos, entre os quais a primeira santa indígena norte-americana, Kateri Tekakwitha, nascida em 1656 e falecida em 1680, no atual Canadá. Tekakwitha nasceu numa localidade dos EUA hoje denominada Auriesville, e foi beatificada por João Paulo II em junho de 1980.

Esta proclamação solene de novos santos, que desta vez tem lugar no Dia Mundial das Missões, é a décima celebração do género no atual pontificado. Bento XVI proclamou até agora 37 novos santos, incluindo o português Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável (em abril de 2009).

Entre os santos que serão proclamados amanhã estão dois mártires: Giacomo Berthieu, missionário jesuíta francês morto em Madagáscar em 1896, por não querer renunciar à sua fé; o catequista filipino Pedro Calungsod, assassinado em Guam em 1672 por um pai que se recusou a deixar o seu filho ser batizado.

Os outros novos santos são: - o padre italiano Giovanni Battista Piamarta (falecido em 1913); - a religiosa espanhola Maria Carmela Sallés y Barangueras (Maria del Monte Carmelo, morta em 1911); - a norte-americana Barbara Cope (Madre Marianne de Molokai, (falecida em 1918), que se dedicou aos leprosos; e - a leiga alemã Anna Schäffer (morta em 1925).

A cerimônia deste domingo vai decorrer pela primeira vez antes e não durante a missa, a que o Papa presidirá seguidamente.
O Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, pede em três momentos sucessivos que os sete beatos sejam inscritos no “álbum dos Santos”. Bento XVI profere, então, a fórmula de canonização, com a qual o estabelece que os novos santos “sejam devotamente honrados” em toda a Igreja. 

Nesta altura, são trazidas para junto ao altar as relíquias dos novos santos. O rito conclui quando o Papa responde positivamente à solicitação formulada pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos para que seja redigida a Carta Apostólica a respeito das canonizações que acabaram de ter lugar. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras


Da Carta aos romanos, de Santo Inácio, bispo e mártir
(Cap.4,1-2;6,1-8,3: Funk 1,217-223)
(Séc. I)

Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que moro por Deus com alegria, desde que vós não me impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus.

Nem as delícias do mundo nem os reinos terrestres são vantagens para mim. Mais me aproveita morrer em Cristo Jesus do que imperar até os confins da terra. Procuro-o, a ele que morreu por nós; quero-o, a ele que por nossa causa ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai-me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, eu, que tanto desejo ser de Deus. Não me entregueis ao mundo nem me fascineis com o que é material. Deixai-me contemplar a luz pura; quando lá chegar, serei homem. Concedei-me ser imitador da paixão de meu Deus. Se alguém o possui no coração, entenderá o que quero e terá compaixão de mim, sabendo quais os meus impedimentos.

O príncipe deste mundo deseja arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o ajude! Ponde-vos de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Não podeis dizer o nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo. Que a inveja não more em vós! Mesmo que eu em pessoa vos rogue, não me acrediteis; crede antes no que vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado, a matéria não me inflama, porque uma água viva e murmurante dentro de mim me diz em segredo: “Vem para o Pai”. Não sinto prazer com o alimento corruptível nem com os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi; e quero a bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível.
 
Não quero mais viver segundo os homens. Isto acontecerá se vós quiserdes. Rogo-vos que o queirais para alcançardes também vós a misericórdia. Com poucas palavras dirijo-me a vós; acreditai em mim! Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade; ele, a boca verdadeira pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós por mim, para que o consiga. Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus vos escrevi. Se for martirizado, vós me quisestes bem; se rejeitado, vós me odiastes.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Devemos conhecer o amor supereminente da ciência de Cristo


Das Cartas de Santa Margarida Maria Alacoque, virgem
(Vie et Oeuvres, 2; Paris [1915], 321.336.493.554) (Sec. XVII)

Parece me que a intenção de Nosso Senhor ao manifestar tão grande desejo de que o seu Sagrado Coração seja especialmente venerado, é renovar nas almas os efeitos da sua redenção. Na verdade, o Sagrado Coração é uma fonte inesgotável que não pretende senão comunicar se aos corações humildes, para que, mais livres e disponíveis, orientem a sua vida na entrega total à sua vontade.

Deste divino Coração brotam sem cessar três canais de graça. O primeiro é o da misericórdia para com os pecadores, sobre os quais infunde o espírito de contrição e de penitência. O segundo é o da caridade, para auxílio de quantos padecem tribulações e em especial dos que aspiram à perfeição, a fim de que superem todas as dificuldades. O terceiro é de amor e luz para os seus amigos perfeitos que deseja unir a Si para os tornar participantes da sua ciência e dos seus desígnios, a fim de que eles se consagrem inteiramente a promover a sua glória, cada um à sua maneira.

