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terça-feira, 13 de março de 2012

Aproveitar a Bonança

Doença, dificuldades, aborrecimentos passageiros ou preocupações duradoiras... Os maus bocados são uma experiência comum, podem-se santificar?, São ocasião ou obstáculo na vida de um cristão?

S. Josemaria rezava uma oração:
"Meu Senhor e meu Deus : nas tuas mãos abandono o passado, o presente e o futuro, o pequeno e o grande, o pouco e o muito, o temporal e o eterno." 

Aproveitar a bonança
Agora, a maioria de vós sois jovens; atravessais essa etapa formidável de plenitude de vida, que transborda de energias. Mas o tempo passa e começa a notar-se inexoravelmente o desgaste físico; vêm depois as limitações da idade madura e, por último, os achaques da velhice. Aliás, qualquer de nós, em qualquer momento pode adoecer ou sofrer algum transtorno corporal.
Só se aproveitarmos com retidão - cristãmente - as épocas de bem-estar físico, os bons tempos, aceitaremos também com alegria sobrenatural os acontecimentos que habitualmente são considerados maus. Sem descer a demasiados pormenores, quero transmitir-vos a minha experiência pessoal. Quando estamos doentes, podemos ser impertinentes: não me atendem bem, ninguém se preocupa comigo, não me tratam como mereço, ninguém me compreende... O demônio, que anda sempre à espreita, ataca por qualquer flanco. E, na doença, a sua tática consiste em fomentar uma espécie de psicose que nos afaste de Deus, que azede o ambiente ou que destrua esse tesouro de méritos, que, para bem de todas as almas, se alcança quando aceitamos a dor com otimismo sobrenatural - com amor. Portanto, se é da vontade de Deus que nos atinja o aguilhão do sofrimento, aceitemo-lo como sinal de que nos considera maduros para nos associar mais estreitamente à sua cruz redentora.
Amigos de Deus, 124


Se se pode, evitá-los
Chapinhas nas tentações, pões-te em perigo, brincas com a vista e com a imaginação, falas de... disparates. E depois assustas-te por te assaltarem dúvidas, escrúpulos, confusões, tristeza e desalento.
Hás-de conceder-me que és pouco coerente.
Sulco, 132

Se a imaginação fervilha à volta de ti mesmo, cria situações ilusórias, composições de lugar que ordinariamente não encaixam no teu caminho, te distraem tolamente, te esfriam e te afastam da presença de Deus. - Vaidade...
Se a imaginação é acerca dos outros, facilmente cais no defeito de julgar (quando não tens essa missão) e interpretas de modo rasteiro e pouco objetivo o seu comportamento. - Juízos temerários...
Se a imaginação esvoaça sobre os teus próprios talentos e modos de dizer, ou sobre o clima de admiração que despertas nos outros, expões-te a perder a retidão de intenção, e a alimentar a soberba.
Geralmente, soltar a imaginação é uma perda de tempo, mas, além disso, quando não se domina, abre passo a um filão de tentações voluntárias.
- Não abandones nenhum dia a mortificação interior!
Sulco, 135 

Enfrentá-los com o Senhor
A alegria, o otimismo sobrenatural e humano, são compatíveis com o cansaço físico, com a dor, com as lágrimas - porque temos coração -, com as dificuldades na nossa vida interior ou na tarefa apostólica.

Ele, "perfectus Deus, perfectus homo", perfeito Deus e perfeito homem, que tinha toda a felicidade do Céu, quis experimentar a fadiga e o cansaço, o pranto e a dor..., para que percebermos que para ser sobrenaturais temos de ser muito humanos.
Forja,, 290
Olha o que me escreviam há tempos, e que recolhi pensando em alguns que ingenuamente consideram que a graça prescinde da natureza: "Padre: estou há alguns dias com uma preguiça e uma apatia tremendas para cumprir o plano de vida; faço tudo à força e com muito pouco espírito. Peça por mim para que passe depressa esta crise, que me faz sofrer muito pensando que pode desviar-me do caminho".
Limitei-me a responder: não sabias que o Amor exige sacrifício? Lê devagar as palavras do Mestre: "Quem não toma a sua Cruz “cotidie” - cada dia - não é digno de Mim". E mais adiante: "Não vos deixarei órfãos...". O Senhor permite essa tua aridez, que tão dura se te faz, para que O ames mais, para que confies só n'Ele, para que co-redimas com a Cruz, para que O encontres.
Sulco, 149

Comentavas-me, ainda indeciso: - Como se notam essas alturas em que Nosso Senhor me pede mais!
Só me veio à cabeça lembrar-te: - Asseguravas-me que só querias identificar-te com Ele, porque resistes então?
Forja, 288

- Dá-me, Jesus, Cruz sem cireneus. Digo mal: a tua graça, a tua ajuda faz-me falta, como para tudo; sê Tu o meu Cireneu. Contigo, meu Deus, não há provação que me assuste...
- Mas, e se a Cruz fosse o tédio, a tristeza? Digo-te, Senhor, que, Contigo, estaria alegremente triste.
Forja,252 

Zangas 
Serenidade. - Por que te zangas, se zangando-te ofendes a Deus, incomodas os outros, passas tu mesmo um mau bocado... e por fim tens de te acalmar?