Este divino Coração é um abismo que encerra todos os bens e é preciso que os pobres Lhe confiem todas as suas necessidades. É abismo de alegria em que devem ficar submersas todas as nossas tristezas; é abismo de humildade contra o nosso orgulho; é abismo de misericórdia para os infelizes; é abismo de amor para saciar toda a nossa pobreza. Uni-vos intimamente, em tudo o que fizerdes, ao Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, para fazerdes vossas as suas disposições e a sua satisfação. Por exemplo: não adiantais nada na oração? Contentai vos com oferecer a Deus as preces que o divino Salvador eleva por nós no Sacramento do altar, oferecendo o seu fervor em reparação da vossa tibieza; e dizei em cada uma das vossas ações: «Meu Deus, faço isto ou sofro aquilo em união com o Sagrado Coração de vosso Filho e segundo as suas intenções; eu Vo-lo ofereço em reparação de todo o mal ou imperfeição das minhas obras». E de modo semelhante em todas as circunstâncias da vida. E sempre que vos sobrevém qualquer sofrimento, angústia ou mortificação, dizei no vosso interior: «Recebe o que o Sagrado Coração de Jesus te envia para te unir a Ele».
 
Acima de tudo, porém, conservai a paz de coração, que supera todos os tesouros. E o melhor meio de a conservar é renunciar à própria vontade e colocar a vontade do divino Coração em vez da nossa, para a deixar escolher por nós aquilo que mais pode contribuir para a sua glória.

O Deus desprezado

Padre Júlio Maria, C.SS.R.
O Deus desprezado, ano de edição 1932.

 Convençamo-nos os padres: não conseguiremos santificar os fiéis, converter os ímpios, regenerar as paróquias, exaltar o catolicismo no Brasil sem que o povo veja em nós amor efetivo a Jesus Cristo. 

Santo Afonso Maria de Ligório, homem que não só pelas suas virtudes, como também pelos seus talentos de teólogo e escritor, Soberanos Pontífices declararam suscitado por Deus para a regeneração de uma época, não julgava possível aos seus missionários a conversão das almas sem o amor do Santíssimo Sacramento, cuja devoção, que lhes tornou obrigatória, diz ele, de todas a mais agradável a Deus, a mais abundante em frutos, a mais prática em resultados. 

Não há uma só congregação, das que se destinam a salvação das almas pelo ensino e pregação, na qual o culto do Santíssimo Sacramento não seja considerado o meio eficacíssimo de dar ao seu apostolado zelo, fervor e unção.

Como pode nas nossas paróquias o clero secular, desarmado do recolhimento, da mortificação, das penitências, que fortificam os religiosos; e lhes são muito fáceis, levar a efeito a grande obra da salvação das almas sem o poderoso e soberano auxílio desse culto, de que os religiosos julgam não poder prescindir?!

Pergunta Faber: "Não é verdade que a alegria espiritual, o espírito de adoração, a simplicidade e o gosto da vida oculta são assim grandes necessidades da vida cristã em geral e especialmente eclesiástica? Pois estas graças brotam do culto do Santíssimo Sacramento como as mais belas flores do altar.”

Interpretai o conceito do grande teólogo; e compreendereis a sua extensão. Não é verdade que a tristeza, o zelo amargo, o espírito do mundo, a vaidade e a dissipação são os maiores obstáculos que temos de vencer se queremos corresponder à grandeza da nossa vocação?

Ora, com que Mestre poderemos aprender melhor a alegria espiritual, a doçura, o discernimento da profanidade, a humildade e o recolhimento do que com Jesus Cristo?

E onde Jesus Cristo nos aparece mais no apogeu da doçura, da renunciação do mundo do abatimento e da vida oculta do que no Santíssimo Sacramento?!
É impossível sairmos de diante do Tabernáculo, onde vemos Jesus Cristo, por amor, reduzido a mais completa pobreza; humilhado até a forma de um simples elemento, sem o desejo, quando mais não seja, de sermos menos ambiciosos, mais mortificados, menos cheios de vaidade e amor próprio?

O amor próprio, diz um mestre da espiritualidade, é o opróbrio, a vergonha, o cativeiro, a minoria, o ar corrompido da vida espiritual.

Ora, onde o nosso amor próprio pode encontrar melhor, exemplo, de mortificação do que nesse abatimento, nessa abjeção de Jesus Cristo Sacramentado?

Que magníficos insultos ao nosso orgulho!

Que eloquentes exprobrações às nossas suscetibilidades.

Que nítido espelho o Santíssimo Sacramento para todos nós mirarmos bem as rugas do nosso rosto sacerdotal!

Quando mesmo não fosse dever rigoroso do padre conviver o mais possível com o Santíssimo Sacramento; nunca o padre deverá renunciar tão fecundo meio de santificação; ele deverá ter sempre presente esta máxima de um santo: "o grande obstáculo ao progresso espiritual é não fazermos senão o que é de preceito, ou o que não ofende a Deus, abstendo-nos de tudo que podemos omitir sem pecado."

Que máxima! Quem na vida espiritual vive indagando a exata medida de suas obrigações para só dar a Deus aquilo que não Lhe pode recusar sem pecado está de fato bem inclinado a pecar. 
Que fluido tão sutil e facilmente evaporável a espiritualidade! Ninguém melhor o sabe do que o padre, acostumado pela própria experiência vê-la tão fortemente combatida por tudo que o cerca.

Inclinado por tantas influências do mundo exterior a facilmente dissipar-se, é lhe preciso, compreende-se, um ímã que a todo o instante a retenha e concentre. Todos os santos nos ensinam onde podemos encontrar este ímã. A oração mental, a leitura ascética, a mortificação do espírito ou do corpo são, sem dúvida, remédios para tão triste enfermidade da vida espiritual; mas o específico, dizem os santos, -  só o tato, a convivência com Jesus Cristo, não na ação transitória dos seus outros sacramentos, mas nesse que nos coloca face a face com Ele, no convívio da amizade que consola, na intimidade do colóquio que instrui, no aconchego das confidências que consola os pesares e esclarece as dúvidas.

Oh! o Santíssimo Sacramento é a devoção imprescindível do padre. O cristão que o despreza é o viandante imprudente que se lança nos atalhos sem o guia que conhece a estrada; mas o padre que o despreza é o naufrago temerário que recusa a tábua no oceano onde se debate contra as ondas e a tempestade!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Lembremo-nos sempre do amor de Cristo


Das Obras de Santa Teresa de Jesus, virgem
(Opusc. De librovitae, cap.22,6-7.14)
(Séc.XVI)

Com tão bom amigo presente, com tão esforçado chefe, tudo se pode sofrer. Serve de ajuda e dá reforço; a ninguém falta. É amigo verdadeiro. Sempre tenho visto claramente que, para contentarmos a Deus e para que nos faça ele mercês, quer que seja por intermédio desta humanidade sacratíssima, na qual declarou Sua Majestade ter posto suas complacências.

É o que muitíssimas vezes e muito bem tenho visto por experiência, e também mo disse o Senhor. Tenho compreendido claramente que por esta porta havemos de entrar, se quisermos que nos mostre grandes segredos a soberana Majestade. De modo que não se queira outro caminho, ainda que se esteja no cume da contemplação. Por aqui se vai seguro. É por meio deste Senhor nosso que nos vêm todos os bens. Ele ensinará o caminho: contemplemos sua vida, porque não há modelo melhor.

O que mais queremos, do que ter a nosso lado tão bom amigo, que não nos deixará nos trabalhos e nas tribulações, como fazem os amigos deste mundo? Bem-aventurado quem o amar de verdade e sempre o trouxer junto de si. Olhemos o glorioso São Paulo de cujos lábios, por assim dizer, não saía senão o nome de Jesus, tão bem gravado o tinha no coração. Desde que entendi isto, tenho considerado atentamente alguns santos, grandes contemplativos, tais como São Francisco, Santo Antônio de Pádua, São Bernardo, Santa Catarina de Sena. Com liberdade havemos de andar neste caminho, entregues às mãos de Deus. Se Sua Majestade quiser elevar-nos à categoria de seus íntimos e confidentes dos seus segredos, vamos de boa vontade.

Quando pensarmos em Cristo, sempre nos lembremos do amor com que nos concedeu tantas graças e da grande ternura que nos testemunhou em nos dar tal penhor do muito que nos ama, pois amor pede amor. Procuremos sempre ir considerando estas verdades e estimulando-nos a amar. Porque, uma vez que nos conceda o Senhor a graça de que este amor nos seja impresso no coração, tudo nos será mais fácil: faremos grandes coisas muito depressa e com pouco trabalho.