Caminho, 8

Se alguém diz que não pode agüentar isto ou aquilo, que lhe é impossível calar-se, exagera para se justificar. É preciso pedir a Deus força para saber dominar o próprio capricho, graça para saber ter o domínio de si próprio, porque os perigos de uma zanga são estes: que se perca o controlo e as palavras se encham de amargura e cheguem a ofender e, ainda que talvez não se desejasse, a ferir e a causar mal.
É necessário aprender a calar, a esperar e a dizer as coisas de modo positivo, otimista. Quando ele se zanga, é o momento de ser ela especialmente paciente, até que chegue de novo a serenidade, e vice-versa. Se há afeto sincero e preocupação por aumentá-lo, é muito difícil que os dois se deixem dominar pelo mau humor na mesma altura...
Outra coisa muito importante: devemo-nos acostumar a pensar que nunca temos toda a razão. Pode-se dizer, inclusivamente, que, em assuntos desses, ordinariamente tão opináveis, quanto mais seguros estamos de ter toda a razão, tanto mais certo é que não a temos. Discorrendo deste modo, torna-se depois mais fácil retificar e, se for preciso, pedir perdão, que é a melhor maneira de acabar com uma zanga. Assim se chega à paz e à ternura. Não vos animo a discutir, mas é natural que discutamos alguma vez com aqueles de quem mais gostamos, porque são os que habitualmente vivem connosco. Não vamos zangar-nos com o Preste João das Índias... Portanto, essas pequenas zangas entre os esposos, se não são frequentes - e é preciso procurar que não o sejam -, não demonstram falta de amor e até podem ajudar a aumentá-lo.
Um último conselho: que nunca se zanguem diante dos filhos. Para consegui-lo, basta que se ponham de acordo com uma palavra determinada, com um olhar, com um gesto. Discutirão depois, com mais serenidade, se não forem capazes de evitá-lo. A paz conjugal deve ser o ambiente da família, porque é condição necessária para uma educação profunda e eficaz. Que os filhos vejam nos seus pais um exemplo de entrega, de amor sincero, de ajuda mútua, de compreensão, e que as ninharias da vida diária não lhes ocultem a realidade de um afeto que é capaz de superar seja o que for.
As vezes tomamo-nos demasiado a sério. Todos nos aborrecemos de quando em quando, umas vezes porque é necessário, outras porque nos falta espírito de mortificação. O que importa é demonstrar que esses aborrecimentos não quebram o afeto, restabelecendo a intimidade familiar com um sorriso.
Temas actuais do cristianismo, 108

A solução é amar. O Apóstolo S. João escreve umas palavras que me dizem muito: "qui autem timet, non est perfectus in caritate". Traduzo-o assim, quase literalmente: quem tem medo, não sabe amar.
- Portanto, tu, que tens amor e sabes querer, não podes ter medo de nada! Para a frente!
Forja, 260

Nunca estamos sós
«Necessito da tua ajuda: que nem o mais pequeno dos teus maus bocados seja estéril: oferece-o pela Obra. Que a tua oração e a tua vida toda –com uma particular Comunhão dos Santos– participe da oração e do viver dos nossos” 
Carta de S. Josemaria Escrivá a Alejandro de la Sota, Burgos 5-III-1938.

Vivei uma particular Comunhão dos Santos: e cada um sentirá, à hora da luta interior, e à hora do trabalho profissional, a alegria e a força de não estar só.
Caminho, 545

Hoje, pela primeira vez, tiveste a sensação de que tudo se torna mais simples, de que tudo se "descomplica": vês, finalmente, eliminados problemas que te preocupavam. E compreendes que estarão mais e melhor resolvidos, quanto mais te abandonares nos braços do teu Pai Deus.
- Por que esperas para te conduzir sempre - este tem de ser o motivo do teu viver! - como um filho de Deus?
Forja, 226

Dirige-te a Nossa Senhora - Mãe, Filha, Esposa de Deus, nossa Mãe - e pede-lhe que te obtenha da Trindade Santíssima mais graças: a graça da fé, da esperança, do amor, da contrição, para que, quando na vida parecer que sopra um vento forte, seco, capaz de murchar essas flores da alma, não murche as tuas... nem as dos teus irmãos.
Forja, 227

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